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Rumos 2013-2014: Três pesquisadoras batalham por uma dança mais criativa em Santa Catarina

Tubo de Ensaio – Composição [Interseções + Intervenções] selecionado: Jussara Xavier, Sandra Meyer e Vera Torres Santa Catarina sedia...

Publicado em 02/02/2015

Atualizado às 21:04 de 02/08/2018

obra: Tubo de Ensaio – Composição [Interseções + Intervenções]
selecionado: Jussara Xavier, Sandra Meyer e Vera Torres

Santa Catarina sedia cerca de 70 festivais e mostras de dança, inclusive o mais famoso do país, o de Joinville. Por outro lado, o estado ainda não possui um sistema de ensino superior na área e são raros os espaços de formação mais críticos. A junção desses fatores resulta em um cenário pouco favorável ao desenvolvimento e à criação artística. Nesse contexto, três professoras e pesquisadoras do segmento resolveram propor uma alternativa de resposta a essa situação com o projeto Tubo de Ensaio – Composição [Interseções + Intervenções].

“A informação que circula nesses festivais padroniza procedimentos coreográficos e pedagógicos que tendem a estabelecer modelos hegemônicos, o que vem determinando um ambiente coreográfico empobrecido, desvitalizado e pouco propício a criações autônomas na área de composição e de modos de ensino e aprendizagem voltados para as questões do corpo na contemporaneidade”, enfatiza Sandra Meyer, idealizadora da proposta ao lado de Jussara Xavier e Vera Torres.

Como forma de preencher esse vácuo, elas concentram as ações da iniciativa em um único tema: a composição. Não se trata, porém, do que tradicionalmente se conhece como coreografia. A ideia é articular criações por meio do cruzamento da dança com o teatro, as artes visuais, o cinema e a música na contemporaneidade.

Para tal, estão previstos quatro eixos de atividades: laboratório compositivo com artistas e pesquisadores de diferentes áreas e procedimentos; apresentação de trabalho, que pode ser em formato de espetáculo, performance, conferência e palestra, por exemplo; conversa entre artistas e pesquisadores; e, por fim, a organização de um livro resultante das ações e dos debates do evento.

Início

 

Jussara, Sandra e Vera se envolveram com a dança ainda na infância, em aulas de balé/jazz. Embora por caminhos diferentes, as três possuem em comum uma vontade de não apenas fazer, mas também estudar, pensar a dança. Durante esse percurso de pesquisas, elas se encontraram em 1999, na primeira turma de pós-graduação em especialização em dança cênica da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), implementada por Sandra e frequentada por Jussara e Vera.

“Lembro que o curso rendeu monografias bem interessantes (mais tarde organizamos juntas um livro com artigos originados dessas pesquisas) e que coordenei um evento chamado Corpos que Falam em Florianópolis e Lages no ano 2000, com a participação de muitos pesquisadores da pós. No Corpos que Falam, profissionais convidados apresentavam filmes/registros de dança e comentavam sobre eles”, conta Jussara. Em 2001, o projeto Tubo de Ensaio nasceu desta mesma ideia: “mostrar dança, falar sobre dança”.

A vontade das três era de, naquele momento, criar novas referências para a dança em Florianópolis, promover uma plateia crítica e organizar encontros entre artistas, público e pesquisadores.

Nos cinco primeiros anos, foram realizadas apresentações mensais de dança contemporânea e suas interfaces com o teatro, as artes visuais, a música e outras expressões artísticas. Posteriormente, havia uma entrevista ou um debate conduzido por um profissional da área. Temas evidenciados nesses encontros geraram o livro e o DVD Tubo de Ensaio – Experiências em Dança e Arte Contemporânea, organizado por elas e lançado em 2006.

Desde então, o projeto se manteve com algumas ações pontuais, como o laboratório de criação com Armando Menicacci e Christian Delecluse (França) e a performance Under-Score – projeto coreográfico de improvisação baseado em um software de geração de partituras de dança – no ano de 2008.

Apesar de vislumbrarem muitos desafios pela frente, as pesquisadoras já enxergam alguns avanços, como a existência de uma plateia interessada em dança fora dos circuitos de competição. “Nossa parceria sempre foi movida por um olhar crítico em relação ao contexto da dança de Santa Catarina”, salienta Vera. “Esperamos colaborar para o desenvolvimento e a maturação das pesquisas e das criações originadas em nosso estado”, conclui Jussara.

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