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Rumos 2015-2016: Narrativas em Movimento

Projeto itinerante passou por seis cidades do interior de Alagoas

Publicado em 24/08/2017

Atualizado às 12:16 de 03/08/2018

Por Victoria Pimentel Oliveira

Ao longo de dez anos de experiência em criação audiovisual, o grupo Núcleo Zero produziu documentários, animações e ficções para televisão e cinema, além de conteúdo multimídia para museus e exposições. Dedicado à experimentação em novas mídias e suas possíveis convergências, o conjunto desenvolveu um projeto itinerante baseado na ideia da projeção mapeada, que além de unir diversas técnicas possui forte caráter de intervenção urbana. Narrativas em Movimento foi um dos 117 selecionados do programa Rumos Itaú Cultural 2015-2016.

Werner Salles, documentarista integrante do Núcleo Zero, explica que, além de explorar técnicas audiovisuais, o projeto busca fortalecer a noção de valorização do patrimônio cultural. Para tanto, seis cidades do interior de Alagoas foram escolhidas como cenário da ação, que se desenvolveu de novembro de 2016 a março de 2017: Marechal Deodoro, União dos Palmares, Piranhas, Penedo, Coqueiro Seco e Porto Calvo. A escolha dos locais que receberam o projeto não foi aleatória. Além da questão técnica – buscaram-se estruturas arquitetônicas históricas que tivessem altura, largura e recuo suficiente para que a projeção do vídeo pudesse ser realizada –, havia o viés cultural. “O principal critério era a força das histórias que as cidades possuem”, conta Werner.

Para o diretor, Alagoas é muito rica nesse sentido. Ele relembra lugares e personagens que fazem parte da cultura do estado, como o sertão, o Rio São Francisco, o Quilombo dos Palmares, Marechal Deodoro da Fonseca – proclamador da República –, Lampião e bispo Sardinha – o primeiro do Brasil. “Apesar de ser um estado pobre, com IDH [Índice de Desenvolvimento Humano] baixo, Alagoas carrega em sua memória todas essas questões”, explica Werner. “Nem sempre é uma percepção consciente, mas ela está lá – no folclore, na arte, na história oral. Quanto mais se criar meios para amplificar essas manifestações, mais vamos fortalecer esse patrimônio, seja material ou imaterial”.

Em um veículo adaptado com um pequeno estúdio audiovisual, a equipe do Núcleo Zero partiu pelas cidades selecionadas, convidando a população para participar enviando fotos, vídeos e histórias sobre sua relação com a terra onde vivem. Em seguida, realizaram oficinas práticas em cada município com cerca de 20 moradores. “Nós iniciamos as oficinas apresentando as possibilidades técnicas para a projeção mapeada, mostramos o que tínhamos feito nas cidades anteriores e, a partir daí, colocamos a mão na massa”, conta. “Fizemos um brainstorm para definir as técnicas e os temas que seriam utilizados e os participantes acompanharam o processo até o final. Eles foram parte fundamental, trouxeram seus pontos de vistas, seus conhecimentos sobre a história do lugar.”
Assista às projeções:

Nas oficinas e ao longo do desenvolvimento das projeções, teve destaque a participação dos jovens de cada cidade. Segundo Werner, inseri-los no processo de cocriação foi a maior contribuição do projeto. “Eles foram convidados a trazer suas ideias, a expor suas habilidades e talentos, muitas vezes reprimidos pela falta de estímulo e oportunidades. Ao ver suas ideias, suas vozes e seus rostos projetados em uma tela gigante, eles percebem a dimensão da própria cultura”, diz. “Esperamos que esse impacto reverbere, um pouco que seja, na vida deles”.

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