O curta será filmado em julho deste ano e pretende atingir, além do público de festivais de cinema, pessoas de 16 a 40 anos que assistem a anime e filmes de super-heróis
Publicado em 22/03/2019
Atualizado às 18:31 de 30/07/2019
por Tatiana Diniz
O diretor e roteirista Oriol Barberà nasceu em Barcelona e conheceu o brasileiro André Miranda durante um mestrado de cinema na Escola Superior de Cinema e Audiovisuais da Catalunha (Escac) em 2009. Nascia uma sólida parceria, que resultou na vinda de Barberà ao Brasil para filmar o curta-metragem Deus. “Acabei ficando”, conta o cineasta espanhol, hoje morador da cidade de São Paulo. E foi na capital paulista que diversas ideias se acumularam na mente de Barberà, dando forma ao projeto do curta Mister Powerful.
“Quem trabalha em cinema sabe bem o que é se sentir frustrado. Um dia você tem uma ideia, essa ideia se torna ideia fixa, você pensa, escreve, trabalha, consegue dinheiro, filma, edita... E, quando finaliza, o resultado não é o que imaginava. Aí você fica frustrado e promete parar com essa loucura de dedicar todo o tempo a uma imagem que apareceu na cabeça. Mas então, seis meses depois, você tem uma ideia, essa ideia se torna fixa e lá vai você de novo...”, brinca. “Mister Powerful nasceu dessa frustração.”
Desta vez, a imagem era a de um homem fantasiado perguntando-se se havia feito a escolha certa. O roteiro apresenta um personagem com a ideia fixa de usar uma roupa de Super Sentai azul. Depois, ele desiste da vida de falso super-herói, mas acaba voltando à mesma ideia vestindo-se de outra cor.
Novamente em parceria com André Miranda, corroteirista do projeto aprovado pelo Rumos Itaú Cultural 2017-2018, Barberà partiu para o novo ciclo. Aos dois uniu-se Júlia Milward, também corroteirista e que faz a ambientação criando imagens que exploram o que o personagem sente dentro dele. “Uma referência são os filmes de Guy Maddin, que exploram narrativas internas externalizando o que acontece nos personagens com imagens hipnotizantes”, explica o espanhol.
À medida que o roteiro se desenvolveu, os criadores perceberam um elemento novo na história: a identidade. “Ou seja, de que maneira o mundo externo, o consumo e a cultura popular moldam como nos vemos e como percebemos o entorno. Usando o personagem como exemplo, mergulhamos no conflito que afeta a sociedade. Mostramos de que forma imposições do consumo cultural a uma pessoa fragilizada e solitária podem criar um Mister Powerful”, observa o diretor.
O curta será filmado em julho deste ano e pretende atingir, além do público de festivais de cinema, pessoas de 16 a 40 anos que assistem a anime e filmes de super-heróis e que cresceram com os seriados da TV aberta brasileira dos anos 1980 e 1990, como Jaspion, Power Rangers, Changeman e Ultraman. A obra também deve participar de eventos como a CCXP (a Comic Con de São Paulo) e o Anime Friends.