A sétima sequência didática do projeto “CineAula IC Play” aborda o episódio “Estéticas do cinema negro”, da série “Ancestralidades”
Publicado em 13/10/2025
Atualizado às 19:01 de 07/10/2025
CineAula IC Play – 1a edição
Luz, câmera, educAção: 
o streaming gratuito do cinema brasileiro na sala de aula
por Silas Silva
Sequência didática #7: Cinema negro brasileiro, imagens de um país plural
Ficha técnica
Episódio: “Estéticas do cinema negro”, quarto episódio da série Ancestralidades (São Paulo, 2022)
Direção e roteiro: Joyce Prado
Argumento: Gisele Kato
Produção: Yuri Teixeira
Edição: André Santos
Câmeras: Danilo Dilettoso, Leonel Sant’anna e Wallace Robert
Operação de drone: Wallace Robert
Finalização de áudio: Doremix
Coordenação de edição: Felipe Zanotto
Editora-chefe: Gisele Kato
Diretor-executivo: Caio Luiz de Carvalho
Classificação indicativa: livre
Gênero: documentário 
Sinopse: Na série Ancestralidades, dirigida por Joyce Prado, apresenta-se um panorama com diferentes formas de contribuição da população negra para a arte, a cultura e a história brasileira. No quarto episódio do projeto, “Estéticas do cinema negro”, realizadores e pesquisadores cinematográficos negros refletem sobre como a produção audiovisual hegemônica reproduziu o racismo que, historicamente, estruturou as relações sociais no Brasil, além de abordar de que forma o cinema negro pode participar da construção de um país menos desigual.
I. TRAILER PARA QUEM EDUCA
Caro professor e cara professora,
Pensemos nestas situações: Lúcia dá aula de língua portuguesa na Escola Estadual Carolina Maria de Jesus; Jéssica está se preparando para o vestibular; secundaristas colocam-se contrários ao fechamento de colégios. Mais do que circunstâncias, essas são cenas, respectivamente, da série Segunda chamada (2019-2021), do longa Que horas ela volta? (2015) e do documentário Escolas em luta (2017). Todas elas unem contextos de aprendizagem ao audiovisual criado no nosso país. As câmeras colaboram para discussões e imaginários acerca da educação no Brasil – em diferentes fases, com diferentes sujeitos. Mas por que começar esta conversa assim, recuperando takes? A razão nada tem de complicada: o que queremos mesmo é falar dessa combinação entre o fazer cinematográfico e o educacional, essência do novo projeto do Itaú Cultural (IC).
Com a intenção de aproximar o cinema da Educação Básica, estimulando o letramento audiovisual e a valorização das produções nacionais, apresentamos o CineAula IC Play. A cada mês, vocês podem conferir, aqui no site do IC, sequências didáticas baseadas em conteúdos disponíveis na IC Play, a nossa plataforma de streaming gratuita. Esta iniciativa busca oferecer ferramentas para a aplicação da Lei no 13.006/2014 – a qual obriga a exibição de filmes brasileiros nas escolas básicas –, entendendo, ainda, que a fruição estética e crítica corresponde a um direito e a um componente fundamental do processo formativo e cidadão.
Os exercícios propostos, vale salientar, estão em consonância com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e com o seu complemento, que aborda a área da computação. Em alguns casos, as tarefas podem suscitar debates sobre inteligência artificial (IA) em aula (tudo em conformidade com a Lei no 15.100/2025, que proíbe o uso de aparelhos eletrônicos portáteis em sala, exceto quando utilizados para fins estritamente pedagógicos ou didáticos, sob orientação de educadores). 
As atividades aparecem divididas em tópicos, cujas denominações remetem a termos do audiovisual, incorporando essas expressões ao nosso vocabulário. Esta parte, por exemplo, é como um trailer; depois, há o plano-sequência e os bastidores, vejam só. Fora isso, saibam que todas as produções selecionadas para o CineAula IC Play estão licenciadas para exibição em ambientes escolares. Logo, fiquem à vontade para assistir às indicações com os alunos.
