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O design brasileiro
O Designer
Trazendo em sua trajetória uma experiência em pintura (e em aquarelas, gravuras e litogravuras) tanto na representação figurativa quanto abstracionista, ilustração e tipografia (em O Gráfico Amador e na The Falcon Press), em 1958 Aloisio Magalhães começou a se interessar por outras formas de expressão. O design lhe pareceu linguagem na qual criações poderiam alcançar universos mais cotidianos.
Assim, Aloisio Magalhães passou a integrar, a partir de 1960, aquela que foi a primeira geração de designers modernos no Brasil. Ele também se fez presente tanto na discussão sobre a educação de design no país como no debate sobre o que constituía essa nova atividade e profissão no Brasil. Ajudou a criar a Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi), no Rio de Janeiro, da qual se tornou professor.
A partir da criação da primeira versão de seu primeiro escritório, no Rio de Janeiro, Aloisio Magalhães criou, entre 1960 e 1975, dezenas de símbolos para importantes empresas privadas e estatais. “Examinando as dezenas de sinais projetados por Aloisio durante as décadas de 1960 e 1970, três procedimentos formais destacam-se pela ocorrência frequente e pelo requinte dos resultados. São eles: o espelhamento, a rotação em círculo tripartido e a sugestão de tridimensionalidade, por exemplo”, escreveu Chico Homem de Melo, designer e pesquisador.
Já o espelhamento está presente, por exemplo, em dois de seus projetos mais emblemáticos: o do IV Centenário do Rio de Janeiro e o redesenho da cédula de 1 mil cruzeiro (1977), “naquele que é talvez o seu mais genial projeto do design brasileiro”, escreveu Homem de Melo. São cédulas “sem pé nem cabeça, literalmente […]. Além do jogo formal, temos uma resposta magistral a um problema do uso cotidiano: ela [a nota] sempre será lida com conforto e rapidez, independente de sua posição na carteira”, escreveu, em texto publicado no livro A Herança do Olhar: o Design de Aloisio Magalhães.
Em 1971, Aloisio Magalhães desenvolveu o projeto de identidade visual para a Petrobras, cobrindo todas as suas situações de comunicação visual. Em 1976, coordenou um projeto de design para o Rio de Janeiro. Tratava-se de uma nova identidade visual para o município, de sua comunicação administrativa ao mobiliário urbano e à sinalização para toda a cidade. Esses dois projetos são marcos na história do design do país. “Estava traçado um percurso – do desenho da unidade simbólica a grandes e complexos sistemas de objetos de todo tipo”, escreveu João de Souza Leite, curador desta Ocupação Aloisio Magalhães, em seu texto curatorial. Com esse gesto de projetista, estava também sendo posta em prática e em debate uma nova atividade profissional e criativa no país, a do design.
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Como se tornou designer?
Bienal de São Paulo
Bienal de São Paulo, 1965.
Este símbolo foi pensado originalmente como expressão tridimensional, tal qual uma escultura. Baseada na aproximação visual das letras “b” e “i”, formando a sílaba “bi”, o sinal foi criado para a Fundação Bienal de São Paulo a partir de um concurso restrito à participação de poucos profissionais. Com o projeto, Aloisio Magalhães conquistou o primeiro lugar.
IV Centenário do Rio de Janeiro
IV Centenário do Rio de Janeiro, 1964.
O símbolo do IV Centenário do Rio de Janeiro foi resultado da participação de Aloisio Magalhães em concurso aberto promovido pelo Governo do Estado da Guanabara em 1963. “A estrutura do símbolo é simples e concreta”, escreveu Magalhães (em texto para o Jornal do Brasil, 22 de julho de 1964). O desenho se espelha horizontal e verticalmente ao algarismo 4 e se associa à Cruz Maltina (que identificava a expansão do império português). Sucinto, o traço permitiu sua fácil apropriação e reprodução por parte da população. A extensão desse uso potencializou seu valor, simbolizando a comemoração do 400 anos da cidade por todos os segmentos sociais do Rio de Janeiro.
Banco Federal Itaú
Banco Federal Itaú, 1964.
O entrelaçamento das letras traduz, modernamente, a ideia tão tradicional de um monograma, utilizada por instituições financeiras. Esse símbolo foi desenhado para o Banco Federal Itaú a partir de uma encomenda feita pelo seu então presidente Olavo Setúbal, de acordo com correspondência no arquivo de Aloisio Magalhães.
Internacional Cofee
International Coffee, 1969.
Neste símbolo, a síntese do desenho obedece a critérios muito próprios à época, de concisão formal, que tornam claro o jogo de significação entre a semente de café e a xícara. Desenho de Aloisio Magalhães para uma organização internacional sediada em Londres, com atuação relativa a assuntos sobre o café.
Aloisio Magalhães em seu escritório. À sua frente, sobre a mesa, encontra-se o símbolo que ele e sua equipe tinham acabado de realizar, em 1974, para o Grupo Peixoto de Castro e uma padronagem elaborada a partir dele. Com esse trabalho, é possível estabelecer uma relação com a imagem do cartema que está sobre a estante, às suas costas.
O Aloisio Magalhães Programação Visual Desenho Industrial Ltda. funcionou no número 137 da rua Menna Barreto, bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro, em uma casa que foi destruída em meados de 2010.
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