Eu sou a moda brasileira

Em ação

Zuzu Angel em seu ateliê de costura | imagem: Valentim/acervo Instituto Zuzu Angel

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Zuzu Angel: uma visão internacional

As silhuetas da moda predominantes na década de 1950, quando Zuzu Angel começou sua carreira de estilista, eram vestidos com corpete justo e cintura bem marcada com saias bufantes. Como suas contemporâneas, Zuzu Angel mudou o visual na década de 1960 optando por vestidos mais jovens e evasês e adotando os comprimentos mini, midi e máxi, transformando todos esses elementos em peças de assinatura de sua produção. Zuzu Angel, ela mesma do tipo mignon, feminina e cheia de curvas, desenhava roupas de bom caimento que valorizassem o corpo de suas clientes, refletindo as tendências populares. Seus vestidos eram generosos em corte e ajuste, com lindos corpetes ou cinturas baixas, mangas esvoaçantes em tecidos transparentes e saias rodadas. Seu trabalho refletia a moda mais informal que surgia nos Estados Unidos: o estilo Califórnia com o chique de Nova York.

Para começar, Zuzu usava tecidos simples e baratos por necessidade. A reciclagem de tecidos de artigos domésticos deu novo impulso e ensinou os clientes a ver o potencial em diferentes materiais. Isso acabou influenciando a própria indústria têxtil, que produziu novos tecidos que antes não eram usados na moda. Por exemplo, Zuzu incorporou a tradicional renda brasileira de crochê a seus desenhos e, por fim, tingiu-a para combinar com sedas estampadas exclusivas para produzir um visual brasileiro único. Toalhas de mesa bordadas transformaram-se em vestidos de verão que caíam no gosto de suas clientes da sociedade muito antes de o movimento hippie começar a trazer um tempero a todas as camadas da sociedade. A criatividade de Zuzu Angel e sua energia fortaleceram e inspiraram não só a emergente indústria de moda brasileira, mas muitos outros aspectos da cultura brasileira que hoje são conhecidos mundialmente.

Autodidata, Zuzu Angel foi uma inovadora, mostrando o potencial de inspiração nas tradições e nos materiais brasileiros. A moda não precisava ser copiada de nenhum outro lugar! À medida que seu sucesso cresceu, ela pôde passar a usar sedas francesas importadas, mas também desenhava seu próprio algodão estampado colorido , feito no Brasil, para suas roupas de assinatura e acessórios. Ela insistiu na incorporação do bordado, tanto aquele feito à mão como a tradicional técnica brasileira, mas também explorou o uso de tecidos inéditos e o bordado à máquina recém-desenvolvido.

Empresária severa, projetou um show room inovador no Leblon décadas antes do agora famoso conceito de “designer boutique”. Usar discretamente seu nome como um logo pessoal, obviamente, contudo, localizado nos punhos ou em costuras externas, era algo avançado: entre os primeiros no mundo.  Zuzu promoveu seu trabalho em Nova York, introduzindo não somente a moda brasileira, mas estabelecendo uma ligação importante e duradoura entre o jeitinho brasileiro descontraído e o estilo americano emergente da Costa Oeste que, por si só, tornou-se uma influência permanente na moda ocidental.

No entanto, diferentemente de seus companheiros estilistas contemporâneos, Zuzu Angel vivenciou a trágica morte de seu filho Stuart nas mãos da ditadura militar, contra a qual ele havia protestado. Foi um toque de despertar arrasador que mudou profundamente sua vida pessoal e profissional e que terminou por levá-la a sua própria morte. A linha de vestidos de protesto de Zuzu Angel é única na história moderna: seus motivos bordados de símbolos ingenuamente desenhados do regime militar, em cores suaves, eram comentários pequenos, mas fortes e persuasivos. Zuzu Angel usou sua arte para denunciar abertamente o terror e a violência dos brasileiros poderosos e impotentes por todas as pessoas anônimas que tinham sofrido. Poucos protestos isolados foram tão fortes, antes ou depois, na história da humanidade. Usando suas melhores armas de paixão e compaixão, Zuzu Angel fez da moda parte responsável pela vida real no Brasil – o mais forte e maior impacto universal de sua vida e seu trabalho.

Katia Johansen

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A moda pós-guerra

João Braga é graduado em artes plásticas e educação artística, pós-graduado em história da indumentária pelo Instituto Paulista de Museologia e mestre em história da ciência pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). É professor da Faculdade Alvares Penteado (FAAP) e da Faculdade Santa Marcelina (FASM) e coordenador de pós-graduação de história da moda no Senac. É autor de História da Moda – Uma Narrativa (2007) e Reflexões Sobre Moda (2005).