Esta sequência didática foi elaborada a partir de uma proposta de diálogo com “Estéticas do cinema negro”, um episódio de Ancestralidades (2022), série documental dirigida pela cineasta Joyce Prado e que é uma coprodução entre o canal Arte1, o IC e a Fundação Tide Setubal. Os seis episódios que integram o projeto estão disponíveis na IC Play. Na composição do documentário, imagens de arquivo alternam-se com depoimentos de artistas e pesquisadores negros de diferentes áreas do saber, da cultura e de regiões do território nacional.
Estas atividades foram pensadas, inicialmente, para estudantes do Ensino Médio, mas é possível que sejam adaptadas para outras etapas da educação – o que é favorecido pela classificação indicativa do episódio, livre para todos os públicos. As adequações, se forem feitas, devem considerar as necessidades e os momentos de cada grupo, observando o seu ritmo e construindo um percurso que sempre respeite a todos. Uma justificativa para trabalhar com esse material em sala de aula é a necessidade de adequar as propostas pedagógicas ao que preveem os documentos oficiais, como a obrigatoriedade de incluir no currículo da educação básica a temática “História e cultura afro-brasileira e indígena”, determinada pela Lei no 11.645/2008, ou, ainda, as indicações para a inclusão de mídias digitais nessa fase educacional, presentes tanto na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) como na Política Nacional de Educação Digital (Pned, Lei no 14.533/2023). No entanto, fora a atenção aos textos legais, pensar sobre o cinema negro nas escolas é criar oportunidades para que os estudantes pensem sobre o Brasil – e sobre si mesmos – a partir de perspectivas mais plurais e de uma posição politicamente engajada com a superação do racismo.
1 JOEL Zito de Araújo. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural. São Paulo: Itaú Cultural, 2025. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoas/10976-joel-zito-de-araujo. Acesso em: 16 ago. 2025. Verbete da Enciclopédia.
II. PLANO-SEQUÊNCIA
a) Luz – Sons que encaminham para a luz
Objetivos
Com este exercício de aproximação, busca-se conhecer os hábitos dos estudantes no que diz respeito ao consumo de filmes e refletir sobre isso. Ademais, pretende-se promover o que pode ser um primeiro contato dos alunos com uma produção do cinema negro brasileiro.
Habilidades da BNCC
(EM13LP20) Compartilhar gostos, interesses, práticas culturais, temas/problemas/questões que despertam maior interesse ou preocupação, respeitando e valorizando diferenças, como forma de identificar afinidades e interesses comuns, como também de organizar e/ou participar de grupos, clubes, oficinas e afins.
(EM13LGG202) Analisar interesses, relações de poder e perspectivas de mundo nos discursos das diversas práticas de linguagem (artísticas, corporais e verbais), compreendendo criticamente o modo como circulam, constituem-se e (re)produzem significação e ideologias.
(EM13LGG602) Fruir e apreciar esteticamente diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, assim como delas participar, de modo a aguçar continuamente a sensibilidade, a imaginação e a criatividade.
Mãos à obra
Para começar a conversa, parte-se de uma pesquisa rápida e informal sobre a relação dos educandos com a produção cinematográfica brasileira. Após anotar algumas perguntas na lousa, dê um tempo para que a turma pense nas respostas. Na sequência, leia as questões em voz alta e anote, também na lousa, as respostas que forem aparecendo. Estas são algumas das perguntas que podem ser endereçadas ao grupo:
a) A quantos filmes você costuma assistir por semana?
b) Como e onde você assiste a obras audiovisuais (no celular, no computador, na televisão, no cinema etc.)? 
Durante este momento preliminar, vale a pena chamar a atenção para o fato de que, até não muito tempo atrás, os filmes mais vistos por uma parcela significativa da população brasileira eram aqueles que constavam na programação dos canais de TV aberta em horários determinados pelas emissoras. Nos últimos anos, com a popularização do acesso à internet e o surgimento das plataformas de streaming, assistir a títulos audiovisuais se tornou uma atividade bem mais flexível.
Apesar da maior disponibilidade para um amplo acervo de filmes, percebe-se, porém, que muitos alunos não estão acostumados a assistir a produções nacionais e/ou não sabem o pertencimento étnico-racial dos artistas que trabalharam para a realização dessas obras e/ou não se preocupam com essa informação. Caso isso se confirme, peça aos estudantes que formulem hipóteses que expliquem essa preferência, questionando-os se se trata de gosto pessoal ou se fatores de ordem social (produção e distribuição por grandes empresas, campanhas caras de marketing e divulgação, repetição de fórmulas de sucesso etc.) acabam determinando quais obras são mais populares. 
