Entre os dias 27 de julho e 28 de agosto de 2022, o Itaú Cultural (IC) apresenta a Mostra coletivo Incendiárias, que reúne seis obras de videoarte inéditas, produzidas pelo coletivo feminista especialmente para se alinhar ao tema da cultura lésbica, definido para a nona edição de Todos os gêneros: mostra de arte e diversidade. As obras ficam disponíveis aqui no site do IC até a data mencionada.
Incendiárias é um coletivo de pesquisa continuada e experimentação que transita entre as linguagens do teatro, da performance e do audiovisual. A premissa de que, para que as mulheres nunca mais sejam caladas, é preciso que falem, que se ouçam e principalmente que se expressem tem orientado esse projeto. Quando as mulheres se reúnem, sua voz ecoa entre muitas outras, e assim os movimentos acontecem. O objetivo do coletivo é criar um espaço para que possam compartilhar suas opiniões, seus sentimentos e seus desejos. “Nós, mulheres, saindo do papel, da bidimensionalidade, da mudez, e indo ao encontro da experiência de existir. Cada uma com sua força, sua voz, seus temas e principalmente sua individualidade, sua alma”, descrevem as artistas.
O coletivo parte de imagens bidimensionais – ilustrações, fotografias, desenhos – para fazer com que as mulheres ganhem corpo e voz. Uma das atrizes do coletivo com o desejo de fala escolhe uma imagem, e uma das dramaturgas produz então um texto-provocação. É desse material, em um processo colaborativo, que nascem as performances do Incendiárias.
Contemplado com o edital ProAC Lab, do Governo do Estado de São Paulo, o coletivo desenvolve sua pesquisa também por meio da oficina Incendiárias: dançando imagens, que já foi realizada na Oficina Cultural Oswald de Andrade e em algumas unidades do Sesc SP.
Mostra coletivo Incendiárias
Lixo, performance de Luiza Braga
[classificação indicativa: 12 anos]
Descarte, mau uso, lixo. Os comportamentos pautados pelo modelo patriarcal de relação reproduzidos entre mulheres. Descartar pessoas, não permitir que o afeto se estabeleça, não se expor. Não dizer, para não se responsabilizar. Na trajetória de encontro consigo mesma, ela se questiona, se revê e parte em busca de um novo jeito de existir sapatão.
Lua cheia, performance de Chris Ubach
[classificação indicativa: 12 anos]
Ser homem, ser mulher. Quando uma corpa não se encaixa em nenhum lugar, para onde ela vai? Onde ela cabe? A mulher-bicho que nasceu sem ser aceita, ficou feroz e aprendeu a ocupar sua existência. Sapatão, bicho solto. Livre.
Eu – tu, performance de Tay O’Hanna
[classificação indicativa: 14 anos]
Existir. Resistindo. Uma corpa preta e a busca incessante pelo direito de existir mulher, homem, mulher e homem. E todas as outras formas que cabem na imaginação, no desejo, no corpo e na luta. Uma corpa que se transforma e que existe da maneira que quiser. A cada dia, uma nova existência.
Nós 4, performance de Angela Ribeiro
[classificação indicativa: 14 anos]
Mãe de dois. Um pai. Uma segunda mãe. Como uma mulher que descobre o amor por outra mulher enfrenta as dificuldades das instituições: escola, família, Estado. Duas mães, duas crianças e um pai distante. O amor entre essas duas mulheres transgride e transforma.
Vem, performance de Monalisa Eleno
[classificação indicativa: 12 anos]
Medo. Medo dos próprios desejos, medo do corpo que deseja corpos femininos.
Quantas são as amarras que uma mulher precisa romper para viver seus desejos verdadeiramente? Devorar o mundo para se encher de si, esse é o caminho.
A mulher que sou, performance de Áurea Maranhão
[classificação indicativa: 12 anos]
As corpas femininas, desde a primeira infância, são violentadas, condicionadas, impedidas de ocupar o espaço com o tamanho e a intensidade que têm. Ao se tornar mulher, a menina deixada para trás leva consigo os desejos secretos que só as meninas compartilham entre si. O toque, as primeiras descobertas, os primeiros desejos. Ao se tornar mulher, voltar a ser menina pode ser libertador.
FICHA TÉCNICA
Realização: Incendiárias
Direção e dramaturgia: Chris Ubach
Produção e idealização: Luiza Braga
Performance: Angela Ribeiro, Áurea Maranhão, Chris Ubach, Luiza Braga, Monalisa Eleno e Tay O’Hanna
Direção de fotografia: Caio Oviedo
Locação: Galeria Dois Oito
Edição e finalização: Luiza Braga
Trilha sonora: Armando de Mendonça F. e Thales Branche
Produção e gravação: Armando de Mendonça F. no Estúdio Casa (Belém-PA)
Finalização de áudio: Armando de Mendonça F. no Estúdio Casa (Belém-PA)
Trilha sonora de Eu – tu: Marcozi dos Santos
Ilustrações de Eu – tu: Teukiwi