Confira entrevistas em vídeo com os artistas participantes da mostra e uma visita guiada com as curadoras, além de outros materiais feitos para a exposição
Publicado em 18/11/2022
Atualizado às 08:37 de 10/05/2023
A exposição coletiva Um século de agora, em cartaz na sede do Itaú Cultural (IC) de 17 de novembro de 2022 a 2 de abril de 2023, apresenta um recorte da atual cena artística e cultural do país. São 25 artistas e coletivos presentes com trabalhos em múltiplas linguagens – desenhos, esculturas, pinturas, instalações, videoarte, fotografias e performances – e vivências distintas, os quais trazem para a mostra obras e projetos realizados ou concluídos em 2022, além de itens de anos anteriores que compõem a trajetória de cada um. A curadoria é de Júlia Rebouças, Luciara Ribeiro e Naine Terena de Jesus.
Nesta página, reunimos uma série de conteúdos produzidos para a exposição. São materiais que complementam a visita ao espaço expositivo e dão um panorama àqueles que não conseguiram ver presencialmente.
Institucional
O ano de 2022 nasceu marcado pelos cem anos da Semana de arte moderna de 1922 – um dos mais importantes eventos para a arte e a cultura brasileira –, contudo as transformações sociais e culturais pelas quais passamos nos obrigam a manter os pés no presente. Por isso, além de celebrar o momento histórico, a exposição Um século de agora propõe expandir os horizontes e trazer narrativas que nos fazem refletir e confrontar hegemonias sustentadas há tanto tempo.
Nesta mostra, que traz uma curadoria compartilhada por três mulheres com diferentes trajetórias – Júlia Rebouças, Luciara Ribeiro e Naine Terena de Jesus –, apresentamos um panorama atual da arte e da cultura produzida no Brasil. São 25 agentes com vivências e experiências em territórios sociais, culturais, políticos e geográficos distintos, mas que, reunidos nos três andares da exposição, constroem uma mensagem unificada: a de que somos muitos e estamos aqui para escrever um novo século a partir de novos olhares.
Depois de trazer importantes exposições individuais de artistas visuais, o Itaú Cultural (IC) abre as portas para uma exposição coletiva de artistas e coletivos que não só se manifestam por meio de múltiplas linguagens, mas, sobretudo, apresentam obras e projetos realizados ou concluídos, em sua maioria, em 2022 – ou seja, no agora.
Além da mostra que se desenvolve no espaço expositivo, o IC realiza outras ações no campo das artes visuais, como exposições virtuais e conteúdos on-line, aqui no site e na Enciclopédia Itaú Cultural.
Itaú Cultural
Apresentação curatorial
No avançar do ano de 2022, apesar do vírus, das queimadas, da bandeira e dos bandeirantes, reunimo-nos para refletir sobre a herança da Semana de arte moderna de 1922 a partir da produção artística e cultural de artistas que estão em atuação cem anos depois. Esse legado, que ajuda a dar corpo à matéria do presente, arrasta consigo promessas e dívidas, desejos e frustrações em torno desse potente ambiente de criação que chamamos de cultura brasileira.
Um século de agora reúne artistas e agentes da cultura que apresentam obras e projetos datados, em sua maioria, em 2022 – concluídos ou realizados neste ano –, sendo alguns trabalhos comissionados para esta mostra. Oriundos das cinco regiões do país, são pessoas que transitam por territórios geográficos, sociais e políticos produtores de dissidências, afirmando diferentes centralidades e recusando a hegemonia de eixos econômicos.
São artistas que engendram experiências que usualmente passam ao largo das efemérides oficiais e que, aqui, defendem perspectivas que concorrem com as narrativas derivativas da Semana de arte moderna de 1922, seja para adicionar contrapontos, seja para desafiar seus termos, em um exercício de reescrita constante da história. Como projeto de exposição, pretendemos pensar nas manifestações culturais e na criação artística como afirmações de um sentido de coletividade na alteridade, de comunhão no exercício da diversidade, de reelaboração histórica para a invenção do agora.
