No palco, Rael, um banquinho e um violão – além dos instrumentistas Felipe da Costa (percuteria) e Julio Fejuca (cordas). Esse é o cenário do show Rael Canta Vinicius de Moraes, espetáculo intimista em que o rapper apresenta releituras de canções clássicas do poetinha, como “Tarde em Itapoã”, “Canto de Ossanha”, “O Morro Não Tem Vez” e “A Felicidade”. Nessa homenagem, que chega ao Auditório Ibirapuera no dia 12 de abril, entremeiam-se também faixas do próprio Rael, todas com novos arranjos que bem se adaptam à atmosfera serena da performance.
“Fazer esse trabalho é como produzir um filme sobre Bob Marley ou Ray Charles: você pode tanto agradar quanto desagradar um fã. Então, tentei elaborar algo que não descaracterizasse Vinicius. E, ao mesmo tempo, que mostrasse a obra dele ao meu público jovem”, explica o artista. Tal duplicidade converge em um só objetivo: espalhar o encanto do poeta para corações veteranos, corações iniciantes, todos os corações.
A bênção, Vinicius
Nascido em 1913 e falecido em 1980, Vinicius de Moraes foi de um tudo: poeta e dramaturgo, jornalista e diplomata, cantor e mestre das composições. Rael – que, assim como o autor de “A Rosa de Hiroshima”, vive a fazer versos – teve contato com as músicas de Vininha ainda na infância: na escola, em casa e, principalmente, por meio do cantarolar paterno, o menino Israel Feliciano ouvia, como quem nada quer, as melodias em questão. Porém, apenas na passagem de 2005 para 2006 o rapper começou a ter um contato mais consistente com as criações de Vinicius: a aproximação consolidou-se quando Rael assistiu ao vídeo de um espetáculo do poetinha na Itália, um concerto ao lado de Tom Jobim, Miúcha e Toquinho. Após uma semana, por coincidência, Criolo convidou o amigo para exibir afrossambas em um programa de televisão. Tamanha sincronia firma, enfim, o arrebatamento gerado pelo criador de “Garota de Ipanema”.
Onze anos depois, outro especial de tevê, cujo foco era elaborar versões, fez surgir o show atual da voz de Coisas do Meu Imaginário (2016). Ao ensaiar para esse projeto, Rael escolheu títulos do escritor de “Soneto de Fidelidade” e percebeu que tinha uma apresentação pronta nas mãos. Consultou a família do ídolo, recebeu um ok e partiu para afinar a iniciativa. No que tange ao repertório, mesclou fases e parcerias do compositor: fora Tom e Toquinho, estão presentes Baden Powell e os sucessos de 1966. “Apesar de ser branco, Vinicius tratou com carinho as matrizes africanas e as popularizou. Se hoje existe intolerância religiosa, imagine naquela época”, ressalta o dono do hit “Envolvidão”. O trabalho que traz atabaques e afoxés respeita e celebra crenças e culturas que continuam a ser alvos de preconceito. Por essa e demais produções: saravá, Vinicius, saravá.
Com amor, os librianos
Ambos vieram ao mundo sob o signo de libra e, para além da astrologia, cantam o bem-querer, tema manifestado por Vininha e por Rael. E é munido de afeto que o cantor de “Rouxinol” se agiganta e exibe o seu número no Auditório Ibirapuera: “Em primeiro lugar, acho a casa sensacional. Em segundo, é um desafio, uma responsabilidade: estou muito entusiasmado e convido a todos para compartilhar a simplicidade, a paz (que anda em falta) oferecidas pelas canções do poeta”. Convite feito, pois – com amor.
Rael [com interpretação em Libras] | INGRESSOS ESGOTADOS
sexta 12 de abril de 2019
às 21h
[duração aproximada: 100 minutos]
ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada)
[livre para todos os públicos]
abertura da casa: 90 minutos antes do espetáculo.