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Yanna Porcino, um certo alguém

“Eu me emociono sempre que vejo uma pessoa surda tomando o lugar de fala, sendo protagonista, indo à luta e realizando seus sonhos”, responde a poetisa

Publicado em 12/08/2021

Atualizado às 18:08 de 15/08/2022

Qual é a história de sua maior saudade?

Eu sinto saudade principalmente da minha infância. Foi um período em que eu era muito feliz, tinha liberdade para brincar e criar sem limites, eu via todos como iguais e isso me dava um sentimento de liberdade e leveza. Que saudade! Às vezes, eu tenho vontade de resgatar lá de dentro essa sensação. Hoje, na vida adulta, ainda vejo possibilidade de aproveitarmos os momentos criando, imaginando, brincando e podendo falar sobre qualquer coisa, com a inocência de uma criança! Por isso, sinto tantas saudades dessa fase da minha vida!

O que a emociona em seu dia a dia?

Não são poucas às vezes que me emociono, eu me emociono sempre que vejo uma pessoa surda tomando o lugar de fala, sendo protagonista, alcançando seus objetivos, indo à luta e realizando seus sonhos. Tenho visto vários surdos criando suas próprias empresas, outros conseguindo o trabalho dos sonhos, outros realmente sentindo orgulho de ser surdo. Nossa! Isso me emociona muito! Sentir-me parte dessa identidade surda! Quando eu era mais nova não percebia isso, mas, conforme fui crescendo, percebi que tinha pares e que também podia ir à luta e atingir meus objetivos, porque tive a referência de outros surdos que me apoiaram e me deram segurança e uma identidade forte. Por isso, eu me emociono todos os dias.

Como você se imagina no amanhã?

Como imagino o futuro ou o amanhã? Eu espero que oportunidades de aprendizado sejam criadas, que espaços sejam abertos para pessoas surdas no mundo, que exista aceitação das subjetividades, das culturas e identidades diferentes. Eu acredito que no mundo não existe uma só identidade e cultura surda, há diversidade na surdez. Por isso eu quero adquirir mais conhecimento e maturidade e estar aberta a novas perspectivas. Minha mãe me fala: “As coisas que você faz, suas conquistas, podem mudar o mundo”. E é isso que eu espero para o futuro!

Quem é a Yanna Porcino?

Quem eu sou? Sou uma artista surda! Que tipo de artista? Sou poeta! Poesia que está expressa no desenho e na pintura, que emocionam com suas imagens fortes e impactam a sociedade ajudando a entender o mundo assim como quando abrimos uma janela para novos horizontes. Minha poesia eu não guardo para mim, eu escancaro para que todas as pessoas possam experimentar ao seu modo. Esta é a artista que sou! Arte é liberdade, faço poesia sobre o que tenho vontade, sem regras.

Yanna Porcino é uma mulher negra, de cabelo curto e cacheado. Ela está vestindo uma blusa azul, com detalhes nas mangas e na gola. Na foto, Yanna olha para frente. O fundo da imagem é verde.
Yanna Porcino (imagem: divulgação)

Um certo alguém
Em Um certo alguém, coluna mantida pela redação do Itaú Cultural (IC), artistas e agentes de diferentes áreas de expressão são convidados a compartilhar pensamentos e desejos sobre tempos passados, presentes e futuros.

Os textos dos entrevistados são autorais e não refletem as opiniões institucionais.

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