Proporcionar uma sólida formação na área da música popular, unindo teoria e prática. Esse é o objetivo principal da Escola do Auditório,...
Publicado em 29/06/2016
Atualizado às 20:29 de 02/08/2018
Por Jessica Orlandi
Proporcionar uma sólida formação na área da música popular, unindo teoria e prática. Esse é o objetivo principal da Escola do Auditório, sob direção-geral do Itaú Cultural desde 2011 e que está com inscrições abertas, até o dia 8 de julho, para o processo seletivo 2016. Para mais informações sobre as vagas disponíveis, clique aqui.
Localizada no subsolo do Auditório Ibirapuera, a Escola oferece cursos de música brasileira, com duração de cinco anos, a até 170 estudantes da rede pública de ensino (com idade a partir de 12 anos) que residam no município de São Paulo. Os alunos aprendem a tocar um instrumento, desenvolvem a percepção musical e conhecem a história da música brasileira, seus estilos, instrumentos e personagens.
As disciplinas ministradas no curso livre de música se dividem em dois grupos: aulas teóricas – nas quais os alunos aprendem e desenvolvem a leitura de partituras, harmonia e habilidades de percepção rítmica e melódica, além de ser apresentados aos diversos ritmos brasileiros, passando por suas histórias e seus personagens – e aulas práticas ou aulas de instrumento realizadas individualmente. Os estudantes também participam de grupos formados na própria Escola – como a Orquestra Furiosa e a Orquestra Brasileira do Auditório (OBA) – e adquirem experiência em orquestras.
A saxofonista Beatriz Pacheco, formada pela Escola do Auditório em 2014 e chefe de naipe da Orquestra Furiosa, diz que o processo pelo qual passou na instituição a marcou profundamente. “Foi uma grande transformação. Eu nunca imaginei que pudesse me apegar e me apaixonar tanto pela música e fazer dela a minha profissão. Eu queria ser médica”, conta. “A música me acolheu de um jeito muito bom. Tudo o que tenho hoje é fruto do que aprendi, desse tempo em que estive na Escola do Auditório.”
Vanessa Moreno, cantora e professora de canto da Escola desde 2015, diz que ao conhecer a estrutura da instituição, quando foi chamada para dar aula, ficou encantada com o que encontrou. Para ela, dois grandes diferenciais são o fato de focar o ensino na música brasileira – o que, na sua opinião, não acontece em muitos locais ao redor do país – e a preocupação que todos têm com as pessoas que estão ali aprendendo.
“Eu lembro que, quando cheguei e perguntei aos alunos o que eles estavam estudando, me espantei com as referências que me deram – nomes como Hermeto Pascoal e Egberto Gismonti”, diz Vanessa. “A imersão na música brasileira, as pessoas, a generosidade – tanto dos professores quanto dos alunos – que vão construindo isso juntos [...] Porque às vezes nós damos aula nos lugares e as pessoas querem a coisa da música 'matematicamente falando'”, explica. “Mas elas esquecem que você está ensinando música a pessoas. Ou seja, você precisa saber de música, sim, mas também das pessoas [...] Então, eu fiquei emocionada por poder fazer parte disso.”
Camila Lordy, instrumentista, orientadora pedagógica e professora de teoria, iniciação musical e laboratório (matéria que inclui aulas sobre ritmos nordestinos, origens do samba, jazz e música erudita), que ministra aulas na Escola do Auditório desde 2008, acrescenta que a abertura e a liberdade criativa que a instituição dá aos professores – e também aos alunos – são outros grandes diferenciais, permitindo a troca de experiências entre todos.
“Isso me ajudou a elaborar um curso no qual eu acreditava e que se alinhava com a proposta da música brasileira”, conta Camila. “Em nenhum lugar se fala da história da música como se fala aqui. Eu acho que nós cumprimos com a missão. Saem daqui alunos críticos, posicionados e com algum engajamento e preocupação com a educação [...]”, continua. “Eu tenho muito orgulho dos alunos e dos meus colegas também. Eles são professores muito capazes, muito empenhados no projeto e abertos para conversas [...] São pessoas muito disponíveis.”
Segundo Nailor Proveta, maestro, arranjador, instrumentista e diretor-artístico pedagógico da Escola, o maior desafio em trabalhar com esses jovens não é ensiná-los a tocar um instrumento ou a cantar com perfeição, mas sim torná-los seres humanos ainda melhores. “Nós não apenas estamos formando os alunos como músicos; estamos buscando torná-los seres humanos melhores, capacitados para ser doadores também [...]”, diz. “E você só consegue fazer com que um jovem tenha essa consciência – com todos os cuidados desse coletivo, de se integrar a essa grande família que é a Escola do Auditório – com a educação. [...] Nós percebemos que os alunos saem daqui com essa consciência. Então, a Escola do Auditório é muito importante nesse sentido.”
Desde o início das suas atividades, a Escola já formou três turmas (44 alunos), proporcionando a esses jovens a oportunidade de iniciar e desenvolver carreira na música, muitas vezes no próprio Auditório Ibirapuera, que já conta com ex-alunos atuando como professores e como assistentes de regência.