Músico, produtor, arranjador e compositor, Marcelo Cabral fala sobre sua relação multifacetada com a música
Publicado em 16/04/2021
Atualizado às 18:38 de 26/08/2022
Desde o início da pandemia no Brasil, em março do ano passado, é difícil introduzir uma conversa sem perguntar como o outro está. Assim comecei o bate-papo com o músico Marcelo Cabral. “Já teve umas 12 fases”, brinca ele em referência às constantes mudanças. “Aquela primeira [em março de 2020], de bloqueio total e pânico, pensando ‘o que é que a gente vai fazer?’. Todo mundo achando que iria durar três ou quatro meses...”
Cabral é um músico que desempenha diversas funções: instrumentista, produtor musical, compositor, arranjador. Toca com Metá Metá e Passo Torto, produziu álbuns notórios do Criolo, ao lado de Daniel Ganjaman – Nó na orelha (2011), Convoque seu Buda (2014), Espiral da ilusão (2017) –, e de Elza Soares, com Guilherme Kastrup – A mulher do fim do mundo (2015) e Deus é mulher (2018). Trabalhou com diversos parceiros como produtor e baixista, entre eles Kiko Dinucci, Rodrigo Campos, Romulo Fróes, Alice Coutinho, Guilherme Held, Thiago França, Juçara Marçal e por aí vai.
Em 2018, lançou Motor, seu primeiro álbum solo criado a partir do violão de sete cordas e que trouxe uma novidade para seu lado multifacetado: cantar. Desde então, e ainda mais com a pandemia e as lives, Cabral tem redescoberto suas próprias composições e sua maneira de se expressar. Seja com o violão, seja com sintetizadores. Em 2020, depois de uma experiência em Berlim, na Alemanha, lançou Naunyn, um disco de música eletrônica. “Fiquei um ano e meio morando em Berlim, vendo de perto os clubes da cidade e a atmosfera do lugar que é o berço da música eletrônica”, diz. “Esses novos sons abrem caminhos para experimentar.”
Enquanto os shows e os trabalhos presenciais não voltam, o músico conta que criou uma rotina em casa para se manter ativo e saudável. “Foquei em cuidar da minha cabeça e tentar fazer algumas coisas. A gente sempre dá um jeito. Amigos e parceiros começaram a mandar trabalho para produzir. Todos os músicos estão se reinventando, criando uma agenda on-line, dando aula. Eu estou compondo muito mais, rearranjando as minhas músicas e fazendo produção musical.”
Nesta entrevista realizada por videochamada, Cabral fala sobre música de diversas formas, além de montar uma playlist com suas referências que você pode ver mais abaixo.
Você é um músico que tocou e toca com muita gente, faz trabalhos de produção e arranjos. Com tem sido a sua interação com outros músicos? Esses trabalhos estão acontecendo virtualmente?
Há muitos anos tenho o meu computadorzinho e mexo com produção. Não sou um engenheiro de som, mas sei gravar, editar e produzir. Percebo que um monte de gente que não tinha nada disso foi correr atrás agora que está em casa. Essas produções a distância estão acontecendo: você se encontra [virtualmente], manda ideias, grava algo, outro amigo faz a mixagem etc. Estou falando de coisas bem informais, entre amigos – eu, Rodrigo Campos, Kiko Dinucci, Romulo Fróes, Thiago França, Juçara Marçal. Nós temos essa abertura para mandar ideias, rascunhos, e tem dado certo.
Passados os primeiros meses, agora ninguém vai parar para reclamar disso [referindo-se ao distanciamento social], tendo em vista o que estamos enfrentando enquanto sociedade, o grau de surrealismo e de tristeza que o mundo todo está vivenciando. Se você tem um mínimo de empatia, sabe que não está legal.
Então, vamos criar, gravar o que tiver de ideia legal. Sempre surge um convite novo de uma pessoa que não me conhece pedindo para produzir algumas faixas. Acho que está todo mundo lidando bem e se ajudando.
