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Novos nomes da fotografia brasileira – Gabz, Porto Alegre, Rio Grande do Sul

Com curadoria de Cassiano Viana, a série apresenta os novos nomes e caminhos da produção fotográfica brasileira, de Norte a Sul do país

Publicado em 26/02/2021

Atualizado às 19:01 de 16/08/2022

por Cassiano Viana

Foi uma longa e tortuosa jornada até Gabz encontrar a fotografia. Multiartista, transgênero, nasceu no ano de 1991, em Porto Alegre (RS), onde ainda reside. “Sempre achei interessante o campo do audiovisual, mas não considerava isso para mim. Acreditava que, por causa do mercado de trabalho, esse espaço estava reservado para quem morava no eixo Rio-São Paulo”, lembra.

Gabz conta que na fotografia conheceu a arte. “Compreendi que era uma forma de linguagem e, portanto, uma forma de se expressar. Que podia vir carregada de simbolismos e ativismo.”

Com a palavra, Gabz:

Por um tempo, eu não conseguia dar nome para meu estilo fotográfico. O que notei, porém, é que o que mais me chamava a atenção era a natureza, principalmente a natureza humana. Percebi-me apaixonado pela sutileza e brutalidade do corpo humano. Pelo visceral. Gosto de usar a câmera quase como um terceiro olho mesmo, a ferramenta que uso para tatear o mundo ao meu redor.

A fotografia desenvolveu-se na minha vida ao mesmo tempo que eu me entendia como uma pessoa trans. Isso fez com que eu usasse autorretratos para me conhecer e para gritar para o mundo aquilo que, por tantos anos, tinha sido suprimido dentro de mim.

Mas não podia parar por aí. Queria saber de outras histórias, tinha sede de outros corpos, queria que outras pessoas transgêneras e não binárias também tivessem o direito de berrar para o mundo quem elas são.

Desse desejo nasceu o Ser Trans, projeto autoral de ativismo artístico que, em busca da desmarginalização de corpos, trabalha com fotografias e entrevistas para abrir espaço para que pessoas trans possam contar, com sua voz e corpo, suas próprias histórias.

Fotografia de Gabz

Ser Trans foi lançado em maio de 2020 no Instagram (@ser.trans).

Foi sempre meu compromisso evidenciar que não existe um jeito certo de ser trans, e a fotografia tem sido uma grande aliada nisso. Através da exposição visual de corpos não cis, é possível mostrar que existem maneiras diversas de ser. Essas maneiras são, inclusive, contraditórias, pois vão além de uma produção de corpo padrão, exclusivo de um binarismo de gênero estipulado pela cisgeneridade.

Foi também por eu estar cansado da reprodução desse discurso dentro da transgeneridade que o Ser Trans foi criado. Desse modo, desde o lançamento, recebi muitas mensagens positivas sobre o impacto do projeto, principalmente de pessoas trans que viram nas narrativas expostas uma afirmação de que suas existências são válidas.

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