Júlia Rebouças, Luciara Ribeiro e Naine Terena de Jesus
Veja também:
>> Depoimento de Luciara Ribeiro sobre os 100 anos da Semana de arte moderna de 1922
Visita comentada
Neste vídeo, Júlia Rebouças, Luciara Ribeiro e Naine Terena apresentam obras e artistas da exposição. Faça um passeio com as curadoras pelos três andares expositivos da mostra e conheça mais sobre os artistas participantes e suas obras expostas.
Minidocumentário – Narrativas (quase) centenárias
Conheça a trajetória de três artistas que participam da exposição: Dalva de Barros (Cuiabá, Mato Grosso, 1935), 87 anos, pintora. Em suas obras, ela apresenta retratos, registros de manifestações populares, políticas e religiosas, um testemunho crítico das transformações do cotidiano e da cultura do país, em especial de seu estado natal. João Cândido da Silva (Campos Belo, Minas Gerais, 1933), 89 anos, pintor. Como ele mesmo diz, "gosto de pintar as emoções do povo brasileiro”. Suas pinturas retratam o samba, o povo, o popular, crônicas do cotidiano e celebrações de matrizes afro-brasileiras com uma paleta rica em cores. Roberto Magalhães (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1940), 82 anos, pintor. Sua produção artística mistura abstração e figura com influências da simbologia mística, o que ele chama de arte esotérica.
Coletivo Mato Grosso e Grupo Ururay
Neste vídeo, os artistas falam sobre suas obras e seus territórios, tão importantes no desenvolvimento dos trabalhos apresentados. O Coletivo Mato Grosso – formado por Ruth Albernaz, Téo de Miranda e Paty Wolff – apresenta Agora quando!? (2022). A obra-manifesto reflete sobre o modelo de ocupação e de desenvolvimento em monoculturas para a produção de commodities no estado de Mato Grosso, assim como sobre seus efeitos nos modos de vida e na cultura originária dessa sociedade.
Já o Grupo Ururay é um coletivo criado em 2014 para fortalecer ações de preservação e valorização dos patrimônios culturais da região leste de São Paulo (SP). A obra Envolvimento (2022) traz um cordão com cerca de 4 mil sementes de capim-miçanga, confeccionado em mutirão pela Comunidade do Rosário dos Homens Pretos da Penha de França.
davi de jesus do nascimento, Gustavo Caboco e Luana Vitra
Luana Vitra é artista visual, dançarina e performer. Ela investiga o próprio corpo e seus atravessamentos a partir do movimento de materiais brutos, como o ferro. Nas instalações A transformação é uma esquiva (2021-2022) e Fio desencapado – isca de confusão (2021-2022), ela explora os conceitos de identidade, fuga, dúvida, permanência e transformação.
davi de jesus do nascimento é artista plástico mineiro, performer e poeta barranqueiro. Por meio da instalação Maura murou a casa com o mau da língua (2022), recupera o imaginário e a cultura de sua cidade natal, Pirapora (MG), às margens do Rio São Francisco.
Gustavo Caboco é artista visual Wapichana. Ele propõe ampliar as conexões entre memórias, pessoas, povos, línguas e temporalidades com a obra Encontros di-fusos (2022). Os fusos vão ao encontro de objetos, fotografias e desenhos, estabelecendo conexões de memórias dentro do tronco linguístico aruak, do qual fazem parte os povos Terena, Baniwa, Wapichana e, Palikur, entre outros.
Sara Lana e A TRANSÄLIEN
Sara Lana é artista e desenvolvedora mineira, criou a obra Orelhinhas (2022) a partir de seu interesse pela criação de mapas. Em uma navegação virtual pelas margens dos rios Doce, São Francisco e Jequitinhonha, em Minas Gerais, ela percebeu a quantidade de telefones públicos – os orelhões – e decidiu utilizá-los como microfones para a gravação dos sons dos arredores e de conversas inusitadas.
A TRÄNSALIEN, identidade pós-humana de Ana Giselle, multiartista, produtora cultural e curadora, apresenta a instalação COSMOVERSE (2022). Composta dos vídeos COSMOVERSE ARKSTRA (2020), INNER COSMOS (2022) e JOURNEY (2022), sendo estes dois últimos inéditos, a obra mescla referências afrofuturistas para sugerir uma experiência imersiva sensorial e intimista.