“Uma mulher brasileira que gosta de cantar. Muito curiosa e que não respeita e nunca respeitou sua idade”, diz a cantora
Publicado em 19/11/2020
Atualizado às 18:19 de 26/08/2022
Qual é a história da sua maior saudade?
A história da minha saudade? É da minha Belém, Belém frondosa, que a gente brincava nas ruas, que a gente catava manga quando saía da escola na chuva e vinha para casa tomando chuva. A história da minha saudade é da minha terra com o vento correndo, da baía do Guajará despoluída e da gente podendo andar nas ruas sem ter de olhar para trás. A história da minha saudade? Eu acho que é a saudade de todas as pessoas que têm a minha idade, que podiam andar livremente pelas calçadas sem medo e sem estarem fechadas dentro de si próprias.
A história da minha saudade são meus pais esperando na porta de casa, também tomando chuva, e a gente sendo feliz comendo manga com farinha.
O que a emociona no seu dia a dia?
O ser humano. Acho que é o que mais me emociona. A capacidade de se refazer, de renascer. E o Brasil, o brasileiro, o brasileiro simples e comum. Essa capacidade de alegria, de entrega, de felicidade e de dar um jeito mesmo em situações muito adversas.
Como você se imagina no amanhã?
Eu me imagino não muito diferente. Só com uns anos a mais e o cabelo mais branco. Mas sem perder a alegria, curiosa, querendo descobrir novos horizontes, conhecer novas sonoridades, conhecer gente, andar pelo mundo. É isso que eu imagino. E imagino também um dia em que todos nós poderemos voltar a nos abraçar e andar pelas ruas. Duas conquistas: nos abraçar, por ter vencido essa pandemia, e andar pelas ruas, por ter vencido a violência deste país.
Quem é Fafá de Belém?
Uma mulher brasileira que gosta de cantar. Muito curiosa e que não respeita e nunca respeitou sua idade, nem as convenções e nem o que ela lhe impôs pela sociedade. Sou uma mulher feliz e estou em paz.
Um Certo Alguém
Em Um Certo Alguém, coluna mantida pela redação do Itaú Cultural (IC), artistas e agentes de diferentes áreas de expressão são convidados a compartilhar pensamentos e desejos sobre tempos passados, presentes e futuros.
Os textos dos entrevistados são autorais e não refletem as opiniões institucionais.