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Pioneirismo e legado

A vida e a obra de Zuzu Angel marcaram a história do Brasil. Como profissional de moda, antes mesmo da morte de seu filho, deixou um legado indubitavelmente primoroso estética e socialmente falando. De fato, num Brasil onde a moda da elite social e financeira era abastecer-se de estilos importados, especialmente a moda francesa, Zuzu foi pioneira em assumir seu próprio país como fonte inesgotável de inspiração, valorizando e privilegiando suas auto-referências. Foi verdadeiramente a primeira estilista do país a usar a brasilidade como temática em sua visão de mundo para a moda. Foi uma autêntica postura de verde-amarelismo. Como ela mesma dizia: ‘Eu sou a moda brasileira!’.” 

João Braga

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Detalhe 1

imagem: André Seiti

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Detalhe 2

imagem: André Seiti

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Essencialmente brasileira

João Braga é graduado em artes plásticas e educação artística, pós-graduado em história da indumentária pelo Instituto Paulista de Museologia e mestre em história da ciência pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). É professor da Faculdade Alvares Penteado (Faap) e da Faculdade Santa Marcelina (Fasm) e coordenador de pós-graduação de história da moda no Senac. É autor de História da Moda – uma Narrativa (2007) e Reflexões sobre Moda (2005).

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Parceria

Hildegard Angel é filha de Zuzu Angel e jornalista social e de moda. Iniciou sua carreira no jornal O Globo, e colaborou com revistas como Vogue e Manchete. Fundou em 1993 o Instituto Zuzu Angel e em 1995 a Academia Brasileira de Moda.

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Zuzu Pioneira

João Braga é graduado em artes plásticas e educação artística, pós-graduado em história da indumentária pelo Instituto Paulista de Museologia e mestre em história da ciência pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). É professor da Faculdade Alvares Penteado (Faap) e da Faculdade Santa Marcelina (Fasm) e coordenador de pós-graduação de história da moda no Senac. É autor de História da Moda – uma Narrativa (2007) e Reflexões sobre Moda (2005).

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Detalhe 3

imagem: André Seiti

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Vanguarda

Noivas que usavam túnicas e calça ou véus e detalhes de rendas, pedras brasileiras ou ainda vestidos feitos com toalhas bordadas colocaram as criações de Zuzu Angel na linha de frente da produção de moda do período. Deslocadas de seu tempo, essas noivas ainda são ousadas.

O espírito de vanguarda se fortalece em outras inovações da criadora, como as estampas próprias, que iam da iconografia tropical (aves, borboletas, flores e frutos) ao anjo e seu nome completo ou só o prenome, aplicados e desenhados de diversas maneiras em diferentes peças. O nome marca vinha também na borda de todos os tecidos exclusivos, que, em geral, tinham cores vivas e variadas.

Entre os tecidos, destaca-se o Polybel, mistura de algodão e poliéster, que ela desenvolveu junto à fábrica Dona Isabel como o tecido ideal  para peças leves que garantiam conforto e elegância à mulher moderna.

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Psicodelia

João Braga é graduado em artes plásticas e educação artística, pós-graduado em história da indumentária pelo Instituto Paulista de Museologia e mestre em história da ciência pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). É professor da Faculdade Alvares Penteado (Faap) e da Faculdade Santa Marcelina (Fasm) e coordenador de pós-graduação de história da moda no Senac. É autor de História da Moda – uma Narrativa (2007) e Reflexões sobre Moda (2005).

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imagem: Indio San

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A influência dos grupos musicais na moda

João Braga é graduado em artes plásticas e educação artística, pós-graduado em história da indumentária pelo Instituto Paulista de Museologia e mestre em história da ciência pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). É professor da Faculdade Alvares Penteado (Faap) e da Faculdade Santa Marcelina (Fasm) e coordenador de pós-graduação de história da moda no Senac. É autor de História da Moda – uma Narrativa (2007) e Reflexões sobre Moda (2005).

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Detalhe 4

imagem: André Seiti

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Detalhe 5

imagem: André Seiti

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Década de 50

“O News Look de Dior desencadeou todo o padrão estético dos anos 50 no qual a cintura marcada com saias rodadas passaram a ser o verdadeiro gosto desse momento. Esta, costumava ser tão marcada que, chegavam a usar uma cinta muito apertada para obterem a tal “cintura de vespa”, assim denominada. Como complemento os sapatos eram os  ‘scarpins’ de salto alto e bico fino, os chapéus aumentaram as abas e o uso de bijuteria fina imitando jóias tornou-se um hábito. Forrar o sapato com o mesmo tecido do vestido ou mesmo orná-lo com os mesmo bordados e/ou materiais também utilizados na sua elaboração era o que havia de extremo bom gosto. As luvas eram um complemento indispensável para a toalete feminina até mesmo para o dia quando eram curtinhas chegando até os punhos.”

