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Ayrton Montarroyos apresenta as canções de seu primeiro disco

Composições de Cartola, Lula Queiroga e Zeca Baleiro integram o álbum, a ser relançado na ocasião do espetáculo

Publicado em 24/07/2018

Atualizado às 18:33 de 10/08/2018

Libras

Há músicas que ultrapassam gerações. Clichê dos mais gastos esse que, no entanto, diferentemente de muitas sentenças previsíveis, encontra ressonância justa em algumas pessoas. Por exemplo, em Ayrton Montarroyos, jovem cantor que, ainda criança, se encantou com a obra de Dalva de Oliveira e com a canção que é, acima de tudo, canção – densa, poética. “Até hoje, sou tocado por Dalva. Ela cantando e eu a ouvindo é a minha primeira lembrança em relação à música”, recorda o pernambucano. Nascido mais de duas décadas após o falecimento da Rainha da Voz, ele aprendeu, desde cedo, uma lição de grande valor: escutar e sentir – com ouvido, alma e coração – quem antes veio. Em 2017, o intérprete lançou o seu álbum de estreia, Ayrton Montarroyos, recebido com alegria pela crítica e no qual há composições de Cartola, Lula Queiroga e Caetano Veloso. Uma inédita de Zeca Baleiro, “À Porta do Edifício”, feita originalmente para Cauby Peixoto, também integra a seleção – repertório coerente que é, aliás, o alicerce principal do espetáculo a ser realizado no Auditório Ibirapuera. Na ocasião do show, no dia 12 de agosto, o disco ganha um relançamento, acrescido agora da releitura de “Veio d'Água”, de Luiz Ramalho.

Para a apresentação próxima, mudanças foram realizadas: troca da ordem dos blocos, arranjos modificados, faixas acrescentadas, outras excluídas. Um afinar que torna os números, na percepção de Ayrton, mais fortes. “Canto o amor para falar de coisas que me incomodam. Do tempo, da pausa, do descontentamento. Do medo de estar preso em si mesmo. O que tenho para dizer, digo no palco. Com arte, porque sou artista”, enfatiza. E completa: “A gente, a banda e eu, está colocando o dedo em feridas, gerando incômodo. Nesse sentido, é um show pesado. Mas montado com muito esmero e carinho”. Apavorado devido ao tamanho do Auditório e, de modo concomitante, ansioso e feliz pelo espetáculo, o cantor deseja atingir aqueles que não veem importância em seu trabalho. Ayrton quer expandir, ir além: além de um “público típico”, das tendências do mercado, das décadas.

Do incentivo à curiosidade

Esses dois elementos construíram, juntos, o chão de Ayrton Montarroyos. O estímulo preambular veio de perto: foi sua tia quem o levou a uma roda de choro, grupo formado por amigos dela. A princípio, porém, os participantes não aceitavam a participação de um garoto ali, em um ambiente de adulto. Até que o menino cantou: cantou Dalva de Oliveira, Maysa, letras de Tom Jobim. Os presentes ficaram boquiabertos. O pequeno entrou para o clube e, a cada semana, estudava uma música que ainda não entoara. “As pessoas mais velhas subestimam um pouco a capacidade das crianças. A minha tia não: ela me estimulou, estimulou a minha inquietação da forma que julgou adequada”, recorda. Aos 13 anos, passou a receber convites para colaborar em outras rodas, festinhas, aniversários. Aos 16, viu a mesma tia contrair um empréstimo para que ele pudesse se apresentar em um teatro – o que, de fato, ocorreu. O então aspirante lotou a casa devido à divulgação com um comercial: no vídeo, “Força Estranha” em sua voz.

Ayrton Montarroyos | foto: Lucas Silvestre

Aliado ao impulso familiar, o interesse diligente: “De tão arrebatado, a primeira palavra que digitei na internet foi música. Hoje, vou sempre a sebos de discos, um projeto enlouquecido de pesquisa, de busca pelo antigo. E procuro conhecer o novo, desde que julgue ser aceitável como obra”, comenta Ayrton. Em um caderno, ele anota o que lhe chama atenção em termos de sonoridade, melodia, narrativa. Beleza, o que abarca desde a dupla Vinicius de Moraes e Baden Powell até Ava Rocha e Negro Leo.
           
Um sumo que é combustível para o intérprete que não entende as demais profissões, só a sua: “Acho que ficaria doido se trabalhasse em um cartório, por exemplo. Aquelas paredes, aquela brancura”, brinca. O aspecto fechado de um escritório é um contraponto simbólico da liberdade que Ayrton encontra no universo em que se colocou. “Nesse mundo, as pessoas não se martirizam, não há pecado, não há erro. Desafinar é uma forma de aprender. E é preciso estudar, estudar, estudar a vida toda. Estou toda hora me especializando: treinando, em frente ao espelho, os gestos que vou usar no palco, a postura, a atitude. Treino, treino, treino”, afirma. Disciplinado, atento, exigente, sabe bem o que almeja: nada de ser “uma espécie de lata de achocolatado em pó” (comparação por ele empregada ao se referir a nomes apoiados em marketing, dinheiro, lucro, seguidores apenas); o foco seu, único e exclusivo, é a canção. Aquela que é, acima de tudo, canção – densa, poética.
           
Ayrton Montarroyos [com interpretação em Libras]
domingo 12 de agosto de 2018
às 19h
[duração aproximada: 80 minutos]

ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada)

[livre para todos os públicos]

abertura da casa: 90 inutos antes do espetáculo

Os ingressos podem ser adquiridos pelo site Ingresso Rápido, em seus pontos de venda e pelo telefone 11 4003 1212. Também estão à venda na bilheteria do Auditório Ibirapuera, nos seguintes horários:
sexta e sábado das 13h às 22h
domingo das 13h às 20h 

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