Entre outros temas, são discutidas as questões de raça no Brasil. Ainda mais, acontece um balanço das atividades da cátedra em 2019
Publicado em 19/11/2019
Atualizado às 11:22 de 27/06/2022
Em 21 e 22 de novembro e em 5 de dezembro, o curso Relações do Conhecimento entre Arte e Ciência: Gênero, Neocolonialismo e Espaço Sideral, da Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência, reflete sobre a formação social do Brasil e o apagamento da memória da escravidão. Além disso, em conversa com os titulares da cátedra – a biomédica Helena Nader e o historiador da arte Paulo Herkenhoff –, é feito um balanço dos debates realizados em 2019.
As mesas ocorrem das 14h às 17h, com entrada gratuita, por ordem de chegada, e transmissão ao vivo pelo site do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo (USP).
A Cátedra Olavo Setubal é uma parceria entre o IEA e o Itaú Cultural. Objetiva promover ações ligadas à arte e à gestão cultural, tendo sido criada em 2015 e lançada oficialmente em 2016. Saiba mais.
Cátedra Olavo Setubal | novembro e dezembro
quinta 21 de novembro de 2019
Etnologia e Escravidão. (Des)compromissos da Ciência com a Liberdade
com Sidarta Tollendal Gomes Ribeiro, Rosana Paulino, Hélio Menezes e Grupo EmpreZa
moderação Paulo Herkenhoff
A artista Rosana Paulino tem se dedicado a criar um vocabulário plástico para dar conta de como o processo de escravização se apropriava dos corpos negros. Também criava situações contemporâneas de neoescravismo. Uma de suas preocupações recentes é trabalhar com visões edênicas do Brasil e observar como a expansão da etnografia foi muitas vezes acompanhada por uma indiferença das ciências humanas com respeito à escravidão.
Homenageada: Lélia Gonzalez foi uma antropóloga que faleceu prematuramente, mas viveu o suficiente para resistir à ditadura e implantar perspectivas avançadas de compreensão do legado histórico africano no Brasil contemporâneo. Na complexidade de seus estudos, chegou a perceber na língua brasileira situações em que a norma culta desprezava como erro de sintaxe ou outros o que ela percebeu serem marcas duradouras de línguas africanas na fala dos escravos. Denominou essa fusão linguística antropofágica de “portunegro”.
sexta 22 de novembro de 2019
Técnicas de Apagamento e Reconstrução da Memória da Escravidão nos Espaços de Eugenia Urbanística
com Igor Simões, Jaime Lauriano, Rommulo Vieira Conceição, Anna Maria Canavarro Benite e Giselle Beiguelman
moderação Paulo Herkenhoff
Da abolição ao presente, inúmeras técnicas de controle social procuraram ocultar a cultura negra e os sítios fundamentais da história da escravidão, como no caso da proposta de Rui Barbosa de destruir os arquivos da escravidão como modo de apagar a chaga do cativeiro. Outras formas da desmemorização foram a ideia de “higienização” das cidades, a teoria do embranquecimento e a apropriação de padrões afro-brasileiros por discursos de exotização.
Homenageados: Manuel Querino e Abdias Nascimento.
Manuel Querino foi um abolicionista e historiador da arte que criou o mais radical corte analítico na história da arte brasileira, que é o reconhecimento do valor estético dos objetos de culto dos orixás.
Abdias Nascimento criou o Teatro Experimental do Negro no Rio de Janeiro e desenvolveu um ativismo cultural ao longo de toda a sua vida. Sua resistência à ditadura de 1964 o levou ao exílio nos Estados Unidos, onde lecionou, desenvolveu sua pintura e fez contatos políticos com os Panteras Negras. Grande referência para a emancipação dos negros no Brasil, foi eleito senador pelo Rio de Janeiro na abertura democrática.
quinta 5 de dezembro de 2019
Encontro com Helena Nader e Paulo Herkenhoff
com Helena Nader, Paulo Herkenhoff, Eduardo Saron e Guilherme Ary Plonski
moderação Martin Grossmann
Esta mesa promoverá um balanço das questões tratadas pelos acadêmicos da Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência em 2019. Serão ouvidos os participantes dos seminários, discutidos caminhos de pesquisa e o futuro da própria cátedra quanto ao seu tema. Uma pergunta será feita mais uma vez: “Como a arte, a ciência e a cultura podem resistir ao obscurantismo e pensar a emancipação dos excluídos da sociedade, via o processo da educação?”.
Homenagem ao povo brasileiro sobrevivente e aos artistas e cientistas que resistem a toda forma de autoritarismo e obscurantismo.
Auditório do IEA | Rua da Praça do Relógio, 109, térreo, Cidade Universitária – Butantã – USP