Isso é muito legal de ouvir, apesar de sabermos de toda a dificuldade que artistas têm enfrentado neste momento. Essa vontade, e condição também, de continuar fazendo com o que se tem agora. Como você lida com a saudade do palco, de estar presencialmente com outros músicos?
Essa situação pode ser perigosa, a pandemia já é uma porta linda para você se deprimir e ainda ficar dizendo que o legal era o palco ou as turnês... Tem gente sendo intubada e não vou reclamar que não tenho um palco para tocar.
Mas parece que faz mais tempo do que realmente faz, tocar ao vivo é uma coisa meio espiritual. É uma hora de troca contínua, de você lidar com uma coisa que não se explica. Um sentimento de ligar o baixo e tocar, enfiar a mão no baixo e sair com a camiseta molhada. Todos aqueles sentimentos que não dá para explicar muito bem, mas que existem no ato de tocar ou de ouvir – porque também quem ouve está participando do show, não é um privilégio do músico –, de concentração naquele momento. Se tenho um show hoje à noite, já fico pensando nele, se vou estudá-lo, que baixo vou levar, se vou chegar antes, passar o som, encontrar os amigos, tomar um café.
Faz uma falta gigante por todos os motivos, até fisicamente, de pôr o baixo na correia e tocar por uma hora e meia, todo um estresse bom de concentração, de estar fazendo o que mais gosto na minha vida... E, de repente, tudo para.
Ainda bem que amo igualmente produzir e tocar. Estou compondo como nunca compus em minha vida, rearranjando músicas. Agora mesmo, antes da nossa entrevista, estava quebrando a cabeça numa produção. Fico caçando cada som, cada beat, cada timbre. Isso também me alimenta bastante, assim como tocar violão ou a coisa de cantar, que é algo novo para mim.
Sobre esse seu lado multifacetado de músico, compositor, produtor e arranjador, como cada uma dessas partes foi dando as caras?
Sempre foi assim, fui descobrindo tudo dentro de mim e juntando com a necessidade e a vontade de trabalhar, de expandir. Quando descobri o que era produção musical, vi que tinha tudo a ver comigo. Já compor era algo em que eu não pensava, por estar ao lado do Romulo e do Rodrigo, mas resolvi tentar esse exercício de composição. Essa coisa multifacetada dá uma dinâmica de vida que me agrada muito. Eu não conseguiria só produzir, só tocar ou só tocar um tipo de som, por exemplo.
Lembro de uma turnê pela Europa com o Criolo, de shows maravilhosos, daí, às vezes, me dava vontade de fazer algo mais de improvisação, com baixo acústico, sax e bateria, ou de repente acompanhar alguém apenas com voz e violão. Gosto dessas diferentes nuances. Acho que enriquece, parece que tempera a vida de uma maneira mais diversa.
Também sempre ouvi rap, música brasileira, samba, minha mãe adorava ouvir música erudita e meu pai era fanático por jazz. Vivi esse mundo intensamente durante um tempo. Então, essa pluralidade é o que mais me alimenta. Eu curto fazer, ouvir, pesquisar, estudar.
Quando Motor foi lançado, em 2018, você tinha trabalhos como produtor e acompanhava outros artistas já consolidados. Como foi estrear sua carreira solo?
Não imaginava que me causaria tanto efeito me ver como artista solo, rever as minhas composições e adentrar nesse universo das canções. É diferente, mesmo no Passo Torto, por exemplo, que somos em quatro, já tinha composição minha... É um grupo do qual eu faço parte integralmente. Mas é diferente de eu pegar as minhas composições, ver que arranjo vou fazer, para que direção eu vou etc., tudo sozinho.
