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Sete curtas de animação nacionais e dirigidos por mulheres para ver on-line

Animações brasileiras têm sido exibidas e premiadas em alguns dos mais importantes festivais do mundo

Publicado em 27/09/2023

Atualizado às 18:42 de 26/09/2023

Por Luísa Pécora

Em uma coluna publicada no ano passado, convidei os leitores a dar mais atenção à produção brasileira de curtas-metragens, um importante espaço de experimentação que nada deve ao longa no que diz respeito à capacidade de impactar o espectador.

Agora, quero reforçar esse convite e abraçar, também, outro gênero da cinematografia nacional que merece mais destaque: a animação. 

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O cinema livre de Helena Ignez

Curtas de animação têm sido realizados no Brasil desde 1917, quando O Kaiser, de Álvaro Marins, teve sua primeira exibição no Rio de Janeiro. Embora o país ainda precise avançar na criação e na implementação de políticas públicas voltadas para a produção e a distribuição, animações brasileiras têm conquistado espaço e sido frequentemente exibidas e premiadas em alguns dos mais importantes festivais do mundo.

Reuni, abaixo, sete curtas de animação nacionais dirigidos por mulheres, que recorrem a diferentes técnicas e abordagens para contar boas histórias a todo tipo de público. Para completar, todos podem ser vistos on-line – e de graça! Confira as dicas:

Desenho de uma mulher negra se destaca de um textura de tons rosas e lilázes.
Cena de Carne (imagem: Frame do filme)

Carne (2019)
Camila Kater | 12 min

Este potente documentário de animação se constrói a partir dos relatos de cinco mulheres, sendo uma delas a atriz, roteirista e diretora Helena Ignez. Seus depoimentos são centrados na relação com o próprio corpo e remontam a diferentes fases da vida, que o filme representa nos segmentos “Crua”, “Mal passada”, “Ao ponto”, “Passada” e “Bem passada”. Assista a ele no New York Times Op-Docs, plataforma gratuita do jornal norte-americano New York Times.

Desenho de um homem ajoelhado no mar, segurando um barquinho.
Cena de Ga vī: a voz do barro (imagem: Frame do filme)

Ga vī: a voz do barro (2021)
Ana Letícia Meira Schweig, Angélica Domingos, Cleber Kronun de Almeida, Eduardo Santos Schaan, Geórgia de Macedo Garcia, Gilda Wankyly Kuita, Iracema Gãh Té Nascimento, Kassiane Schwingel, Marcus A. S. Wittmann, Nyg Kuita e Vini Albernaz | 11 min

Em 2021, um encontro de mulheres intitulado Ga vī: a voz do barro, conversando com a terra foi realizado na Terra Indígena Kaingang Apucaraninha, localizada no norte do Paraná. Durante a reunião, Gilda Wankyly Kuita e Iracema Gãh Té Nascimento compartilharam suas memórias e falaram especialmente sobre as tradições e o conhecimento ancestral das mulheres caingangues. Os sons e as imagens captados no encontro serviram de base para a criação deste curta, disponível no YouTube.

Representação em alto relevo de uma menina com os cabelos ondulados.
Cena de Guaxuma (imagem: Frame do filme)

Guaxuma (2018)
Nara Normande | 15 min

Neste curta autobiográfico, a diretora Nara Normande relembra os anos que passou na Praia de Guaxuma, em Alagoas, e a relação com sua melhor amiga, Tayra. Utilizando diferentes técnicas de animação e emprestando sua própria voz à narração, ela recria o universo da infância e aborda temas como amizade, amadurecimento, memória e perda. Veja no Vimeo.

Um personagem humanóide com traços animais está sentado no meio fio, diante de lojas que vendem algodão-doce e doces.
Cena de Menina da chuva (imagem: Frame do filme)

Menina da chuva (2010)
Rosaria | 6 min

A cor tem papel narrativo fundamental neste curta de apenas seis minutos, que, sem utilizar diálogos, diz muito sobre o processo de descoberta da própria identidade. No universo do filme, todas as interações se dão apenas entre personagens e objetos de uma mesma cor, o que representa um problema para a carismática menina do título. Sem encontrar crianças, brinquedos e espaços que se pareçam com ela, a protagonista sente-se sozinha e incapaz de pertencer a qualquer lugar. Até que uma mudança no tempo traz novas possibilidades. Veja na Itaú Cultural Play.

Um boneco com roupas típicas do candomblé está no lado esquerdo da tela, perto de um espelho e de outros objetos.
Cena de Òrun Àiyé – a criação do mundo (imagem: Frame do filme)

Òrun Àiyé – a criação do mundo (2015)
Jamile Coelho e Cintia Maria | 12 min

Quando começaram a desenvolver este curta, as diretoras Jamile Coelho e Cintia Maria pensavam em fazer uma animação experimental e sem diálogos. O projeto foi mudando até finalmente chegar à história de uma criança que ouve o avô narrar a criação do mundo pelos orixás. Como resultado, tanto o público adulto quanto o infantil puderam ser contemplados pelo filme, que foi o mais visto da Itaú Cultural Play em 2021 e o segundo mais visto em 2022. A boa notícia é que ele segue no catálogo.

Desenho de uma mulher, sentada, vista de cintura para cima. ela tem cabelos brancos e o corpo é translúcido.
Cena de Solitude (imagem: Frame do filme)

Solitude (2021)
Tami Martins | 13 min

Contemplada no “1o edital de produção audiovisual do Amapá”, realizado em 2017, esta animação é centrada em Sol, uma mulher que acaba de terminar um relacionamento abusivo, e em sua Sombra, que vai ao Deserto do Atacama para fugir do sofrimento. Em jornadas paralelas, Sol e Sombra passam por diferentes experiências e paisagens para aprender a estar consigo mesmas. Disponível na Itaú Cultural Play. 

Desenho de uma mulher que segura uma criança nas mãos, à altura do seu rosto.
Cena de Torre (imagem: Frame do filme)

Torre (2017)
dia Mangolini | 18 min

Este documentário de animação reúne relatos de Isabel, Gregório, Virgílio e Vlademir Gomes da Silva, filhos do operário Virgílio Gomes da Silva (1933-1969), considerado o primeiro desaparecido político do regime militar. A partir das lembranças dos quatro irmãos, o filme faz mais do que contar a história de um homem ou de uma família: torna-se, também, um estudo sobre a memória e um retrato da infância durante a ditadura militar. Assista à obra no Vimeo.

Coluna escrita por:

 Luísa Pécora

Luísa Pécora

Jornalista e criadora do site Mulher no cinema.

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