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Quem mora lá?

Gretta Starr

Gretta Starr, moradora do Edifício Viadutos | foto: Letícia Vieira
foto: Letícia Vieira/Itaú Cultural

Nascida na cidade de Santos, Gretta Starr é moradora do edifício Viadutos há mais de 20 anos. A atriz e maquiadora morou em São Paulo pela primeira vez na década de 1970, quando conheceu o prédio onde moraria futuramente: “Quando eu saía da faculdade para ir para o banco, eu tinha que parar e comer em algum lugar e passava aqui na frente. Eu falava ‘Meu Deus, esse prédio! ’. O que mais me chamava atenção eram as cores, o cor-de-rosa e o verde, e o jardim em volta, tanto que cuido muito bem do meu. ”

Apaixona por aviões desde criança, Gretta encontrou no terraço do Viadutos o local ideal para observar os pássaros de aço: “No terraço a visão é 180 graus, de lá se vê a Avenida Paulista inteira até as montanhas perto de Cumbica. Eu comprei uma luneta e ia lá para o terraço para ficar olhando – dá para ver Guarulhos e a subida dos aviões. Dá para ver até o prefixo. Já o aeroporto de Congonhas os prédios da Paulista atrapalham, só se vê quando arremetem ou quando estão descendo. ”

foto: Letícia Vieira/Itaú Cultural

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Arnaldo Baptista

foto: Gui Benck

O músico Arnaldo Baptista foi morador do edifício Parque das Hortênsias entre os anos 1960 e 1970, lembrando com carinho do condomínio: “O que eu mais lembro é do jardim. Quando não tinha nada o que fazer, eu descia e ficava olhando os papagaios, um paquerando o outro, falando, assobiando. O espaço era amplo, três prédios um em frente ao outro, vigas enormes, altíssimas, mais de 9 andares. Ficava bonita aquela coisa exuberante, com folhagens, pastilhas, colunas. ”

“Tinha um piano de cauda no apartamento, e eu dedicava algumas horas de estudo, sozinho, sem ninguém ouvindo, mas era como se eu estivesse fazendo um show. Ficava lá ensaiando – pensando e tocando no piano de cauda. Era gostoso. O que mais me inspirava era a técnica de harmonia com o piano. Às vezes tinha um encontro com Debussy, criador de grandes concertos, como La Cathédrale Engloutie, porque tem coisas de harmonia que às vezes a gente fica pensando, mas nunca consegue fazer. E naquele piano eu conseguia, com um certo vagar, me estender neste sentido de harmonia”, lembra Arnaldo.

foto: Gui Benck

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Rafaela Foz

Rafaela Foz, moradora do Edifício Cinderela | foto: Agência Ophelia
foto: Agência Ophelia/Itaú Cultural

Rafaela Foz é moradora do edifício Cinderela desde 2013, quando se mudou para Higienópolis para ficar mais perto da faculdade. Foi em um trajeto de carro, com um amigo arquiteto, que conheceu o prédio: “Nossa, esse é o Cinderela, o prédio mais bonito do bairro”, disse o amigo. “Nessa de escolher algum lugar para morar, eu estava passando para ir para a FAAP e vi uma plaquinha de vende-se. Foi uma sorte, não é sempre que tem um apartamento à venda aqui”, lembra Rafaela.

Desde então, Rafaela se apaixonou pelo edifício: “O que você olha e fala que é do Artacho são as cores – o rosa e o azul –, as pastilhas. Na fachada tem essa coisa dos metais e os acabamentos – os mármores são muito lindos, que ele mistura com granilite, pastilha. Essa mistura de coisas luxuosas e aquele mármore roxo lá embaixo é incrível”.

foto: Agência Ophelia/Itaú Cultural

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Sidney Haddad

Sidney Haddad, morador do Edifício Bretagne | foto: André Seiti
foto: André Seiti/Itaú Cultural

O pai do fotógrafo Sidney Haddad comprou um apartamento no edifício Bretagne quando Sidney ainda era criança e morava no interior de São Paulo, visitando esporadicamente a capital. Na adolescência, mudou-se definitivamente para o Bretagne, até emigrar para a Europa, onde permaneceu quase sete anos. Depois de um longo trajeto, voltou a ser morador do edifício há três anos.

“Moro aqui porque, na realidade, gosto muito do prédio, gosto muito de apartamento aberto, em que o ar circula. Gosto de clima frio, não sou um cara de verão tropical, e a minha pretensão é conseguir restaurar o prédio, dar de novo uma cara pelo menos retrofitada, ou seja, fazer com que ele volte a ter determinadas coisas que eram importantes numa época e deixaram de ser importantes numa outra – nem que fosse de uma maneira mais moderna, contemporânea, não obrigatoriamente seguindo os padrões de conforto daquela época, mas tentando ser confortável também”, compartilha Sidney sobre a reforma que pretende fazer no local para manter o legado de Artacho.

“Acho que é um lugar interessante para se morar, é atraente, é um espaço instigante, provoca curiosidade. Todo mundo quer entrar, todo mundo quer ver, todo mundo quer saber”, comenta ele sobre morar no edifício.