[João Braga, em História da Moda: uma narrativa]

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Costureiro x Costureira

Hildegard Angel é filha de Zuzu Angel e jornalista social e de moda. Iniciou sua carreira no jornal O Globo, e colaborou com revistas como Vogue e Manchete. Fundou em 1993 o Instituto Zuzu Angel e em 1995 a Academia Brasileira de Moda.

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Editorial Manchete 1

imagem: Valentim/acervo Instituto Zuzu Angel

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O profissional de moda

João Braga é graduado em artes plásticas e educação artística, pós-graduado em história da indumentária pelo Instituto Paulista de Museologia e mestre em história da ciência pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). É professor da Faculdade Alvares Penteado (Faap) e da Faculdade Santa Marcelina (Fasm) e coordenador de pós-graduação de história da moda no Senac. É autor de História da Moda – uma Narrativa (2007) e Reflexões sobre Moda (2005).

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Editorial Manchete 2

imagem: Valentim/acervo Instituto Zuzu Angel

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Editorial Manchete 3

imagem: Valentim/acervo Instituto Zuzu Angel

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Zuzu está aqui, mas sua moda está em Nova York

Hildegard Angel é filha de Zuzu Angel e jornalista social e de moda. Iniciou sua carreira no jornal O Globo, e colaborou com revistas como Vogue e Manchete. Fundou em 1993 o Instituto Zuzu Angel e em 1995 a Academia Brasileira de Moda.

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Editorial Manchete 4

imagem: Valentim/acervo Instituto Zuzu Angel

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Década de 60

“Da Inglaterra a influência veio especialmente de Mary Quant (modelo e mais tarde estilista), que difundiu a minissaia e a meia-calça através do próprio uso e da sua loja ‘Bazaar instalada em King`s Road. De Londres também veio a moda jovem da butique ‘Biba’ de Barbara Hulanicki, que trouxe muita influência; e, como não podiam deixar de ser citados, os Beatles que também ditaram moda com seus terninhos, cabelos “tijelinha” e modelos coloridos. Com a consolidação da moda hippie e de sua associação com a filosofia oriental hindu, eles adotaram, após terem ido à Índia, um visual com características indianas e ajudam a difundir esse aspecto na moda jovem.” (…) “De um modo geral, a moda feminina dos anos 60 era de aspecto ingênuo onde Twiggy, outra grande modelo, difundiu um visual de menina com cabelos curtos e olhos maquiados no aspecto de ‘olho de boneca’ com rímel ou cílios postiços.”

[João Braga, em História da Moda: uma narrativa]

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Editorial Manchete 5

imagem: Valentim/acervo Instituto Zuzu Angel

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Editorial Manchete 6

imagem: Valentim/acervo Instituto Zuzu Angel

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Editorial Manchete 7

imagem: Valentim/acervo Instituto Zuzu Angel

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Editorial Manchete 8

imagem: Valentim/acervo Instituto Zuzu Angel

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Década de 70

“Os anos 70 começaram trazendo toda a referencia da moda hippie que começara ainda na segunda metade dos 60. Portanto, todo aquele visual característico desses jovens como calça boca-de-sino, multi-estampas, cabelos, longos, batas indians etc., ainda estavam em vigência na moda dos primeiros anos da década de 70. Os negros, por sua vez, usavam o penteado black power, super difundido pela militante norte-americana Angela Davis, a partir de 1971, contra o racismo nos Estados Unidos.” (…) “O que foi muito usado, contudo, foram as calças compridas jeans que variaram desde bocas-de-sino no início do decênio, passando por cortes mais tradicionais e chegando no final da mesma década ao corte baggy e ao semi-baggy.”

[João Braga, em História da Moda: uma narrativa]

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Editorial Manchete 9

imagem: Valentim/acervo Instituto Zuzu Angel

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Editorial Manchete 10

imagem: Valentim/acervo Instituto Zuzu Angel

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Editorial Manchete 11

imagem: Valentim/acervo Instituto Zuzu Angel

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Editorial Manchete 12

imagem: Valentim/acervo Instituto Zuzu Angel

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Editorial Manchete 13

imagem: Valentim/acervo Instituto Zuzu Angel