Eu lancei Motor e, de verdade, achei que era um disco que simplesmente iria fazer como produto meu e nem fazer show – não me via pegando o violão e saindo cantando todas essas músicas. Logo após o lançamento – o disco saiu em abril de 2018 –, em maio, exatamente um mês depois, fui para Berlim e fiquei lá por um ano e meio. Só que fiquei tocando bastante violão nesse período, tocando minhas músicas, e daí pensei que dava para fazer um show sozinho. Quando vim para cá [São Paulo], no meio de idas e vindas nesse um ano e meio, marquei o show de lançamento na Casa de Francisca. E fui descobrindo o show aos poucos, é muito diferente a atitude quando se está na frente do palco. Qual repertório vou tocar? Como vou começar?
Por mais que eu tenha produzido Motor com o Fróes e o Daniel Bozzio, eu sabia exatamente o que queria. Chamei ambos para assessorar e trocar ideia, porque acho muito rico o processo de produção com mais alguém, com um ouvido de fora. As músicas já eram minhas, sou eu tocando os instrumentos, fazendo tudo, então é legal uma pessoa de fora que ouve, opina e balanceia tudo isso.
Mas ainda estou em processo de descoberta porque, quando a pandemia veio, eu tinha acabado de marcar uma agenda de shows e, de repente, tive que fazer live. Foi engraçado porque o meu primeiro show de voz e violão da vida foi em formato de live. Já tinha feito outros shows do Motor, mas com pessoas me acompanhando. Agora estava só eu ali. Depois que terminou é que me dei conta do que tinha acontecido. Imagine o quanto é tudo novo... Mesmo não colocando peso sobre isso, ele existe.
Como é revisitar Motor em show?
Tem a beleza, a dificuldade e o desafio, mas estou achando enriquecedor. Foi o meu primeiro álbum, algumas faixas têm bateria, arranjos de cordas, sopros, guitarra do Kiko, guitarra do Rodrigo, vozes com várias participações, às vezes fazendo coro, sintetizadores; e agora estou eu sozinho com o violão.
De repente, tenho esse show em que toco e canto sozinho, com as canções mais cruas – exatamente da maneira que eu as compus, só que rearranjadas, não é apenas uma versão. Também é legal revisitar as letras, quando se está sozinho tudo ganha outro teor, se potencializa muito.
Essa sua relação com o cantar, que ainda é nova, foi o maior desafio quando compôs e gravou Motor?
Acho que sim, mesmo que já cantarolasse as músicas antes, por serem minhas. No estúdio, eu gravei todas as vozes despretensiosamente. É o que chamamos de voz-guia, que seria apenas uma faixa para trabalharmos em cima e criarmos os demais arranjos. Como elas estavam legais, acabaram ficando no material final.
Mas ao vivo, sem dúvida nenhuma, quando é só você e o microfone, tem sido difícil. Eu me gravo e depois escuto, em alguns momentos acho uma desgraça, depois você começa a se acostumar com a própria voz, a estudar um pouco mais e pegar umas dicas. Também me preocupo com o andamento do show, que é sempre uma função do cantor, mesmo quando se está acompanhado de outros músicos. Quando estava tocando com o Criolo, ficava sempre de olho nele, não precisa nem falar quando se tem bastante intimidade. Sempre fui uma pessoa ligada com quem está cantando.
Sobre o segundo disco, Naunyn, lançado em 2020, você comentou que ficou um tempo em Berlim e voltou antes de a pandemia começar. Como foi sua experiência com música eletrônica por lá e como isso afetou o disco?
Desde sempre tenho ligação com música eletrônica. Sou de 1974, tive uma infância toda em cima do skate e, nos anos 1980, competia profissionalmente. O skate tinha uma ligação absoluta com música eletrônica, com o Kraftwerk [grupo alemão de música eletrônica], que nem sabia quem era, mas já ouvia. Esses elementos já estavam na cabeça e eu gostava muito de tudo isso. O rap não é exatamente chamado de música eletrônica, mas os beats e os samplers são pensamentos de música eletrônica.
