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Do sertão mineiro aos palcos-picadeiros

Benjamim de Oliveira nasceu em 11 de junho de 1870, em Pará de Minas (MG), na Fazenda dos Guardas. Quem nasceu na pequena cidade, na verdade, foi Benjamim Chaves – o Moleque Beijo. Filho de Leandra de Jesus, uma mulher escravizada, e de Malaquias Chaves, capataz de fazenda e caçador de escravizados fugidos, veio ao mundo no período da escravidão – a Lei Áurea só seria assinada anos mais tarde, em 1888. Contudo, assim como todos os seus irmãos, Benjamim foi alforriado ao nascer.

Encantado com o circo, e querendo mudar a vida que tinha até então, fugiu com o Circo Sotero aos 12 anos. A partir daí, viajando por várias cidades e pulando de circo em circo, começou sua formação e sua carreira artística até se tornar Benjamim de Oliveira, multiartista e um dos mais influentes e aplaudidos nos palcos-picadeiros da época.

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Quem foi Benjamim de Oliveira?

Conheça a história do artista neste vídeo em animação narrado pelo músico Maurício Tizumba.

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O sobrenome Oliveira

Foi no circo do artista Sotero Villela, viajando pelo sertão mineiro, que o Moleque Beijo aperfeiçoou diversas técnicas circenses, de acrobacias a malabarismo. Teve como primeiro mestre o artista Severino de Oliveira. Há indícios de que foi nessa época que Benjamim adotou o sobrenome Oliveira, pelo qual ficou conhecido.

Fugiu do Circo Sotero em meados de 1885, passando pelo Circo Jayme Pedro Adayme, na cidade de Mococa, em São Paulo. Há referências de que foi neste período que, pela primeira vez, Benjamim foi remunerado pelo seu trabalho.

De 1886 a 1888 trabalhou no circo de Manoel Barcelino, próximo a São João Del Rei (MG). Barcelino foi o grande mestre de Benjamim, segundo o mesmo, aquele que o possibilitou “criar asas”.

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Cartão de divulgação de 1909 com vários personagens encenados por Benjamim de Oliveira no circo-teatro, entre eles o de aristocrata. Talvez a imagem mais conhecida do artista (Fonte: SILVA, Erminia. Circo-teatro: Benjamim de Oliveira e a teatralidade circense no Brasil, 2009, p. 240. Acervos Erminia Silva/Família de Benjamim de Oliveira)

Cartão de divulgação de 1909 com vários personagens encenados por Benjamim de Oliveira no circo-teatro, entre eles o de aristocrata. Talvez a imagem mais conhecida do artista (Fonte: SILVA, Erminia. Circo-teatro: Benjamim de Oliveira e a teatralidade circense no Brasil, 2009, p. 240. Acervos Erminia Silva/Família de Benjamim de Oliveira)

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Família

Em suas andanças, conheceu Victoria Maia de Oliveira em 1896, na cidade de Ribeirão Preto (SP). Victoria, que já trabalhava com circenses, tornou-se artista depois de conhecer Benjamim. Casaram-se em 1914, já com duas filhas: Jacy de Oliveira Cardoso e Juçara Oliveira. A mais velha, Jacy, seguiu os caminhos artísticos dos pais.

Benjamim de Oliveira faleceu em 1954, aos 82 anos de idade, mas as memórias e as histórias de sua vida e obra reverberam nas diversas gerações de sua família. Por meio das falas de Juyraçaba Cardoso e Jaciara Cardoso, neto e bisneta de Benjamim, respectivamente, podemos conhecer um pouco mais de um dos grandes artistas do circo brasileiro. O vídeo apresenta um trecho da entrevista de Juyraçaba para o documentário Minha avó era palhaço (2016), dirigido por Ana Minehira e Mariana Gabriel.

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Filhas, netos e bisnetos

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Cidadezinha qualquer

“Em junho de 1882, a cidadezinha de Pará de Minas era o que se podia chamar de uma serra pacata. Pará de Minas acordava cedinho com o canto dos primeiros galos e dormia à noite ao brilho das primeiras estrelas. Era uma cidadezinha qualquer do poema famoso de Carlos Drummond. Mas eis que de repente a vida pacata e sempre a mesma de Pará de Minas foi abalada por uma nova sensacional. […] como se fosse um grande abajur deixado na rua, o Circo Sotero encheu com show de luzes e de alegria a noite mansa de Pará de Minas. Ninguém pode imaginar o que representa o circo na vida das pequenas vilas e cidades do interior brasileiro, a não ser que esse alguém seja do interior e tenha visto numa noite inolvidável a grande barraca iluminada de uma companhia modesta, de gente modestíssima, mas que é sempre um grande circo […]

Trecho do programa Honra ao mérito, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro

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Neste vídeo gravado na cidade natal de Benjamim, José Roberto Pereira, ex-diretor de Cultura de Pará de Minas, fala sobre a relação da cidade com uma de suas figuras mais célebres e o legado construído pelo artista.

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“Um artista completo, reconhecido e respeitado muito além dos territórios circenses. Sendo natural de Pará de Minas (MG), assim como Benjamim de Oliveira, tomei a iniciativa de homenagear o grande artista com uma escultura em tamanho natural, em bronze. Acho justa a homenagem para manter sempre viva a memória de Benjamim.”

Alexandre Pinto, autor da estátua que se encontra em Pará de Minas

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A história contada no rádio

Ouça abaixo o programa Honra ao mérito, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, transmitido em 7 de agosto de 1942, em homenagem a Benjamim de Oliveira e que contou com um depoimento do próprio artista.

Clique aqui para acessar a transcrição.

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Benjamim de Oliveira sendo condecorado por Floriano Faissal, ator e radialista, com uma medalha durante participação no programa "Honra ao mérito", da Rádio Nacional, em 1942. Era comum que as cidades – através de suas autoridades ou de seus representantes de classes, associações artísticas etc. – homenageassem artistas circenses com placas ou medalhas, normalmente de ouro, que eles frequentemente ostentavam em seus coletes e suas casacas (Acervo Família de Benjamim de Oliveira)

Benjamim de Oliveira sendo condecorado por Floriano Faissal, ator e radialista, com uma medalha durante participação no programa Honra ao mérito, da Rádio Nacional, em 1942. Era comum que as cidades – através de suas autoridades ou de seus representantes de classes, associações artísticas etc. – homenageassem artistas circenses com placas ou medalhas, normalmente de ouro, que eles frequentemente ostentavam em seus coletes e suas casacas (Acervo Família de Benjamim de Oliveira)

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