Nesta série, autores se apresentam de forma não convencional. Conheça a convidada do mês!
Publicado em 16/05/2021
Atualizado às 18:53 de 16/08/2022
Poeta em imagens propõe que autores se apresentem de maneira não convencional – por meio de fotografias, desenhos ou do que sua criatividade permitir – e comentem essas escolhas. Acesse a publicação também no Instagram do IC.
Um objeto companheiro
Qual é a função desse objeto na sua vida?
O meu avô Cícero trabalhava na enxada, na terra dos donos da terra; a minha avó Egídia trabalhava no cuidado de 15 filhos e da casa. Nenhum dos dois aprendeu a ler e escrever. Durante o meu processo de alfabetização na escola, ali pelos 7 anos de idade, senti uma necessidade, uma vontade de ensinar a eles. Eu estudava à tarde e passava a manhã com os dois. Encomendei à minha tia material escolar: um caderno com o nome de cada um, lápis colorido, cola, papel crepom... Manhã após manhã, tentava desviá-los de suas atividades cotidianas (minha avó fazia fuxicos e ouvia programas religiosos no rádio; meu avô gostava de olhar a rua, as pessoas, de acompanhar um prédio se erguer) e posicionava esse objeto especial, o lápis, na mão deles, com a minha por cima, e escrevíamos algumas palavras. Tudo começa aí e para aí também retorna.
Um poema especial
Por que esse poema?
Angélica Freitas é uma das minhas poetas preferidas. Gosto desse poema porque ele provoca um retorno para nós mesmas, e percebo que se encaixa muito no que eu sinto como poeta. Há uma solidão necessária e bonita, e acredito que devemos festejar isso.
Autorretrato
Uma mentira e uma verdade sobre você, sem revelar qual é qual.
Sobrevivi até aqui. Escrevo todos os dias.
O que é poesia para você?
O que é poesia?
A poesia é um jeito de habitar o mundo. A contrapelo, na contramão. É sentir demais. É o momento em que o olho arde. É correr o risco no papel e na vida.