Após essa primeira troca de impressões, você pode exibir o trailer do filme Ela volta na quinta (2014), do diretor mineiro André Novais Olivier. No canal de YouTube da Vitrine Filmes, distribuidora de filmes nacionais independentes, foi publicada uma versão do teaser que pode ser interessante explorar em sala de aula.
Após a exibição desse trailer, peça aos estudantes que falem livremente sobre suas primeiras percepções. Pode ser que eles comentem que não conhecem nenhum dos atores presentes no vídeo. Os artistas que atuam no filme são membros da família do diretor, que também integra o elenco da produção. Outro aspecto que pode chamar atenção dos educandos é que todos os atores são negros, e, em muitas cenas, são representadas ações corriqueiras do cotidiano, como limpar a casa, arrumar as malas, correr para chegar a tempo no ponto antes que o ônibus saia...
A esta altura, você pode perguntar à turma se estão acostumados a ver personagens negros nas situações representadas no teaser, personagens permeados pelo afeto e pela trivialidade da vida diária. Questione o grupo: as cenas do trailer produzem algum tipo de identificação com eles? Se sim, por quê?
Fora isso, peça que observem os recursos visuais empregados no trailer que conferem prestígio e dão legitimidade ao filme como obra de arte. Pode ser, inclusive, que, logo após a primeira projeção, alguns estudantes tenham percebido – e feito comentários sobre – os selos dos prêmios que a obra recebeu em festivais nacionais e internacionais, informações que estão no início do vídeo e nos trechos de críticas positivas a respeito do longa.
b)     Câmera – Criatividade e imaginação: um modelo sempre vivo
Objetivos
Com esta atividade, espera-se que a turma reconheça como as artes brasileiras e, em particular, a produção cinematográfica pautaram-se por práticas e discursos excludentes que invisibilizaram e ajudaram a difundir imagens estereotipadas de grupos racializados da população brasileira. Além disso, busca-se ampliar o repertório dos estudantes em relação à obra de cineastas negros do país. 
Habilidades da BNCC
(EM13LGG202) Analisar interesses, relações de poder e perspectivas de mundo nos discursos das diversas práticas de linguagem (artísticas, corporais e verbais), compreendendo criticamente o modo como circulam, constituem-se e (re)produzem significação e ideologias.
(EM13LP04) Estabelecer relações de interdiscursividade e intertextualidade para explicitar, sustentar e conferir consistência a posicionamentos e para construir e corroborar explicações e relatos, fazendo uso de citações e paráfrases devidamente marcadas.
(EM13CHS101) Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão de ideias filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais.
(EM13CHS402) Analisar e comparar indicadores de emprego, trabalho e renda em diferentes espaços, escalas e tempos, associando-os a processos de estratificação e desigualdade socioeconômica.
Mãos à obra
Antes de projetar “Estéticas do cinema negro”, antecipe para os estudantes que será exibido um episódio de uma série documental que trata de alguns aspectos do cinema brasileiro produzido por pessoas negras. Você pode perguntar se eles já assistiram a alguma obra do gênero documental. Geralmente, documentários são trabalhos de não ficção nos quais se abordam questões de interesse público. Aproveite este momento da conversa para sugerir aos estudantes que atentem a dois procedimentos utilizados na produção a que assistirão: trechos de filmes e entrevistas com pesquisadores e realizadores cinematográficos.
Após a exibição do episódio, inicie uma discussão perguntando se os alunos gostaram do filme e por quais motivos. Como tem sido observado nos últimos anos, um dos efeitos do uso frequente das redes sociais pelos jovens é a dificuldade de sustentar a atenção. Pergunte a eles se consideraram o filme – que tem aproximadamente 30 minutos – longo e se avaliam que os intervalos entre os três blocos funcionaram como um “descanso” produtivo. Depois de ouvir as impressões dos educandos, divida a turma em pequenos grupos e oriente que, de forma colaborativa, respondam a perguntas como as que se apresentam a seguir:
a) De que maneira o cinema brasileiro reproduziu o racismo estrutural da nossa sociedade?
