O EXPERIMENTALISMO GRÁFICO, O GRÁFICO AMADOR
Quando Aloisio Magalhães voltou da Europa para o Recife, em 1954, fundou ao lado de amigos O Gráfico Amador.
Espécie de ateliê gráfico e editora experimental, cabia à oficina “editar sob cuidadosa forma gráfica, textos literários cuja extensão não ultrapasse as limitações de uma oficina de amadores”, como diz o manifesto de seu primeiro boletim, citado pelo pesquisador e designer Guilherme Cunha Lima no texto “O Gráfico Amador, Anos de Formação no Recife” (no livro em A Herança do Olhar: o Design de Aloisio Magalhães, Ed. Senac/RJ, organização de João de Souza Leite).
O Gráfico Amador era formado por, além de Aloisio Magalhães, José Laurênio de Melo, Gastão de Holanda e Orlando da Costa Ferreira. Tinham se conhecido na Faculdade de Direito do Recife onde, no Teatro do Estudante de Pernambuco, José Laurênio era tradutor e Aloisio Magalhães responsável pelos cenários e pelos figurinos das peças.
Na oficina, Aloisio Magalhães experimentava pela primeira vez sua habilidade de desenhista no objeto impresso, produzido repetidamente.“Na obra realizada nesse período, sua ênfase está no pictórico, ainda não o projeto em si, embora tenha se dedicado a conceber integralmente alguns poucos livros ali realizados”, escreveu João de Souza Leite, designer e curador da Ocupação Aloisio Magalhães.
Entre as obras, está Aniki Bobo, em que, a partir de desenhos de Aloisio Magalhães, o poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto (1920-1999) construiu seu texto. Por isso se diz que o livro foi “ilustrado com texto de João Cabral…”.
Outro livro é Ode, ilustrado por Aloisio Magalhães, com textos do amigo Ariano Suassuna. Essas publicações – como todas produzidas nas oficinas de O Gráfico Amador, que se extinguiu em 1961 – hoje constituem símbolos da memória gráfica do Brasil.
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