Huni Kuin: os Caminhos da Jiboia (video game) selecionado: Guilherme Pinho Meneses Já imaginou um video game que possibilita ao jogador...
Publicado em 01/07/2014
Atualizado às 20:55 de 02/08/2018
obra: Huni Kuin: os Caminhos da Jiboia (video game)
selecionado: Guilherme Pinho Meneses
Já imaginou um video game que possibilita ao jogador uma verdadeira imersão nas histórias, nos mitos, nos cantos, nos rituais e nos grafismos de um povo indígena? Pois é exatamente o que propõe o pesquisador Guilherme Pinho Meneses com o desenvolvimento do jogo eletrônico Huni Kuin: os Caminhos da Jiboia.
A ideia é promover o intercâmbio e a difusão de conhecimentos dos caxinauás – ou huni kuin, que constituem a maior população indígena do Acre (7.500 habitantes) e estão presentes também no Peru (2.500 habitantes) – por meio de uma linguagem interativa: o vide ogame.
Como isso será produzido? Criação coletiva é o termo-chave aqui. Além de Meneses, de outros pesquisadores e de uma equipe técnica, a participação dos próprios índios é fundamental na elaboração do jogo.
Em visitas às aldeias caxinauás, por exemplo, as histórias e os mitos serão escolhidos coletivamente. Nessas incursões, entre outras ações também será produzido conteúdo para a composição simbólica e visual das fases do game, como a gravação dos cantos tradicionais para os áudios.
Idealizador do projeto, Meneses é formado em ciências sociais e administração e já fez cursos de desenvolvimento de games. Atualmente, atua como pesquisador e cursa mestrado em antropologia social pela Universidade de São Paulo (USP).
O Jogo
Os protagonistas do game são um jovem caçador e uma pequena artesã. Eles são irmãos gêmeos e foram concebidos pela jiboia Yube em sonhos, herdando poderes especiais. Os personagens enfrentarão um longo percurso, repleto de obstáculos, com o objetivo de que, ao final, ele se torne um pajé e ela, uma mestra dos desenhos.
“Nesta jornada, eles adquirirão habilidades e conhecimentos de seus ancestrais, dos animais, das plantas e dos espíritos; entrarão em comunicação com os seres visíveis e invisíveis da floresta (yuxibu), para se tornar, enfim, seres humanos verdadeiros (huni kuin)”, descreve Meneses no projeto.
Toda a narração do game será no idioma utilizado pelo povo caxinauá, o hatxã kuin, com legendas em português, inglês e espanhol. Haverá também uma plataforma web com mais informações sobre os huni kuin e sobre o processo criativo que originou o jogo. Esta é uma forma de não sobrecarregar o game e, ao mesmo tempo, aproveitar o rico material de pesquisa que será coletado.