A peça “Meu Quintal É Maior do que o Mundo”, encenada nos dias 30 e 31 de março no Itaú Cultural, enfatiza o vínculo da atriz com os livros
Publicado em 28/03/2019
Atualizado às 12:36 de 28/03/2019
por Heloísa Iaconis
Há muito, desde a década de 1980, Cássia Kis se encanta com os versos de Manoel de Barros: da identificação com o poeta-caramujo surge o espetáculo Meu Quintal É Maior do que o Mundo, monólogo baseado na obra Memórias Inventadas (2006). A peça, vale dizer, está em cartaz nos dias 30 e 31 de março, no Itaú Cultural.
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Engana-se, porém, quem pensa que Manoel é a única ligação forte da atriz com o universo das letras. Cássia, pelo contrário, percorre páginas diversas, representantes de culturas várias: de criações nacionais a estrangeiras, a artista recomenda cinco títulos que, em seu parecer, são belíssimos. Confira abaixo as indicações.
Histórias das Mulheres no Brasil (2004), organização de Mary Del Priore
Escravas, operárias, sinhás, burguesas, donas de casa, professoras, boias-frias – tantas são as figuras femininas presentes nesse livro que, é bem verdade, se trata de um panorama da trajetória das brasileiras, do período colonial até o agora. Ganhadora de um Prêmio Jabuti, a obra, organizada pela historiadora Mary Del Priore, desfaz mitos e estimula debates. Na opinião de Cássia Kis, tem-se um volume para consultar sempre.
A Morada do Ser (2004), de Marina Colasanti
Tudo começou com um prédio: após desenhar um mapa imobiliário, a ficcionista se pôs a imaginar o que acontecia em cada apartamento. Onde existe uma televisão ligada? No andar tal há quantos moradores? Dessa forma, Marina Colasanti organiza desconfortos e solidões em um edifício. Amiga da autora, Cássia confessa que, por gostar demais dos contos, não empresta o seu exemplar não. Para ninguém.
De Amor e Trevas (2002), de Amós Oz
Em uma mescla de autobiografia e romance, o escritor reconstitui os caminhos de Israel no século XX, da diáspora à fundação do Estado. Falecido em dezembro de 2018, Amós Oz é a leitura atual de Cássia – que, aliás, conhece grande parte da produção do ensaísta.
Nação Crioula: Correspondência Secreta de Fradique Mendes (1997), de José Eduardo Agualusa
A angolana Ana Olímpia Vaz de Caminha, mulher incrível (nas palavras de Cássia Kis), se tornou rica após um passado como escrava: fora a sua ascensão, relaciona-se, de maneira amorosa, com Carlos Fradique Mendes, um aventureiro português. Esses personagens são o mote de José Eduardo Agualusa para elaborar um romance epistolar acerca da luta pela abolição da escravatura em Angola.
Autobiografia de um Iogue (1946), de Paramahansa Yogananda
Ver através de paredes, ressuscitar mortos, curar doenças terminais: eis alguns dos poderes iogues relatados nesse best-seller, uma narração a respeito da vida de Paramahansa Yogananda – desde a infância na Índia, época em que já buscava orientação espiritual. Os estudos e o processo de difusão de suas ideias no Ocidente também aparecem nos parágrafos, que, para Cássia, são sempre um sucesso.