“Quando mais novo, enchia a boca para dizer que não sentia saudade, com um orgulho um pouco besta, um pouco ingênuo”, diz o artista
Publicado em 22/04/2021
Atualizado às 11:21 de 22/04/2021
Qual é a história da sua maior saudade?
Eu demorei muito na vida a compreender o sentido de saudade. Sempre normalizei o sentimento de falta, de ausência, o desejo de estar mais perto ou de reviver alguma experiência. Quando mais novo, enchia a boca para dizer que não sentia saudade, com um orgulho um pouco besta, um pouco ingênuo. O nascimento da minha filha, onde qualquer segundo longe dela me ensinou uma nova urgência interna pelo reencontro, me fez reclassificar muita coisa dentro de mim. De um dia para o outro, parece que uma saudade constante e sem tamanho passou fazer parte do meu ser. Não só dela, mas de tudo que me empresta sensação de completude. Livros, filmes, pessoas, lugares. Hoje entendo a saudade como parte íntima da minha existência. Não importa onde esteja, estou sempre com a maior saudade.
O que o emociona no seu dia a dia?
São tantos tipos de emoções que se torna praticamente impossível responder essa pergunta. Mas o ato de estar atento ao momento presente me é algo tão difícil quanto emocionante. Conseguir simplesmente estar, de forma plena, onde estou.
Como você se imagina no amanhã?
Os últimos anos, com meus acontecimentos particulares somados aos eventos que nos vimos envoltos como espécie, me fizeram travar a projeção do que será amanhã no sentido de “futuro distante". Eu me vejo hoje buscando um amanhã mais doce a cada dia. E me refiro a hoje e amanhã de maneira literal. Me contento em acordar leve e com disposição para encarar os muitos desafios que temos encontrado, cada um em sua jornada.
Quem é Pedro Neschling?
Um artista, de uma família de artistas, que vem ao longo dos anos se experimentando em diversos meios e formatos. Tenho tido muita sorte e acolhimento ao longo dessa estrada e espero seguir e me arriscar até onde for possível.
Um Certo Alguém
Em Um Certo Alguém, coluna mantida pela redação do Itaú Cultural (IC), artistas e agentes de diferentes áreas de expressão são convidados a compartilhar pensamentos e desejos sobre tempos passados, presentes e futuros.
Os textos dos entrevistados são autorais e não refletem as opiniões institucionais.