Panorama geral e setorial da economia criativa no Brasil
A economia criativa demonstrou variação positiva entre o 1º e 2º trimestres de 2023, com um crescimento de 3% no nível de emprego do setor, criando 188 mil postos de trabalho. Após uma queda de 4% no emprego na economia criativa entre o 4º trimestre de 2022 e o 1º trimestre de 2023, o 2º trimestre deste ano representa uma retomada do crescimento nos empregos para o setor. O comparativo entre os 2º trimestres de 2022 e 2023 revela, contudo, uma variação negativa, de 2%, indicando relativa estabilidade no período.
Fonte: Painel de Dados Observatório Itaú Cultural (2023).
A taxa de variação no emprego da economia brasileira foi de 1% entre o 2º trimestre de 2022 e o 2º trimestre de 2023, também indicando relativa estabilidade no nível de emprego, como visto no recorte da economia criativa.
Fonte: Painel de Dados Observatório Itaú Cultural (2023).
No período entre o 2º trimestre de 2022 e o 2º trimestre de 2023, o único segmento da economia criativa que apresentou crescimento foi o de trabalhadores especializados da tecnologia. O restante dos segmentos apresentou queda no nível de emprego, especialmente os trabalhadores especializados da cultura, que tiveram queda de 9% no total de ocupados. Este também foi o único segmento com queda no emprego entre o 1º e o 2º trimestres de 2023, fazendo com que o total de trabalhadores especializados tivesse manutenção no total de emprego. Os trabalhadores incorporados foram os que obtiveram o maior crescimento no emprego entre o 1º e 2º trimestres de 2023, na faixa de 6%, após queda de 8% no emprego no período anterior.
Fonte: Painel de Dados Observatório Itaú Cultural (2023).
No conjunto dos trabalhadores criativos, as categorias ocupacionais que apresentaram crescimento significativo entre o 2º trimestre de 2022 e o 2º trimestre 2023 foram Museus, Gastronomia, Design e Desenvolvimento de Software e Jogos Digitais. Nesses dois últimos, o comportamento positivo se deu tanto nos trabalhadores incorporados quanto no de especializados. O grupo ocupacional das Artes Visuais foi o que apresentou a maior queda no emprego no período analisado, seguido pelo Editorial, Atividades Artesanais e Moda.
Fonte: Painel de Dados Observatório Itaú Cultural (2023).
Análise dos trabalhadores dos setores de tecnologia da economia criativa
A participação dos trabalhadores dos setores da tecnologia tem aumentado no total do emprego dos setores criativos, chegando a 18% no 2º trimestre de 2023. O aumento dessa participação se deu por conta da trajetória de evolução acelerada do emprego nos setores criativos de tecnologia, em relação à evolução média do total do emprego nos setores criativos: enquanto o total do emprego nos setores criativos cresceu 16% entre 2012 e 2023, o emprego nos setores de tecnologia cresceu 91%. O descolamento das trajetórias de evolução iniciou-se no ano de 2017 e segue até o 2º Trimestre de 2023.
Fonte: Painel de Dados Observatório Itaú Cultural (2023).
Fonte: Painel de Dados Observatório Itaú Cultural (2023).
Os salários desses trabalhadores mostram-se maiores do que a média de todos os setores criativos brasileiros, embora sua trajetória de crescimento seja próxima ao observado na totalidade dos setores criativos: ambos os recortes tiveram crescimento de cerca de 110% no rendimento médio mensal nominal recebido, mais do que dobrando o valor das remunerações entre 2012 e 2023.
Fonte: Painel de Dados Observatório Itaú Cultural (2023).
Formalidade
Quanto ao tipo de vínculo de trabalho, observa-se que tanto o segmento formal quanto o informal da Economia Criava tiveram leve queda de 2% nos postos de trabalho entre o 2º trimestre de 2022 e o 2º trimestre de 2023, porém com aumento em relação ao 1º trimestre do ano, principalmente no segmento informal. No total da economia brasileira, o segmento de trabalhadores informais apresentou leve recrudescimento de -1% em relação ao 2º trimestre de 2022, acompanhado de aumento de 2% no emprego formal.
Fonte: Painel de Dados Observatório Itaú Cultural (2023).
Segmentando os trabalhadores incorporados, especializados e de apoio entre as faixas formal e informal, observa-se que os segmentos de incorporados informais e apoio formais foram os únicos com aumento entre o 2º Tri/2022 e o 2º Tri/2023. A maior queda se deu nos trabalhadores de apoio informais, em uma faixa de 6%. Já em relação ao trimestre anterior, o destaque é o segmento de trabalhadores incorporados informais, com crescimento de 12% no nível de emprego.
Fonte: Painel de Dados Observatório Itaú Cultural (2023).
No quesito regional, observa-se crescimento expressivo do emprego na economia criativa em Alagoas e Mato Grosso do Sul, enquanto as maiores quedas estão em Roraima e Amazonas (2º trimestre de 2022 em comparação com o 2º trimestre de 2023).
Fonte: Painel de Dados Observatório Itaú Cultural (2023).