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Anna Juni

Anna Juni, moradora do Edifício Parque das Hortênsias | foto: André Seiti
foto: André Seiti/Itaú Cultural

A história da arquiteta Anna Juni com o Edifício Parque das Hortênsias vem desde o nascimento. Tudo começou quando sua mãe e sua tia, que moravam no interior e vieram fazer faculdade em São Paulo, alugaram um apartamento no bloco A. Um pouco depois, seus pais se conheceram, começaram a namorar e passaram a viver juntos no prédio. “Foi neste apartamento que eu nasci, onde tenho as minhas primeiras memórias de vida”, diz a arquiteta.

Anna cresceu, foi morar no interior e, quando retornou a São Paulo para fazer faculdade, achou um apartamento para alugar no bloco B do mesmo edifício, retornando às raízes. Apaixonada pela arquitetura de Artacho, ela ressalta: “O Artacho não foi um arquiteto que produziu uma escola de pensamento, talvez a gente possa dizer isso, que era um cara muito singular no fazer dele. Ele não foi uma escola estética, nem ideológica, acho que a grande contribuição dele foi poder mostrar como os espaços comuns dos edifícios podem ser ativados e potentes; e suas ideias eram muito transgressoras – abrir um edifício de fora a fora e permitir que as pessoas passem por dentro da quadra, andando por uma praça com vegetação.”

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Wagner Tamanaha

Wagner Tamanaha, morador do Edifício Planalto | foto: André Seiti
foto: André Seiti/Itaú Cultural

O publicitário Wagner Tamanaha é morador do edifício Planalto há 12 anos. Mas o fã de Artacho já morou em outros prédios do arquiteto: primeiro no edifício Piauí, onde morou por sete anos, depois no edifício Parque das Hortênsias, onde viveu por mais seis anos, antes de se mudar para o Planalto. “Lembro que ia para a faculdade e o ônibus elétrico passava ali pelo edifício Piauí. Eu ficava olhando para o prédio, nem sabia que era do Artacho, mas achava um prédio bacana. É engraçado que essas coisas dos anos 1950 trazem uma nostalgia de um tempo que você não viveu. Acho que por ver as fotos dos meus pais, na lua de mel que eles tiveram no Rio de Janeiro, Campos do Jordão, aqueles carros antigos, cabelão com laquê, essa época sempre me atraiu” compartilha Wagner.

A admiração pela obra de Artacho e a dificuldade em encontrar informações na internet na virada do século XX para XXI, fez com que Wagner criasse uma comunidade de fãs do arquiteto na rede social Orkut: “Iniciei [uma comunidade] no Orkut, logo no comecinho dele, em 2004 ou 2005. Fui pesquisando, juntando matérias, mas achei que não atrairia ninguém. De repente, começaram a aparecer muitos moradores e a gente percebeu que tinham pessoas de todos os prédios do Artacho na comunidade. Começamos a nos organizar para visitarmos os prédios e fazíamos o roteiro em um dia só, já que são todos um perto do outro – você sai do Piauí anda um quarteirão e está no Cinderela, anda dois está no Parque das Hortênsias, anda três e está no Bretagne”.

foto: André Seiti/Itaú Cultural

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Léa Corrêa

Léa Corrêa, moradora do Edifício Parque das Hortênsias | foto: André Seiti
foto: André Seiti/Itaú Cultural

Léa Corrêa é uma das moradoras mais antigas do edifício Parque das Hortênsias. Sua família comprou o apartamento na época do lançamento, no início da década de 1950, mas só se mudaram quase 15 anos depois: “Cheguei aqui adolescente, em 1964. Já tinha me formado no normal e mudamos para cá porque o “habite-se” [documento municipal que autoriza o uso de uma edificação] foi dado em 1964 para o prédio do fundo, do Bloco B. É o melhor bloco porque fica entre o jardim do Parque das Hortênsias e o jardim do Shopping Higienópolis. Pegamos o sol da manhã de fio a pavio no apartamento, na sala e no quarto, e o sol da tarde no serviço para colocar roupa.

A artista plástica é uma das guardiãs da história do edifício. Anda pelos corredores e áreas comuns com um livro onde coleta relatos de moradores e visitantes, e reúne recortes de jornais e revistas: “Esse livro começou na época do [pedido de] tombamento, que foi em 2015, e eu achei que cabia a gente gravar as histórias novas, as histórias antigas. Temos relatos de moradores antigos e dos novos, então tem muitos relatos, dos eventos do prédio – festa de São João, confraternização de Natal –, de visitantes ilustres: arquitetos, pessoas que estão fazendo os seus trabalhos de pós-graduação com relação a Artacho e com relação ao prédio. Os mais jovens sabem da importância do Artacho, pois agora isso é utilizado como um dado importante, até para a valorização do edifício ou para o processo de tombamento, que não conseguimos nem por isso nem por aquilo – acho que eles acharam que tinha Artacho demais tombado–, mas temos o selo de valor cultural, nós e o Apracs.”

foto: André Seiti/Itaú Cultural

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