As transformações urbanas pelas quais a cidade do Rio de Janeiro vem passando nos últimos anos são o foco da segunda edição da Editora...
Publicado em 02/03/2017
Atualizado às 10:44 de 03/08/2018
Por Cassiano Viana
As transformações urbanas pelas quais a cidade do Rio de Janeiro vem passando nos últimos anos são o foco da segunda edição da Editora Temporária, projeto que conta com o apoio do programa Rumos Itaú Cultural.
A ideia é criar uma editora de livros para gerar, no período de três meses, três publicações de baixa tiragem, cujos temas envolvam as relações entre paisagem natural e paisagem construída, interferências urbanas e gentrificação no Rio de Janeiro, entre outros assuntos.
A iniciativa tem como público-alvo cineastas, artistas plásticos, programadores, dançarinos, arquitetos e outros atores da indústria criativa, que podem submeter propostas de pesquisas pessoais ou coletivas. A chamada aberta que irá selecionar os projetos que darão origem aos livros tem início no dia 7 de março, e as inscrições podem ser feitas – na página da Editora Temporária no Facebook – até 7 de abril. A seleção dos três projetos finalistas será feita por editoras e designers convidados.
“Estamos procurando propostas/pesquisas que podem ser acadêmicas ou não, podem estar completas ou em processo, contanto que o tema abordado pense algum aspecto das transformações urbanas sofridas pela cidade do Rio de Janeiro nos últimos anos“, explica a designer e curadora Clara Meliande. “O que buscamos não é um material pronto e acabado, mas um material que possa ser trabalhado e editado”, ressalta.
A estrutura da editora estará à disposição em horário comercial em junho e julho. Os autores dos projetos selecionados precisam se comprometer a se encontrar com a equipe pelo menos duas vezes por semana.
“Faremos reuniões semanais de acompanhamento e, em junho e julho, teremos uma estrutura montada no Centro Carioca de Design, com impressora e ferramentas de acabamento, para desenvolver e finalizar os livros”, explica Clara.
Cada um dos três livros terá a tiragem de 150 exemplares. O lançamento está previsto para agosto.
Repensando o livro
A primeira edição da Editora Temporária aconteceu em 2013 e também selecionou três projetos. Fotos de anônimos, achadas nos lugares mais diversos do Rio de Janeiro, são o mote do livro A125. Já Caderno de Observações ou Coreografias do Cotidiano pesquisa a movimentação corporal e as interações dos pedestres no centro da cidade. Cidade-Andaime – Estruturas Transitórias na Cidade Contemporânea, por sua vez, lança considerações sobre a onipresença de estruturas temporárias na paisagem urbana. Um quarto volume, Processo Impresso, relata as etapas de criação dos três livros.
[caption id="attachment_96609" align="aligncenter" width="540"] Livros produzidos na primeira edição da Editora Temporária, em 2013 | Foto: Claudia Araújo[/caption]
A editora surgiu em 2013 quando foi contemplada pelo edital Pró-Design, lançado pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, da Prefeitura do Rio de Janeiro, com o objetivo de fomentar projetos de design.
“É muito raro encontrar editais que fomentem esses projetos. Fomos contempladas e tínhamos um orçamento bastante restrito. Por isso optamos por um trabalho de curta duração, mas de intensa dedicação, com um sentido de urgência que nos permitisse correr riscos: de linguagem visual, de pensamento, de processo, de coerência”, diz Clara.
Ela acrescenta que a Editora Temporária é um projeto de edição de livros capazes de produzir pensamento sobre design e cidade – e um projeto que gera reflexões sobre como costumamos fazer publicações.
“Precisamos repensar que tipo de livro queremos imprimir, levando em consideração a escassez de recursos naturais e as tecnologias de impressão por demanda, que permitem a realização de baixas tiragens”, avalia a editora.