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Rumos 2013–2014: O encantamento de Nina pelo teatro

Qorpo Santo – Três Linguagens selecionado: Nina Rosa Sá Nina Rosa Sá tinha 17 anos e queria estudar cinema. O problema é que...

Publicado em 11/08/2014

Atualizado às 20:58 de 02/08/2018

obra: Qorpo Santo – Três Linguagens
selecionado: Nina Rosa Sá

 

Nina Rosa Sá tinha 17 anos e queria estudar cinema. O problema é que Curitiba, capital do Paraná, ainda não tinha curso superior na área. O pai, que talvez não quisesse a filha tão longe de casa, deu a sugestão: e o teatro? De quebra, a levou para ver a peça A Vida É Cheia de Som e Fúria, de Felipe Hirsch. “Ali me encantei”, relembra. O encantamento virou profissão e perdura até hoje.

Nos “atos” seguintes da vida real, Nina se tornou professora, dramaturga, produtora e diretora teatral. Agora, aos 30 anos, prepara-se para colocar em prática um projeto antigo, Qorpo Santo – Três Linguagens, selecionado pelo Rumos.

O objetivo é divulgar a obra de Qorpo Santo, autor nacional pouco conhecido do público, que chamou a atenção de Nina quando ela cursava o último ano de faculdade, em 2007. A dramaturga ficou impressionada com o caráter de vanguarda dos textos dele, que, em 1866, abordava temas tabus e já apresentava traços de movimentos que surgiriam depois, como o Teatro do Absurdo e o surrealismo.

Na ocasião, ao lado do amigo e músico Leo Fressato, Nina apresentou na faculdade algumas cenas de Qorpo Santo. “Foi amor à primeira vista. Desde então, queria fazer algo maior, um projeto de estudo mesmo da obra completa dele”, pontua.

Anos depois, chamou novamente o amigo e parceiro Leo Fressato para acrescentar ideias ao trabalho e, juntos, chegaram à proposta final, que envolve três linguagens: teatro, música e audiovisual. A ideia é que toda a pesquisa e a imersão no trabalho de Qorpo Santo resultem não apenas em um espetáculo teatral, mas também em canções que serão criadas a partir de letras e poesias escritas por ele e, posteriormente, videoclipes dessas músicas.

“Assim, a obra do autor gerará um processo de retroalimentação artística, em que uma obra (o espetáculo) dá origem a outra (a trilha sonora), que dá origem a outra (os vídeos) que, por sua vez, complementa o sentido da obra original, podendo ser usada no espetáculo”, explica Nina.

Colaboradores

Já é uma marca na carreira de Nina Rosa Sá a participação ativa de colaboradores e o uso de outras linguagens em suas produções, como as projeções em vídeo na maioria de suas peças ou a importância da música na construção da narrativa.

Desde o ano passado, ela formalizou essas ideias no Projeto Z, companhia teatral com nome e conceito inspirados em Zelig, de Woody Allen. Assim como o personagem do cineasta, que personifica as características psíquicas e físicas de quem está por perto – uma hora é negro, outra é chinês –, a ideia de Nina é também absorver as características dos artistas convidados em cada processo.

O primeiro trabalho resultante do Projeto Z foi a peça Para Ler aos Trinta, que estreou oficialmente no Festival de Curitiba. Qorpo Santo também já faz parte dessa concepção.

“Acho que o conceito se potencializa ainda mais [em Qorpo Santo], justamente por contarmos com linguagens diferentes da teatral. [...] É necessário respeitar a criação do compositor Leo Fressato, do arranjador Rodrigo Lemos e dos meninos que encabeçam a equipe de vídeo, Bernardo Rocha e Rosano Mauro Jr. Não apenas por serem áreas em que eles têm mais conhecimento, mas também porque o objetivo é esse, que todo mundo possa se enxergar neste projeto”, salienta.

Nina faz questão de ressaltar, porém, que seu trabalho não é apenas de pesquisa. Ela também quer que sua obra chegue, desperte, sensibilize o público, a exemplo da reação que a plateia teve ao ver A Vida É Cheia de Som e Fúria. Talvez, reflete ela, esta seja a maior influência que a peça de Felipe Hirsch, determinante em sua decisão de seguir no teatro, tenha em sua obra. “Pensar em um tipo de teatro que possa ser de pesquisa, que possa ser arte, mas também que possa ser amado.”

Saiba mais sobre o Projeto Z  aqui.

 

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