Em Berlim, eu fui descobrindo a cidade, tendo surpresas cada vez melhores no lugar onde estava. Conversando, encontrando com amigos, pegando dicas e começando a ir a festivais e shows – ainda bem que foi numa época anterior à pandemia, pois pude viver intensamente. Eu estava realmente a fim de dar uma mudada, de resetar o ouvido e escutar outras coisas. Queria ouvir o que a galera de lá fazia, poder ouvir o que há de único e da raiz do lugar – é como estar no Rio numa roda de samba, em Recife num maracatu –, ver a coisa no máximo da intensidade daquele ambiente. Resolvi mergulhar naquilo, não era nem consciente, era simplesmente o que estava me atraindo.
Comecei a pesquisar indo aos clubes, anotava o nome dos DJs e assistia um monte de documentários de música eletrônica. É impressionante a música eletrônica em Berlim, acontece nas ruas, é como ouvir música brasileira em quiosque da praia. Eu voltei para o Brasil com isso na cabeça, potencializado de uma forma muito grande.
Peguei emprestado um sintetizador e logo comecei a gravar. Continuei a pesquisa em São Paulo, buscando em plataformas digitais, porque já estávamos no início da pandemia. Foi a salvação. Quando tinha umas cinco músicas bem levantadas, já imaginei um disco e resolvi fazê-lo. É legal quando você sabe que aquilo será um disco, quando já imagina como as músicas podem se encaixar, que disco seria esse, como vai se chamar...
Naunyn é o nome da rua em que morei na Alemanha. Uma rua de três quadras, com tudo em volta, era como se morasse em uma paralela à Rua Augusta, em São Paulo.
No começo da febre das lives no Instagram e no YouTube, eu não estava com o menor ânimo ou disposição para fazer, então produzir esse disco foi muito importante para a minha cabeça, para a minha vida. Em um ano tão difícil, lançar um disco foi ótimo.
Nesta última década, como produtor, você participou de discos que marcaram nossa música. Para citar apenas os dois mais famosos, Nó na orelha, do Criolo, e A mulher do fim do mundo, da Elza Soares. O que o impressionou ou ainda impressiona nesses discos?
Tenho uma relação boa com o que já fiz, um orgulho gostoso de ver a linha de evolução dos trabalhos. Sempre acho que o disco é um recorte do seu tempo. O Naunyn, por exemplo, representou um lugar. Tem uma coisa em comum no Nó na orelha e no A mulher do fim do mundo, os dois foram bem despretensiosos.
Vou começar pelo da Elza. Eu me lembro de o Guilherme Kastrup [produtor do álbum] me ligar e falar que estava escrevendo um projeto para fazer o disco com a Elza. E perguntou se eu topava, mas eu estava achando que nem ia rolar, todo mundo escreve projeto e às vezes não acontece. Passou um tempo e foi aprovado. É um álbum com composições nossas: uma música minha, duas do Rodrigo Campos, tem música do Romulo Fróes, do Kiko Dinucci e de outros parceiros. Músicas nossas arranjadas com liberdade total, feitas por nós e da maneira que quisemos.
Com o Criolo teve essa mesma coisa de se encontrar com um amigo, no caso, o produtor Daniel Ganjaman. Ele falava do Criolo lá em 2009, e na época eu não o conhecia. Marcamos um café na Matilha Cultural, em São Paulo, o Criolo veio com um caderninho com um monte de letras e começou a cantar algumas músicas – já tinha “Bogotá”, “Freguês da meia-noite” e “Linha de frente”, que entraram no Nó na orelha. Começamos a fazer num quartinho com um computador, de uma maneira muito simples. Não sabíamos no que iria dar, eu tinha só o prazer de um cara que eu achava muito bom, mas que ainda estava conhecendo. Eu e Criolo viramos amigos muito rapidamente.