Pode ser que, ao tentar responder às perguntas, os estudantes sintam necessidade de assistir ao filme novamente. Talvez uma segunda projeção do episódio colabore para uma observação mais cuidadosa e uma análise dos aspectos destacados pelas questões. Depois de uma eventual segunda exibição, do debate e da elaboração das respostas nos pequenos grupos, comece um bate-papo, desta vez com toda a sala, promovendo uma troca de ideias e opiniões entre todos. 
A produção cinematográfica é uma prática social e, historicamente, acabou reproduzindo os processos de exclusão e invisibilização de grupos marginalizados – no caso do Brasil, notadamente da população racializada, como negros e indígenas. No filme, Joel Zito Araújo defende que as lutas do Movimento Negro e o trabalho de Abdias Nascimento à frente do Teatro Experimental do Negro (TEN) foram fundamentais para o questionamento da representação estereotipada de personagens negros, sempre em papéis subalternos, e para a elaboração, já no século XXI, de uma dramaturgia negra.
A crítica aos modos de representação dos personagens e à falta de oportunidades de trabalho no campo cinematográfico, também presente nos depoimentos dos outros entrevistados, é abordada com cuidado em uma coluna de Gabriel Martins [2], “Cinema negro brasileiro, o hoje e o amanhã – parte 1”, publicada no site do IC. Confira aqui o texto. Para a escrita do seu texto, o cineasta entrevistou Tatiana Carvalho Costa, presidente da Associação de Profissionais do Audiovisual Negro (Apan), e juntos analisaram dados da Agência Nacional do Cinema (Ancine) sobre a reduzida participação da população negra no mercado audiovisual.
Para citar alguns dos dados apresentados na coluna: entre 2011 e 2021, o número de profissionais negros (pretos e pardos) registrados na Ancine cresceu de 31,4% para 39,2%; no entanto, esse número ainda está longe da porcentagem que esse grupo representa na população brasileira – um pouco mais que a metade, segundo dados do “Censo de 2022”, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação à direção e ao roteiro, cargos de decisão na produção cinematográfica, a desigualdade é mais expressiva. Em projetos aprovados em editais públicos entre 2018 e 2021 com orçamento superior a 5 milhões de reais, 92,8% dos diretores e 94,2% dos roteiristas eram brancos. A projeção dos dados, organizados em gráficos e recuperados por Gabriel Martins, acompanhados da observação e da discussão pelos estudantes, pode ser importante para que se tenha uma dimensão da desigualdade.
Nessa mesma direção, reforce com os alunos um aspecto que apareceu no depoimento de mais de um entrevistado do documentário: o cinema produzido por pessoas negras no Brasil é marcado pela diversidade de temas e abordagens e pela experimentação – o que, no limite, leva a um questionamento até dos gêneros cinematográficos. A valorização da pluralidade de perspectivas também esteve presente na produção do documentário, que, na escolha dos entrevistadores, contemplou pessoas de gêneros, gerações e regiões diferentes do país. Por fim, caso os estudantes não comentem, ressalte um aspecto que aparece no depoimento da curadora e pesquisadora Kênia Freitas: com o aumento da variedade de imagens produzidas pelo cinema (realizado por uma equipe racialmente mais diversa), tem-se uma ampliação do “sensível” que é socialmente partilhado; quando essas imagens começam a existir, elas se somam a um acervo e “tornam mais coisas possíveis”. 
2 Gabriel Martins é um montador, roteirista e cineasta mineiro. Seu longa Marte um (2002) foi exibido em mais de 50 festivais nacionais e internacionais.
c)     Ação – Compartilhando saberes, trilhando novos caminhos
Objetivos
Com este exercício final, espera-se que a turma amplie o olhar sobre a produção audiovisual brasileira, exercitando a pesquisa atenta de informações em meios digitais.
Habilidades da BNCC
(EM13LGG704) Apropriar-se criticamente de processos de pesquisa e busca de informação, por meio de ferramentas e dos novos formatos de produção e distribuição do conhecimento na cultura de rede.