Economia criativa no Brasil: questões de raça e gênero no mercado de trabalho
Quanto ao gênero, observa-se que o perfil dos trabalhadores da economia criativa permaneceu basicamente o mesmo durante o período analisado. Esta configuração é próxima à configuração do total da economia brasileira, com uma maior participação masculina na composição da força de trabalho. Contudo, na economia criativa, a participação feminina é ligeiramente maior em relação ao total da economia brasileira.
Fonte: Painel de Dados Observatório Itaú Cultural (2023).
O emprego na economia criativa segue com alta concentração de trabalhadores autodeclarados brancos, e a composição segue similar desde o 2º Trimestre de 2022.
Fonte: Painel de Dados Observatório Itaú Cultural (2023).
A participação de negros (agregado de pretos e pardos) na economia criativa mostra-se menos expressiva do que para o agregado da economia. Entre o 2º trimestre de 2022 e o 2º trimestre de 2023, a participação de trabalhadores negros no total de ocupados na economia criativa foi de, em média, 41%, ante os 54% observados na economia brasileira. De forma análoga, portanto, observa-se que, no período em apreço, a participação de brancos no mercado de trabalho da economia criativa (57%, em média) é mais expressiva do que para o agregado da economia brasileira (44%).
Fonte: Painel de Dados Observatório Itaú Cultural (2023).
Quanto aos trabalhadores criativos (trabalhadores especializados e incorporados), observa-se que os pretos e pardos possuem participação mais significativa no emprego nas ocupações culturais (ou seja, nas áreas de Atividades Artesanais, Artes Cênicas, Artes Visuais, Cinema, Rádio e TV, Música e Museus e Patrimônio) do que nas ocupações de consumo e tecnologia. É nas ocupações criativas da Tecnologia em que há a menor participação de negros dentre os 3 agrupamentos de trabalhadores criativos.
Fonte: Painel de Dados Observatório Itaú Cultural (2023).
Já no segmento dos empregados dos setores criativos (trabalhadores especializados e de apoio), os setores que possuem uma maior participação de trabalhadores pardos e pretos no total de empregados são os de Moda, Atividades Artesanais e Artes Cênicas e Visuais. A alta concentração de trabalhadores brancos se dá principalmente na Publicidade e Serviços Empresariais, Design, Arquitetura e Tecnologia da Informação. Os setores em que a população preta conquistou mais espaço na composição do emprego, desde 2013, são os de Design, passando de 4% para 10%, Moda (de 5% para 9%) e Atividades Artesanais (de 6% para 10%). Os setores que tiveram a maior diminuição na participação dos brancos ao longo do período analisado foram Museus, Editorial e Design.
Fonte: Painel de Dados Observatório Itaú Cultural (2023).
Os salários médios de pretos e pardos seguem sendo cerca de 40% menores do que os dos trabalhadores brancos da economia criativa. Desse modo, o salário médio dos trabalhadores brancos da economia criativa está acima da média do total da economia criativa, enquanto dos pretos e pardos estão abaixo desta média, em valor próximo ao rendimento médio do total da economia brasileira.
Fonte: Painel de Dados Observatório Itaú Cultural (2023).
Há também diferenças nas médias salariais por gênero. As mulheres recebem menos do que os homens em todos os grupos raciais analisados, mas os trabalhadores brancos de ambos os gêneros recebem mais do que os trabalhadores pardos e pretos: um homem preto ou pardo recebe cerca de 40% a menos que o homem branco da economia criativa, sendo este o mesmo comportamento nas mulheres pardas e pretas em relação às brancas. As mulheres pretas seguem tendo uma média de rendimento médio mensal quase 60% menor do que a dos homens brancos da economia criativa.
Fonte: Painel de Dados Observatório Itaú Cultural (2023).
Análise dos trabalhadores de apoio da economia criativa
Os trabalhadores de apoio na economia criativa representam cerca de 30% dos empregados do setor, percentual que tem apresentado tendência de queda desde 2012. Tal comportamento indica que a intensidade criativa na economia criativa está aumentando ao longo dos anos, havendo uma maior concentração de trabalhadores criativos, sejam especializados, sejam incorporados em demais setores da economia.
Fonte: Painel de Dados Observatório Itaú Cultural (2023).
Observa-se que os trabalhadores de apoio na economia criativa possuem um percentual de formalização maior do que os trabalhadores especializados, porém menor do que os criativos incorporados em demais setores da economia. No segundo trimestre de 2023, cerca de 65% dos trabalhadores de apoio possuíam vínculo formal de trabalho.
Fonte: Painel de Dados Observatório Itaú Cultural (2023).
O rendimento médio mensal dos trabalhadores de apoio está próximo ao dos trabalhadores especializados, tendo também trajetória de variação parecida com a deste outro segmento do tridente criativo. Ambos os segmentos possuem rendimento menor do que o dos incorporados. No 2º trimestre de 2013, o rendimento médio mensal dos trabalhadores de apoio era 37% menor do que o dos incorporados.
Fonte: Painel de Dados Observatório Itaú Cultural (2023).