Acessibilidade
Agenda

Fonte

A+A-
Alto ContrasteInverter CoresRedefinir
Agenda

Documentário ‘Fabiana’ vence Prêmio do Público do Festival Internacional de Curitiba

Onze mil quilômetros em uma boleia de caminhão dão conta de segredar uma das ...

Publicado em 29/06/2018

Atualizado às 16:50 de 01/03/2019

por Milena Buarque

Onze mil quilômetros em uma boleia de caminhão dão conta de segredar uma das verdades de quem tem a estrada como morada: muitas vezes, mais importante que a chegada é o caminho. É o que mostra o documentário Fabiana, de Brunna Laboissière, vencedor na categoria Prêmio do Público do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, no início de junho. Primeiro longa da diretora, o projeto foi um dos selecionados pelo programa Rumos Itaú Cultural 2015-2016. A última viagem da caminhoneira Fabiana, mulher transgênero e lésbica, é contada por Brunna, que assume o papel de caroneira.

Veja também:
>> As estradas de Fabiana

“A partir de meus 18 anos, comecei a viajar muito de carona. Cada carro ou caminhão que para e dá uma carona é um universo de histórias pessoais que se somam às paisagens que vemos pela janela. Muitos dos que paravam eram caminhoneiros, todos homens. Em geral, dão carona para conversar, afastar a solidão e sentir o tempo passar mais rápido. Porém, em uma das vezes em que pedi carona, em 2012, uma mulher dirigindo uma grande carreta parou: era ela, a Fabiana”, conta a diretora, que viu na caminhoneira uma personagem pronta para um documentário.

Ainda que o caráter de observação da vida cigana de Fabiana permeie a narrativa, seu carisma e sua vontade de contar histórias, de ter voz, encontram em Brunna a interlocutora ideal. “Como já nos conhecíamos, existia uma cumplicidade entre nós. Algo que me marcou é que, logo depois dos primeiros quilômetros percorridos, a Fabiana começou a indicar o que ela achava interessante que fosse filmado, tomando frente também do que poderia ser representado em seu próprio filme. Isso, somado à espontaneidade com que ela nos conta suas histórias, foi um caminho para respeitar a forma como ela gostaria de ser representada”, diz.

Documentário Fabiana conta a história da última viagem da caminhoneira | foto: Brunna Laboissière
Documentário Fabiana conta a história da última viagem da caminhoneira | foto: Brunna Laboissière

Foram 31 dias com Fabiana: 28 para o filme, 1 – em 2015 – para a realização do teaser, que levou à inscrição no edital, e outros 2 em que se conheceram. Durante os primeiros 18 dias de estrada, protagonista e diretora viajaram sozinhas. Saíram de Goiânia, foram para Fortaleza, passaram por Mossoró (RN), desceram para o Rio de Janeiro, chegaram a São Paulo e voltaram para Goiânia. Lá, Priscila, companheira de Fabiana, se somou às duas para mais dez dias de boleia.

A diretora conduz o espectador pelo mundo peculiar da caminhoneira, em que sua potência se reafirma na resistência a um mundo majoritariamente masculino e binário. “Infelizmente, não encontramos nenhuma outra caminhoneira no trajeto. Mas a Fabiana sempre mencionou ter algumas amigas caminhoneiras, porém não muitas”, conta Brunna.

São 30 anos tendo o caminhão como casa e a estrada como local de partida e ponto de chegada. O documentário registra sua última andança antes da aposentadoria. A liberdade e a autonomia da protagonista são, segundo a diretora, o que de melhor há em Fabiana. “Acredito que o principal impacto é a inspiração que ela passa em relação a viver do jeito que se quer, sem se importar com o que os outros dizem. Ser você mesma e se respeitar antes de mais nada”, conclui.

Saiba mais sobre Fabiana: site | facebook.

Compartilhe