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Entender a realidade

Milton Santos | acervo da família

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Uma mente curiosa

Baiano de Brotas de Macaúbas (BA), Milton Santos nasceu em 1926. Seus pais, os professores primários Adalgisa Umbelina de Almeida Santos e Francisco Irineu dos Santos, o introduziram nos estudos de aritmética, álgebra, francês e clássicos da literatura – até sua entrada no ginásio; segundo Milton, esses estudos compunham uma “lição de coisas”.

Aos 10 anos, prestou o exame de admissão para o ensino ginasial no Instituto Baiano de Ensino, colégio privado de classe média na cidade de Salvador, tornando-se aluno interno e morando longe dos pais. Foi durante o ginásio que começou a dar aulas para outros alunos, principalmente matemática e geografia – esta última se tornaria sua área de estudo e trabalho. Nessa época, criou os jornais O Farol, voltado para debates literários e filosóficos, e O Luzeiro. No ginásio, formou-se bacharel em ciências e letras.

Por influência de seu tio Agenor, advogado, Milton Santos ingressou no curso de direito da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Na faculdade, ele conheceu Simões Filho, dono do jornal A Tarde, que o convidou para trabalhar na redação após a conclusão do curso.

Já bacharel em direito, Milton passou a lecionar geografia no segundo grau do Instituto Central Isaías Alves (Iceia) e do Colégio Central da Bahia. Mudou-se para Ilhéus, onde trabalhou por cinco anos como professor concursado no ginásio municipal. Lá foi também correspondente do jornal A Tarde na Zona do Cacau. A prática jornalística de Milton foi fortemente marcada por sua dedicação à geografia: quando não estava na redação do jornal, seu trabalho de campo era mais geográfico do que de reportagem. Foi em Ilhéus que publicou o livro Zona do cacau. Introdução ao estudo geográfico, sobre a produção cacaueira da Bahia, o povoamento das regiões e a introdução da cultura do cacau, os tipos humanos, as condições de vida e a ocupação do território. Também nessa época Milton se aproximou da Associação dos Geógrafos Brasileiros.

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Seção de vídeo

O enérgico e generoso Milton

Uma pessoa enérgica, alegre e generosa, de sorriso e expressões marcantes. Neste vídeo, o geógrafo Billy Malachias, a geógrafa Mónica Arroyo, a jornalista Nina Santos, neta do geógrafo, e Marie-Hélène Tiercelin dos Santos, esposa de Milton, falam da convivência com o intelectual, de sua personalidade e de sua visão de mundo.

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"Havia metas, mas não havia na nossa casa essa ideia de ser o melhor, ser o bom, que hoje é muito frequente. É evidente que a família de minha mãe já era letrada e cultivada. Meu avô era professor, os meus avós maternos eram professores do Ciclo Operário, que seria depois o sindicato, em Salvador. Havia essa tradição, havia os retratos na sala, havia o elogio do avô, do tio que tinha sido seminarista e virou advogado."

Milton Santos, no livro "Testamento Intelectual"

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