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Filmografia de Brígida Baltar será reunida em organização inédita

Abarcando filmes prontos e gravações nunca editadas, projeto Brígida prevê a realização de novas obras a partir de material inédito já gravado e a impressão de um livro retrospectivo

Publicado em 14/08/2018

Atualizado às 19:48 de 08/10/2022

por Marcella Affonso

No trabalho de Brígida Baltar, a realização de filmes assume a mesma importância que a feitura de desenhos, bordados e esculturas. E não é de hoje: seja para documentar suas ações, seja para apresentá-las como obra de caráter ficcional – fábulas em que mulher se transforma em árvore, menina é caranguejo, há pássaros, nobres e plebeus –, a confecção de vídeos integra a produção da artista multimídia desde a década de 1990, quando ela começou a desenvolver sua obra.

Alguns desses filmes, como Casa de Abelha (2002) e Maria Farinha Ghost Crab (2004), já são conhecidos pelo público; outros nem sequer foram editados ou saíram da mapoteca da artista. Agora, todos eles – vídeos prontos e gravações brutas, nunca exibidas – serão organizados em uma apresentação inédita como resultado do projeto Brígida, contemplado pela última edição do edital Rumos Itaú Cultural. “Há algum tempo tenho pensado em organizar minha filmografia. Deixar tudo digitalizado, é uma maneira de preservação”, comenta a artista.

A artista Brígida Baltar em cena do vídeo Enterrar é Plantar, realizado por ela na década de 1990

Antes de integrar a coletânea, o material, que ainda não foi submetido a tratamento artístico, passará num primeiro momento por limpeza e digitalização. São horas de gravação em diferentes suportes: conforme aponta o gestor e produtor cultural Jocelino Pessoa – que assume a coordenação-geral do projeto a convite de Brígida –, ao todo foram levantadas 37 fitas em formato miniDV, 4 fitas Betacam, 22 fitas VHS, 3 rolos de filme de 16 mm e 4 de 35 mm.

A proposta é que, após essa etapa, a artista se debruce sobre as imagens digitalizadas para, então, realizar seleções e cortes, gerando pelo menos uma nova obra a partir das gravações já produzidas. “Nesse processo um novo caminho de possibilidades de edição e novos arranjos irão se apresentar. É um trabalho bastante técnico e, ao mesmo tempo, preciso estar espiritualmente muito envolvida para perceber os limites das decisões técnicas, que nem sempre são as mais sábias”, analisa Brígida. Como observa Jocelino, a ideia, a princípio, é que outros profissionais que passaram pela carreira da artista – chamados por ele de facilitadores – colaborem nesse processo criativo.

Acesso

Além da digitalização das fitas, da realização de novas obras a partir de material inédito já gravado e da organização de todo o conteúdo filmográfico em si, o projeto prevê a impressão de um livro situando historicamente cada trabalho audiovisual da artista e apresentando os processos de produção pelos quais foram submetidos. “Minhas expectativas são grandiosas no sentido de deixar a obra organizada e preservada, além da possibilidade de confecção de um livro. Adoro fazer livros, eles sempre marcam materialmente as palavras, as imagens, as decisões mais precisas”, conta Brígida.

A filmografia da artista poderá ser vista pelo público por meio de exposições a ser realizadas futuramente – segundo Jocelino, algumas delas já estão em negociação. Ainda de acordo o produtor cultural, haverá a doação ao Itaú Cultural de uma parte da tiragem impressa e a confecção de uma versão digital do livro, que deverá ser distribuído gratuitamente.

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