Rua Fulano de Tal selecionado: Carol Neumann Narrativas se sobrepõem, formando camadas de histórias. São relatos de moradores da Rua...
Publicado em 25/09/2015
Atualizado às 10:16 de 03/08/2018
obra: Rua Fulano de Tal
selecionado: Carol Neumann
Narrativas se sobrepõem, formando camadas de histórias. São relatos de moradores da Rua Doutor Arthur de Carvalho e Sá, em Mauá, cidade na região metropolitana de São Paulo. Eles tentam responder a uma questão simples, ponto de partida da obra Rua Fulano de Tal, da artista visual Carol Neumann: quem é a pessoa que dá nome à rua?
Ao investigar a origem do nome da rua onde cresceu e mora até hoje, Carol viu-se em meio a um trabalho que tocava o imaginário daqueles que, como ela, vivem ali. Pelo relato de mais de cem pessoas moradoras de 65 casas na Doutor Arthur de Carvalho e Sá, ela, formada em midiologia, terminou fazendo um trabalho de memória sobre o local onde está a sua própria casa, construída pelo seu avô Albert.
A intenção primeira era entender quem fora Arthur de Carvalho e Sá, nome que aparece em documentos, cartas e faturas de todos que ali moram. “Até o momento, ainda não sabemos de quem se trata”, diz ela. O resultado final do projeto Rua Fulano de Tal é um arquivo de depoimentos e fotografias que, reunido em um site, conta a história da rua não pelo seu nome, mas, antes, pelas narrativas daqueles que ali vivem.
São histórias de Maria, Juvenal, Odete e tantos outros nomes que em comum têm o fato de suas janelas se abrirem para a mesma rua. Carol fotografou cada um dos entrevistados, formando assim um pequeno acervo visual dedicado àqueles que dão vida ao local. Não o fez, contudo, de modo convencional. Usou uma traquitana inventada por ela, um escâner adaptado para fazer as vezes de máquina fotográfica.
No momento da foto, se o fotografado se mexe, a imagem também se borra. A escolha por esse dispositivo teve um sentido: “A transformação, tanto da imagem quanto da rua, se dá pelo movimento das pessoas”, explica Carol. Embora as pessoas e sua relação com a rua em que vivem sejam mutantes, Carol terminou por reter fragmentos desse fluxo de tempo contínuo. Fez, portanto, uma caixa de memória sobre sua rua, uma história coletiva que a qualquer momento pode ser revista e ressignificada.