Jornalista atuante entre as décadas de 1960 e 1970, Vladimir Herzog (1937-1975) viveu movido pela curiosidade, pela atenção crítica às estruturas sociais e pelo amor às artes, em especial o cinema – campo que desponta como seu provável projeto de futuro. Mas quem era, afinal, Herzog? Qual a sua importância para o jornalismo brasileiro? Qual o sabor dos seus textos? Como era visto por familiares e amigos? O que pensava e escrevia sobre cinema? Como seriam os filmes que nunca chegou a produzir?
Essas perguntas sugerem a reordenação de uma história que ficou conhecida de trás para a frente: a partir da morte precoce, que repercute até hoje como registro da redemocratização política do Brasil.
Em 1975, a versão oficial dos militares comunicava o suposto suicídio de Vladimir Herzog nas dependências do Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) de São Paulo. A partir de então, família e amigos iniciaram uma luta para provar que o inquérito policial militar (IPM nº 1.173-75) sobre sua morte era forjado. Em 2018, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (CIDH/OEA) anunciou a condenação internacional do Estado brasileiro pela omissão na apuração do assassinato.
A 46ª edição do programa Ocupação inverte essa narrativa, lançando luz sobre a vida e a produção intelectual de Vlado – nome de nascimento que ele, imigrante iugoslavo, preteriu por um que soasse comum no Brasil. Peças desse quebra-cabeça são reunidas para nos aproximar do jornalista, do editor, do fotógrafo, do desbravador do audiovisual e do amigo.
Em parceria com o Instituto Vladimir Herzog, a mostra oferece ainda uma publicação impressa – dedicada exclusivamente à relação entre Vlado e a sétima arte.
Itaú Cultural e Instituto Vladimir Herzog