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Rumos 2013/2014 – Marzipan: Dançar com o Sangue

Outra vez no palco, porém com um corpo mais consciente e convicto. Marzipan – grupo em atuação nas décadas de 1980 e 1990 – se reuniu...

Publicado em 05/06/2015

Atualizado às 21:09 de 02/08/2018

Outra vez no palco, porém com um corpo mais consciente e convicto. Marzipan – grupo em atuação nas décadas de 1980 e 1990 – se reuniu novamente em maio, no Auditório Ibirapuera, 25 anos depois da sua separação. Com apoio do Rumos 2013-2014, os bailarinos Cacá Ribeiro, Hermes Barnabé, Lucia Merlino, Michele Matalon, Renata Melo, Rose Akras e Zeca Nunes apresentaram o resultado de um entrosamento reconstruído e de um grupo renovado pelo tempo e pelo aprendizado.

Renata Melo conta que o desejo de voltar sempre existiu. Mas “cada um tomou o seu rumo, alguns saíram do Brasil, alguns mudaram de cidade, outros mudaram de profissão – parecia impossível”. Mesmo com a distância, continuaram amigos. Em 2013, eles se encontraram no aniversário de um dos integrantes, sem combinar – “isso já foi um sinal”, diz Renata – e a vontade criou consistência.

“Um desafio”, lembra ela. “Cada um se formou de maneira diferente, em modos distintos de trabalhar – como seria o processo artístico depois de uma história de vida múltipla?” Começaram um ciclo de integração: fizeram oficinas e viajaram juntos; além disso, um dava aula para o outro a partir do seu ponto de vista. “Todo mundo se inteirava sobre como o colega pensava o corpo – e a gente percebeu que tinha um pensamento muito parecido”.

Se antes a produção do grupo se fincava mais no campo do balé clássico e de uma formação atlética esportiva – “um corpo mais mecânico”, como Renata explica –, a concepção que partilham atualmente é “mais orgânica”, pensa “o corpo como um todo”. Ainda mais, “é dançar com os órgãos, com o sangue, com os músculos, de acordo com uma forma de se movimentar e de coreografar baseada nas técnicas mais contemporâneas, razoavelmente novas”.

Essas mudanças de entendimento vieram não só com a formação – a maturidade alterou possibilidades e posturas. Segundo Renata: “Somos pessoas mais maduras, menos ansiosas, mais experientes. O corpo não faz mais o que fazia há 25 anos, é menos resistente, mais sensível. Entramos com menos exigência de si, com mais serenidade e confiança – não se tem de provar nada para ninguém”. Os dançarinos todos estão na faixa dos 50 anos; a exceção é Hermes, com 68.

Foi dessa compreensão que surgiram os temas do espetáculo: o passar do tempo, o reencontro, a relação de amizade, o corpo maduro. “Não pegamos um assunto ‘de fora’ – decidimos falar sobre a gente”, resume ela.

Após essas fases de elaboração, o desafio foi, enfim, ultrapassado. “Correspondeu às expectativas, até mais. Foi um prazer muito grande, uma alegria imensa, o fato de o público ter se identificado e se emocionado, de pessoas de gerações mais novas terem apreciado, da resposta incrível das crianças.” A marca do amadurecimento foi percebida pela plateia: “Comentaram que a peça está na medida, leve”.

A partir de agora, ainda segundo Renata, o objetivo é avaliar todo esse percurso e procurar possibilidades de outras apresentações. Acompanhe os passos do grupo no seu perfil no Facebook.

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