(EM13LP18) Utilizar softwares de edição de textos, fotos, vídeos e áudio, além de ferramentas e ambientes colaborativos para criar textos e produções multissemióticas com finalidades diversas, explorando os recursos e efeitos disponíveis e apropriando-se de práticas colaborativas de escrita, de construção coletiva do conhecimento e de desenvolvimento de projetos.
Habilidades da BNCC Computação
(EM13CO05) Identificar os limites da Computação para diferenciar o que pode ou não ser automatizado, buscando uma compreensão mais ampla dos limites dos processos mentais envolvidos na resolução de problemas.
(EM13CO13) Analisar e utilizar as diferentes formas de representação e consulta a dados em formato digital para pesquisas científicas.
(EM13CO14) Avaliar a confiabilidade das informações encontradas em meio digital, investigando seus modos de construção e considerando a autoria, a estrutura e o propósito da mensagem.
Mãos à obra
Novamente, em pequenos grupos, peça aos estudantes que produzam perfis biográficos de realizadores do cinema negro brasileiro em cartazes ou folhetos. Defina com a turma quais informações os perfis devem apresentar: nome, ano e local de nascimento, formação, obras, premiações etc. Além do texto verbal, o perfil pode incluir fotografias tanto dos cineastas como de suas obras. Dar rostos a nomes de artistas de grupos marginalizados é uma estratégia de contraposição à invisibilização e de intervenção na memória coletiva.
Sugira que, em vez de buscadores (como o Google), os alunos utilizem ferramentas de inteligência artificial (IA). A Verbeth é uma “experimentação” que articula a tecnologia do ChatGPT com o conteúdo da Enciclopédia Itaú Cultural. As buscas feitas com essa ferramenta (em temas relacionados a arte, cultura e educação) podem apresentar resultados melhores, porque a Enciclopédia é uma fonte confiável. Apesar disso, alerte os alunos que a ferramenta não está isenta de erros e que é fundamental confirmar as informações em mais de uma fonte segura. Ademais, as informações divulgadas como resultado de uma busca em qualquer ferramenta de IA servem apenas para o início de uma pesquisa. É indispensável que durante esse processo os estudantes sejam capazes de comparar e interpretar dados e informações de mais de uma fonte [3].
Como cada grupo se concentrará na produção do perfil de um artista, a apresentação do material à turma será um momento importante para compartilhar o conhecimento produzido durante a pesquisa e de ampliação do repertório ao longo das apresentações. Além disso, se houver a possibilidade, esses perfis podem ser compartilhados na escola, em lugares onde circulam estudantes de outras séries que também poderiam conhecer cineastas brasileiros. Por fim, para encerramento da atividade, pode ser organizada uma projeção de um dos filmes citados no episódio “Estéticas do cinema negro”. As obras Filhas do vento (2004), Ela volta na quinta (2015) e Café com canela (2017) estão disponíveis na plataforma de streaming Itaú Cultural Play e poderiam, em um cenário mais otimista, fazer parte de um ciclo de cinedebates na escola sobre o cinema negro.
3 Este exercício final pode ser feito com o uso de celular em sala de aula; em laboratórios de informática, nas escolas que contarem com essa opção; ou mesmo em casa. Nesse último caso, em que não é possível acompanhar e monitorar o processo de pesquisa, peça aos estudantes, antes das apresentações, que façam um breve relato de como foi a seleção e a articulação das informações para a produção do perfil biográfico.
III. CORTA! QUE TAL UM POUQUINHO DOS BASTIDORES?
- Marte um (2022), com roteiro e direção de Gabriel Martins, foi a obra escolhida para representar o Brasil na categoria de “Melhor filme internacional” na edição de 2023 do Oscar. A produção, que retrata os sonhos e os desafios de uma família negra de classe média-baixa, venceu quatro prêmios no Festival de Cinema de Gramado, um dos mais importantes do país: “Melhor filme pelo júri popular”, “Melhor roteiro”, “Melhor trilha musical” e o Prêmio Especial do Júri.
