Nos Porões

Quarenta e quatro anos depois, o assassinato de Vladimir Herzog em 25 de outubro de 1975 ainda pauta o noticiário, como um caso inconcluso e atual. Naquele sábado, pela manhã, o jornalista se dirigiu ao número 1.030 da Rua Tomás Carvalhal para prestar depoimento ao Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna de São Paulo (DOI-Codi/SP), após ter sido intimado na noite anterior, quando estava na TV Cultura. Diretor de jornalismo da emissora, Vlado foi por conta própria ao endereço e nunca chegou a sair de lá.

A farsa de um suposto suicídio foi, de imediato, contestada a partir da fotografia oficial, que registra Herzog com os pés tocando o chão e de joelhos flexionados – posição em que um enforcamento seria improvável. Vlado ainda era mais alto do que a janela com grades onde foi encontrado e não poderia ter acesso a qualquer instrumento com o qual pudesse se enforcar, como cintos ou cadarços, todos retirados previamente.

Para família e amigos foram muitos os passos dessa longa travessia por memória, verdade e justiça. Apenas em 2018 o Brasil foi condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) por não investigar o assassinato de Vladimir Herzog. Como o crime de tortura é imprescritível, é obrigação do Estado brasileiro apurá-lo.

“Aliás, hoje é a ‘eleição’ do Costa e Silva. Vocês ainda pensam retornar logo? Acham que existem perspectivas de trabalho? Das cartas que temos recebido de parentes e amigos, além de testemunhos de pessoas que passaram por aqui, a coisa anda mais negra do que nunca e todos nos aconselham a não voltar, pelo menos por enquanto.”

Trecho de carta enviada ao amigo Tamás Szmrecsányi, 3 de outubro de 1966. Acervo Instituto Vladimir Herzog

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Seção de vídeo

A Morte

O dia da morte do jornalista Vladimir Herzog e as implicações imediatas, em depoimentos de Clarice Herzog, publicitária e viúva de Herzog, dos jornalistas Sérgio Gomes e Nemércio Nogueira, da publicitária Nilce Tranjan, do crítico de cinema e cineasta Jean-Claude Bernardet, do cineasta João Batista de Andrade e do engenheiro Ivo Herzog, filho de Vlado.