O som
Uma orquestra com formação de nove músicos, em shows menores, até cem, no Carnaval e em desfiles oficiais do bloco em datas comemorativas. O número de componentes varia, os instrumentos nunca. São os tambores do Ilê Aiyê – com ritmos inspirados no candomblé e também abertos para diálogos com outros tipos de sons da diáspora africana – os responsáveis pela sonoridade única do primeiro bloco afro do Brasil.
Compõem o corpo percussivo do Ilê os surdos, que no bloco recebem nominações e afinações específicas. O fundo 1 e o fundo 2 têm como função dar o tempo. A dobra de 1 é responsável pelo contratempo de um fundo para o outro, enquanto a dobra de 2 cuida de preencher o espaço vazio deixado pela dobra de 1, sendo um instrumento com mais notas. O martelo, por sua vez, alimenta o fundo, enquanto os repiques, mais agudos, ficam à frente. A caixa é o coração da banda, responsável por cadenciar o ritmo e, segundo os maestros (ou mestres), o único instrumento que não pode faltar de jeito nenhum. O mais livre de todos é o timbal, que faz variações e solos.
Nos desfiles oficiais, com a orquestra em formação completa, os graves são aumentados e são usados efeitos e outros instrumentos, como agogô e chocalho.
Em ambas as formações, reduzida ou completa, quem anuncia que o bloco vai começar seu desfile são os tambores. Eles também são o principal meio de comunicação entre o mundo espiritual e o material. A partir do momento em que saem dos terreiros de candomblé, onde são tratados como deuses, e vão para as ruas, os tambores não só ditam o ritmo do Ilê como se colocam no mundo como um ato de resistência. São os tambores do Ilê Aiyê que propiciam a comunicação direta com tudo e todos.