A coordenadora da companhia que encena "Trilha para as estrelas" no IC fala sobre a criação da peça e a visão criativa do Barracão
Publicado em 22/03/2024
Atualizado às 16:34 de 27/03/2024
por Duanne Ribeiro
"Também somos natureza", lembra a atriz e produtora Eloisa Elena, coordenadora da companhia teatral Barracão Cultural, ao descrever o processo criativo e as perspectivas de Trilha para as estrelas, peça que o grupo encena no Itaú Cultural (IC) de abril a novembro. Nela, três garotas adentram a floresta e aprendem a deixar para trás as seguranças da cidade para descobrir o novo. Nesta entrevista ao site do IC, Eloisa fala dessa visão ecológica, da criação da peça e do valor da aventura, além de apresentar a filosofia artística do Barracão, marcada pelo "desejo de falar de algo que nos instiga e que acreditamos ser importante. A partir da nossa alegria de mergulhar em cada assunto, acreditamos que é possível criar algo que se comunique com o público".
Pode contar um pouco do processo de criação da peça?
A parceria do Barracão Cultural com o Itaú Cultural começou em 2022, quando fizemos o espetáculo Jogo de imaginar. Agora, fomos convidados pela equipe de Artes Cênicas para criar um espetáculo que trouxesse a temática do meio ambiente para as crianças. Então Trilha para as estrelas foi pensada nessa perspectiva.
E, desde o início, nos ocorreu que os caminhos que desejamos trilhar dentro da vastidão do tema são: a nossa relação com todas as formas de vida das florestas e dos demais biomas, a compreensão de que também somos natureza e a inquietação de uma pergunta que consideramos fundamental: Nós precisamos de tanta coisa para viver?
O tema da aventura parece ser central. Por que ele é importante para vocês?
Nós nos afastamos muito da natureza. Crianças da cidade, muitas vezes, nunca viram um sapo, uma aranha, um grilo, a escuridão de muitas copas de árvore juntas. E tudo isso parece algo muito perigoso e assustador. Então o contato com a natureza mais intocada se torna mesmo uma aventura. No espetáculo, três jovens tipicamente da cidade propõem-se a ficar juntas em um acampamento na mata. E, desde o início – a trilha para chegar ao local do acampamento, a barraca, os mosquitos, as cores, os sons e a possibilidade de encontrar algum animal feroz –, tudo é diferente, desafiador e desconhecido, tornando-se uma grande aventura para elas.
Como Trilha para as estrelas se relaciona com outras obras do Barracão Cultural?
Penso que um ponto fundamental é o que sempre nos move a fazer um novo espetáculo: o desejo de falar de algo que nos instiga e que acreditamos ser importante. Algo com que poderemos nos desafiar e ganhar novas perspectivas de compreensão. E aí, a partir da nossa alegria de mergulhar em cada assunto, acreditamos que é possível criar algo que se comunique com o público e o convoque para estar nesse estado de alegria conosco. Trilha, assim como os demais espetáculos do Barracão, é para ser um encontro, uma brincadeira com o público. Um espaço para falarmos de temas importantes com alegria, muitas canções, poesia, risadas e um cuidado grande com cada detalhe.
Em poucas palavras, a quem a peça se dirige? Com quem ela quer falar?
Com corações abertos.