- Léa Garcia é uma atriz com mais de 70 anos de contribuição para as artes cênicas nacionais. A ela – que atuou no filme Filhas do vento (2004), de Joel Zito Araújo, ao qual já nos referimos – foi dedicado um episódio na série Trajetórias, que aborda a carreira de diferentes personalidades das artes e da cultura do país. O episódio está disponível no canal do IC no YouTube. 
- Na plataforma Ancestralidades há uma seção chamada “Termos e conceitos”, na qual são reunidos verbetes como “branquitude”, “equidade racial” e “memória negra”, que podem ajudar a fundamentar a discussão desenvolvida durante a realização desta sequência didática. Cabe ressaltar que o conteúdo desses verbetes é apenas uma introdução aos temas e que constam neste material referências bibliográficas com as quais o leitor pode se aprofundar.
IV. SOBEM OS CRÉDITOS
ANCESTRALIDADES. Termos e conceitos. Disponível em: 
BRASIL. Lei no 11.645/2008, de 10 de março de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece 
BRASIL. Lei no 14.533, de 11 de janeiro de 2023. Institui a Política Nacional de Educação Digital e altera as Leis nºs 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), 9.448, de 14 de março de 1997, 10.260, de 12 de julho de 2001, e 10.753, de 30 de outubro de 2003. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 11 jan. 2023. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2023/lei/L14533.htm. Acesso em: 18 ago. 2025.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2018. Disponível em: https://www.gov.br/mec/pt-br/escola-em-tempo-integral/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal.pdf. Acesso em: 17 ago. 2025.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: Computação – Complemento à BNCC. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2022. Disponível em: https://portal.mec.gov.br/docman/fevereiro-2022-pdf/236791-anexo-ao-parecer-cneceb-n-2-2022-bncc-computacao/file. Acesso em: 18 ago. 2025.
ELA volta na quinta. Trailer. Direção e roteiro: André Novais. Brasil, 2016. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=MNNioEqKpw4. Acesso em: 18 ago. 2025.
ESTÉTICAS do cinema negro. Ancestralidades. Direção e roteiro: Joyce Prado. São Paulo: Arte1, Itaú Cultural, Fundação Tite Setubal, 2022 (29 min). Disponível em: https://assista.itauculturalplay.com.br/ItemDetail/653ab5697de73b2785d4f5db/6538162a331147c69fcf4de4. Acesso em: 18 ago. 2025.
EUGÊNIO JR., Amauri. Série “Ancestralidades” está disponível na plataforma Itaú Cultural Play. Ancestralidades. 10 nov. 2023. Disponível em: https://www.ancestralidades.org.br/noticias/Serie-%22Ancestralidades%22-esta-disponivel-na-plataforma-Itau-Cultural-Play. Acesso em: 17 ago. 2025.
FESTIVAL de Cinema de Gramado. Premiado em Gramado, “Marte Um” é o indicado brasileiro para concorrer ao Oscar 2023. Disponível em: https://festivaldecinemadegramado.com/premiado-em-gramado-marte-um-e-o-indicado-brasileiro-para-concorrer-ao-oscar-2023/. Acesso em: 18 ago. 2025.
ITAÚ CULTURAL. Léa Garcia: o teatro, o negro no Brasil e o valor de criar. Trajetórias. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=LyfnjuH6atU. Acesso em: 18 ago. 2025.
ITAÚ CULTURAL. Verbeth. Disponível em: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/verbeth/introduction. Acesso em: 18 ago. 2025.
JOEL Zito de Araújo. In: ENCICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL. São Paulo: Itaú Cultural, 2025. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoas/10976-joel-zito-de-araujo. Acesso em: 16 de agosto de 2025. Verbete da Enciclopédia.
MARTINS, Gabriel. Cinema negro brasileiro, o hoje e o amanhã – parte 1. Itaú Cultural. Colunas, 4 jul. 2024. Atualizado em 11 maio 2025. Disponível em: https://www.itaucultural.org.br/secoes/colunistas/cinema-negro-brasileiro-o-hoje-e-o-amanha--parte-1. Acesso em: 18 ago. 2025.
MINIBIOGRAFIA DO ELABORADOR
Silas Silva (ele/dele) é bacharel e mestre em letras pela Universidade de São Paulo (USP) e professor de língua portuguesa e língua espanhola no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), onde desenvolve projetos de formação de leitores de textos literários.
