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Fortuna

Com músicas em árabe, francês, latim e judeu ladino, a cantora apresenta uma tradição musical que se estende por Síria, Espanha e Brasil

Publicado em 20/06/2018

Atualizado às 11:50 de 03/08/2018

Em 14 de julho, às 20h, no Itaú Cultural, em São Paulo, a cantora Fortuna traz ao palco uma viagem: sai de Alepo, na Síria, passa pela Espanha e chega ao Recife. Esse caminho é o de Novos Mares, seu álbum mais recente, e desenha no mapa o percurso dos judeus que migraram do Oriente Médio para a Península Ibérica, também chamados de sefarditas (de Sefarad – Espanha em hebraico), a partir do século XV.

Cantar esse percurso é, para Fortuna, cantar a sua origem: seu pai é original daquela cidade síria e, desde 1992, ela pesquisa essas tradições e as reelabora em novas criações. Novos Mares abrange canções populares e composições feitas pela artista. É, segundo ela, “um convite ao diálogo, à aproximação dos povos de diferentes culturas, religiões e etnias, por meio dessa linguagem universal chamada música”.

Novos Mares, assim, passeia por linguagens e sonoridades: é aberto por “Ah Ya Zein”, canção em árabe, proveniente de Alepo; continua com “Mon Amour”, em francês, língua falada, diz Fortuna, por todos os judeus que vieram do Oriente Médio; prossegue com músicas em hebraico, “Erev Shel Shoshanim”, “Kol Dodi” e “Shemá Koli”, as duas últimas baseadas em temas bíblicos; apresenta duas canções em latim, “Puer Natus” (que é um canto gregoriano, semelhante, segunda ela, à música cantada em sinagogas) e “Dona Nobis Pacem”, a qual mistura línguas para cantar a paz entre os povos.

Depois, Novos Mares chega a Sefarad. O bloco seguinte é cantado em judeu ladino – idioma dos judeus que se estabeleceram ali e “viveram em uma harmonia muito grande entre mouros e cristãos”. Dessa seção de cinco músicas, Fortuna destaca “Branca Dias”, que fecha o disco e relembra a senhora de engenho – nascida em 1515 e falecida em 1558 – que, explica a artista, conseguiu “semear os princípios da religião judaica – de forma secreta, porque em razão da Inquisição, que chegou a Recife, a prática dos judeus que vieram de Portugal e Espanha era feita escondida, o chamado criptojudaísmo”.

Ao longo da entrevista, transparece que o canto vem natural para Fortuna. Conforme ela conta as histórias, na sua fala despontam melodias, trechinhos que ilustram e dão vida às histórias sendo contadas. Dessa forma, ao pé do comentário sobre Branca Dias irrompem os versos, embelezando e concluindo o depoimento:

Ó, Branca, Branca Dias
Vem cá, vem cirandar
Brincar nessa ciranda
Pelas espumas do mar

Fortuna
sábado 14 de julho de 2018
às 20h
[duração aproximada: 70 minutos]
Sala Itaú Cultural (piso térreo) – 224 lugares

Entrada gratuita

distribuição de ingressos
público preferencial: uma hora antes do espetáculo | com direito a um acompanhante – ingressos liberados apenas na presença do preferencial e do acompanhante
público não preferencial: uma hora antes do espetáculo | um ingresso por pessoa

[livre para todos os públicos]

Clique aqui para saber mais sobre a distribuição de ingressos.

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