E com a Elza, na primeira vez que ela apareceu no estúdio para ouvir as músicas, também já abraçou todo mundo de uma maneira muito legal. Estávamos até meio com medo do que ela iria achar, porque metemos a mão e fizemos exatamente o que estávamos ligados naquele momento. Tem essas situações em comum. Outra coisa engraçada é que a Elza Soares é meio mainstream, e sempre toquei com os meus amigos no Metá Metá, no Passo Torto, com o Criolo, ou seja, coisas nossas. Nunca acompanhei esses grandes nomes da música. Achei que faria apenas o show de lançamento, queria seguir com o Passo Torto, com o Metá Metá etc. Quando nos encontramos para fazer os primeiros ensaios, falei: “a Elza é a gente também”. Ela dizia: “adoro essas guitarras altas, bem distorcidas”, sabendo exatamente que aquilo representava cada um de nós.
A primeira vez que ela me chamou de Cabral, pensei: “ela sabe o meu nome”. Surreal. A Elza gravou uma música minha que compus no sofá da sala à noite. Acho que tem uma coisa despretensiosa e bonita em tudo que essa nossa turma faz.
E ainda sobra tempo para tocar com Metá Metá e Passo Torto. Como diferenciar a criação e a produção desses grupos?
Já existe uma identidade tão forte de cada um. Por exemplo, o Kiko Dinucci chega com uma música nova, toca a guitarra e nos mostra – já é algo tão carregado do DNA dele. A Juçara Marçal e o Thiago França juntos também é algo muito marcante, como se tivesse um trilho em que os três sobem e que flui facilmente. Com o Passo Torto é a mesma coisa, um outro universo. É outro tipo de composição, outra maneira de arranjar, que já nos leva para esse lugar naturalmente.
Todos nós estamos sempre em transformação. No disco da Elza, por exemplo, tem muito do Passo Torto e isso gera uma interação muito forte, principalmente na maneira como Kiko e Rodrigo conversam nas guitarras. Quando eles foram trabalhar com o Jards Macalé, levaram um pouco disso e misturaram com outros músicos, então, é algo que vai se espalhando de uma forma bem natural, nunca por uma diretriz.
Confira as músicas escolhidas por Marcelo Cabral. Aproveite para salvar a playlist que montamos com suas dicas no Spotify.
1. “Beverly Hills”, de Luiz Caldas
Música incrível do disco Flor cigana, de 1986. Revolucionou o mundo com seu ultrassuingue na guitarra, cantando muito, compondo e com uma estética toda riquíssima. Gênio. Vale muito conhecer o disco todo.
2. “Runaway”, de The Blaze
Dupla de produtores musicais e cineastas, os primos franceses chegaram com um eletrônico finíssimo. Os clipes são incríveis!
3. “Puff Lah”, de Kaytranada
Produtor haitiano crescido no Canadá. É um dos artistas que mais tenho escutado. Genial em todas as suas produções e remixes. Uma aula de produção.
4. “Psyk”, de Richie Hawtin/Plastikman
Techno minimal que se desenvolve pelo disco todo. Universo soturno, pesado e criativo de um dos maiores produtores da música eletrônica.
5. “From the air”, de Laurie Anderson
Nave interestelar de criatividade, humor, cores e experimentações.
6. “Cookie butter”, de Kim Gordon
Sempre um passo à frente com sua liberdade, performance e genialidade. Punk, elegante, sujo e inventivo, como tudo que sempre fez, ela vai a fundo com seu primeiro disco solo após 38 anos de carreira.
7. “Rmnscncs, pt. 3”, de Mauricio Takara
Criatividade que aguça e convida o ouvinte. O disco é todo feito solo na bateria/percussão, passando por filtros e saturações. Pérola.
8. “Ruby, my dear”, de Thelonious Monk
Apenas ao piano, carrega toda a atmosfera do jazz de sua época. Tem sido meu maior companheiro da pandemia. Sua maneira magistral e original de compor e tocar muda tudo o que estiver em sua volta. Maravilhoso.
9. “Pickles”, de Peaches
Com letras sagazes, a excelente produtora canadense, que mora em Berlim, traz na densidade dos seus beats e sintetizadores sua personalidade revolucionária.
10. “The big one”, de Negro Leo
Um dos artistas mais inquietos e inteligentes do momento. Cheio de recortes, colagens, pixes e