17 DE JULHO DE 2024
27 DE OUTUBRO DE 2024
SÃO PAULO
O tom do berimbau, do gongo e da cuíca, o chacoalhar do caxixi, o cantar das águas. O multi-instrumentista pernambucano Naná Vasconcelos (1944-2016) era capaz de transformar o inesperado em canção, fosse por meio de um objeto ou do próprio corpo. Fez nascer um som que ninguém antes ousou criar – visto o grande número de premiações recebidas pelo exímio trabalho, os aplausos da crítica e a capacidade de encantar e envolver o público a cada performance.
Ainda na infância, observando os ensaios do pai, Naná aprendeu a tocar os mais diferentes instrumentos de percussão, especializando-se no berimbau. O elemento típico das rodas de capoeira ganhou novos contornos nas mãos do artista, que explorou suas possibilidades com ritmos e estilos diversos. O artefato chegou às orquestras, recebeu elementos do jazz, do eletrônico e de todas as referências oriundas da mente criativa do percussionista, que soma quase 400 gravações e parcerias com artistas nacionais e estrangeiros ao longo da carreira.
A Ocupação Naná Vasconcelos faz uma homenagem à vida e à trajetória artística de Juvenal de Holanda Vasconcelos (seu nome de batismo), nascido em 2 de agosto de 1944, brasileiro conhecido mundo afora, mestre talentoso, vencedor de oito Grammys. Mais: artista que cantou com as crianças, que conduziu os batuqueiros nas ruas do Recife e que esteve à frente da organização das nações de maracatu na abertura do Carnaval da capital pernambucana. Aqui, Naná é o protagonista e suas vivências são o norte.
Com curadoria do Itaú Cultural (IC), a mostra traz uma seleção de fotos, vídeos, vestimentas, instrumentos e objetos – inclusive uma das premiações recebidas pelo homenageado –, além de toda a sua essência e unicidade.
Naná costumava dizer que ele era “o Brasil que o Brasil não conhece”. Apresentamos, então, mais sobre o percussionista que espalhou sua arte pelo mundo sem nunca abandonar suas raízes; que deixou como legado uma obra cheia de originalidade; que segue causando saudade, apesar de se manter presente. É que Naná era música, era único. Na verdade, continua sendo. Sempre será.
Itaú Cultural