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Eduardo Morettin lança “A recepção crítica de Glauber Rocha no exterior (1960 – 2005)”

Disponível no Portal de Livros da USP, o livro celebra a trajetória e a importância de Glauber Rocha e da memória cinematográfica

Publicado em 18/06/2021

Atualizado às 18:38 de 17/08/2022

No início dos anos 2000, Eduardo Morettin foi convidado a realizar um projeto na editora Cosac Naify com o intuito de completar um trabalho já iniciado, que era o lançamento da coleção de reedições dos livros de Glauber Rocha, coordenada por Ismail Xavier. O trabalho resultou no livro A recepção crítica de Glauber Rocha no exterior (1960 – 2005), que reuniu toda a fortuna crítica do cineasta em revistas e em publicações nacionais e do exterior – e que se tornou há pouco público – e parte do Portal de Livros da Universidade de São Paulo (USP).

Eduardo Morettin (imagem: frame de vídeo)

Inicialmente, a pesquisa possuía dois desdobramentos, o levantamento de críticas publicadas em livro, a partir dos acervos que havia aqui no Brasil, e outra de seleção de textos publicados no exterior para depois serem traduzidos. Morettin fez uma pesquisa histórica, buscando localizar fontes e mapear o que foi produzido em revistas estrangeiras, mergulhando em acervos brasileiros, bibliotecas, no Templo Glauber e na Cinemateca Brasileira. O arquivo foi concluído em 2007, mas, por diferentes motivos, nunca publicado. 

“Em 2005, 2006, a digitalização de acervos não era como hoje. Certamente há mais material. Mas o levantamento conseguiu dar conta das principais revistas, do próprio acervo Glauber, depositado na época no Templo Glauber e transferido depois para a Cinemateca Brasileira. Foi possível ter uma visão de conjunto bem expressiva, que pode ser ampliada, mas que estabelece e realiza um diagnóstico dessa recepção”, conta Eduardo Morettin.

Dois homens aparecem em foto preto e branca, nos bastidores das filmagens de Deus e o diabo na terra do sol, filme de 1964. Um deles, à esquerda, é o diretor Glauber Rocha, e está com uma espingarda na mão. O outro, o ator Maurício do Valle, usa chapéu e olha atentamente para a espingarda.
Glauber Rocha, à esquerda, e Maurício do Valle, durante as filmagens de Deus e o diabo na terra do sol (1964) (imagem: divulgação)

Retomada na pandemia

Depois de anos de pesquisa parada, Morettin encontrou na pandemia tempo e razão para retomar seu projeto. “Quando aconteceu a pandemia ano passado e ficamos mais tempo em casa, acabei resolvendo recuperar esse projeto e viabilizá-lo junto à USP. Na verdade, tive apoio da universidade – por meio da biblioteca e do Portal de Livros –, que permitiu acesso gratuito ao conteúdo para que o livro fosse publicado”, afirma.

As consequências da pandemia e do atual governo no setor cultural e cinematográfico brasileiro também foram grande incentivo para a publicação do projeto.

“Emblematicamente, a Cinemateca onde fiz a pesquisa está fechada há meses, correndo riscos imensos em seu acervo. Uma situação que todos estão denunciando, e dedico o livro aos trabalhadores de lá. Na medida das minhas possibilidades, o lançamento foi um gesto no sentido de chamar atenção para a pesquisa história, para a memória do cinema brasileiro, para Glauber. E tudo isso ligado ao fato de que sem arquivos, sem filmes, não se faz pesquisa, não se reconstrói nossa história e cultura cinematográfica. Foi desse sentimento que surgiu a vontade e energia de tornar esse trabalho acessível.”

disponível no Portal de Livros da USP, o livro celebra a trajetória e a importância de Glauber Rocha e da memória cinematográfica. Um dos líderes do Cinema Novo, Rocha propôs um cinema moderno aliado a críticas sociais e políticas. Conheça mais de sua trajetória aqui.

“Glauber é um cineasta que transcendia nosso contexto, ele foi um vetor muito importante de aglutinação em torno de uma proposta de cinema moderno, que refletisse o país, que ajudasse a pensar cultura. Não à toa, Terra em transe é central da cultura brasileira dos anos 1960 e, não à toa, é sempre relembrado. Glauber conseguiu pensar o Brasil dentro de uma chave que não se restringiu aos anos 1960, incorporando já naquele período o pensamento que chamaríamos hoje de decolonial.”

Cena de Terra em Transe, de Glauber Rocha (imagem: frame de vídeo)

Conheça ou relembre seu trabalho na nova plataforma do Itaú Cultural, a Itaú Cultural Play, que estreia dia 19, com mostra dedicada a Glauber Rocha.

>>Itaú Cultural Play: plataforma de streaming dedicada ao cinema brasileiro será lançada em 19 de junho

 

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