Na exposição, a saudade é personificada na obra de fotógrafos como German Lorca, Wagner Almeida, Voltaire Fraga e José Oiticica Filho
Publicado em 20/02/2015
Atualizado às 21:05 de 02/08/2018
Mais de 100 imagens de 36 artistas brasileiros, ou residentes no país, tem trabalhos apresentados na mostra A Arte da Lembrança – A Saudade na Fotografia Brasileira. Dispostos em dois andares do espaço expositivo do Itaú Cultural, eles têm a saudade como linha curatorial e tema em comum. A exposição, cuja curadoria é de Diógenes Moura com pesquisa de Samuel de Jesus e projeto expográfico de Marta Bogéa e Anna Helena Villela com Izabel Barboni e Li Arakaki, inaugura a programação do instituto deste ano, em 24 de janeiro, um dia antes do aniversário de São Paulo. Permanece em cartaz até 8 de março.
Em um total exato de 110 fotografias – duas delas, videoprojeções –, o visitante navega por um universo pessoal e universal, a partir de registros fotográficos situados entre o documento e os ensaios. Uma requintada seleção pautada pela poética das imagens, reúne conteúdos que perpassam tópicos condensados na palavra saudade, como história, solidão e memória.
O percurso iconográfico de mais de 80 anos de produção, se situa entre a década de 1930 e 2014 com imagens de representativos fotógrafos brasileiros – de Alcir Lacerda a Marcio Távora, passando por Ademar Manarini, German Lorca, Wagner Almeida, Voltaire Fraga, José Yalenti, Gilvan Barreto, Luiz Braga, Julio Agostinelli e José Oitica Filho. Também de estrangeiros que, residentes no país, aqui desenvolveram a sua obra: o letão Alexandre Berzin e o austríaco Kurt Klagsbrunn.
“A arte da lembrança convida o espectador a iniciar um percurso singular em um espaço de associação de ideias onde se juntam as experiências sensíveis que detemos do mundo”, observa o curador. Pernambucano, poeta, fotógrafo e ex-curador de fotografia da Pinacoteca do Estado de São Paulo, ele acaba de ganhar o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) pela exposição Retumbante Natureza Humanizada, realizada em 2014 no Sesc Pinheiros com fotos de Luiz Braga um dos participantes de A Arte da Lembrança.
Para ele, a tradução de saudade vibra nas imagens selecionadas para esta exposição no Itaú Cultural. “Nos rostos anônimos oferecidos ao passante curioso, dispostos no cenário improvisado de um fotógrafo popular”, diz complementando: “No desvio de uma rua, ou no meio da praça pública, percebemos a estranha sensação do seu limiar imagético.”
Para isso, ele fez uma extensa pesquisa em todo o país em acervos particulares e instituições públicas. Levou para o instituto na Paulista, cópias de época e ampliações únicas em pigmento mineral sobre papel algodão, entre outras, tanto em P&B quanto em cor e videoprojeções. Organizou um percurso para a mostra, sem ordem cronológica, mas, sim, sensorial, agrupando as imagens nas epígrafes Diante do limiar, Devanieo do flâneur, Fantasmagoria, Levar o véu, A poética da dormência, Árida como a morte.
Só para citar algumas, encontra-se neste percurso fotos de homens anônimos e solitários por ruas igualmente desoladoras, feitas em São Paulo por Ademar Manarini nos anos 50; o piso que restou de uma casa destruída no interior do Pernambuco, clicada por Gilvan Barreto em 2011; uma mulher cabisbaixa e aérea, entre outras, diante do cinema na Cinelândia, no Rio de Janeiro, feita por Kurt Klagsbrunn no final da década de 40. Conte-se aqui também as videoprojeções Vazio, realizada por Alberto Bittar em 2012, e Sonoro Diamante Negro, de Suely Nascimento (2004).
Como escreve o curador, são, enfim, registros das cidades e suas demolições, da perda das paredes do tempo, de objetos vazios à mercê da poeira do passado; da ausência e morte de entes queridos por alguém.
Atividades Paralelas
No último domingo de janeiro e durante os domingos de fevereiro e os dias 1 e 8 de março, a exposição conta com uma série de rodas de conversas descontraídas com os educadores do instituto, sobre diversos assuntos como fotografia, memória e representação da saudade (veja a programação abaixo). Organizadas pelo Núcleo de Educação e Relacionamento, estão programadas para acontecerem sempre às 16h. O bate-papo tem duração de 30 minutos, conta apenas com 20 vagas, mas sem obrigatoriedade de inscrições prévias.
SERVIÇO
A Arte da Lembrança – A Saudade na Fotografia Brasileira
Abertura para convidados: 24 de janeiro, a partir das 11h
Visitação: a partir das 14h de 24 de janeiro a 8 de março de 2015
De terça-feira a sexta-feira, das 9h às 20h
Sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h
Pisos 1M e -1
Atividades Paralelas
Domingos, às 16h:
25 de janeiro: Vestígios na cidade: a cidade de São Paulo e suas transformações, com interpretação em libras
Fevereiro:
Dia 1: Fotografia modernista
Dia 8: Um olhar sobre a morte na história da arte
Dia 15: O homem da multidão: modernização das cidades
Dia 22: Fotografia Lambe-Lambe, em Libras com intepretação em português
Março:
Dia 1: O álbum de família na fotografia digital
Dia 8: O Fotoclubismo e a fotografia moderna no Brasil
20 vagas
Duração: 30 minutos
16 anos
Ponto de encontro: Piso Térreo
Não é necessária inscrição prévia
Estacionamento com manobrista: R$ 14 uma hora; R$ 6 a segunda hora;
mais R$ 4 p/ hora adicional / Estacionamento gratuito para bicicletas
Acesso para deficientes físicos
Ar condicionado
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