Obra-prima do cinema nacional, “O bandido da luz vermelha” é um dos trabalhos que integram a mostra
Publicado em 19/11/2021
Atualizado às 17:35 de 24/01/2023
Plataforma gratuita de streaming dedicada ao audiovisual brasileiro, a Itaú Cultural Play disponibilizou quatro filmes do cineasta Rogério Sganzerla (1946-2004). Os trabalhos ficam no ar até 11 de janeiro de 2022.
Nascido em Joaçaba, em Santa Catarina, Sganzerla se mudou para São Paulo aos 15 anos de idade. E foi na capital paulista que, pouco tempo depois, aos 22, produziu seu primeiro longa-metragem, a obra-prima do cinema nacional O bandido da luz vermelha (1968). O filme, que integra a seleção da Itaú Cultural Play, contou com a atriz Helena Ignez no elenco, dando início a uma longa parceria profissional e afetiva – Copacabana, mon amour (1970), outro trabalho apresentado na mostra, também é estrelado pela atriz e foi produzido pela Belair, empresa criada pelo casal e por Julio Bressane.
Em 2010, a trajetória do cineasta foi lembrada na Ocupação Rogério Sganzerla. Além de uma exposição na sede do Itaú Cultural, com curadoria do também cineasta Joel Pizzini, a ação deu origem a um site com trechos de filmes, depoimentos em vídeo de parentes e colegas e cópias de roteiros originais, entre outros materiais. Clique aqui para acessar a página.
A seguir, saiba mais sobre as obras disponibilizadas na Itaú Cultural Play:
O bandido da luz vermelha
Rogério Sganzerla | 1968
Policial | 92 min
A voz de dois interlocutores radiofônicos anuncia o noticiário policial. Embrenhados pelas ruas da Boca do Lixo, o Quadrilátero do Pecado, autoridades empenham-se na captura do Bandido da Luz Vermelha, um marginal bárbaro e temido pelas famílias de bem. Enquanto isso, Luz narra a sua história no crime e reflete sobre a existência.
Por que ver?
“Quem tiver de sapato não sobra, não pode sobrar”. Uma das frases mais famosas do cinema brasileiro, proferida pela personagem de Paulo Villaça, o bandido, define o espírito deste filme-soma, ou faroeste do Terceiro Mundo, nas palavras de seu realizador. Em seu primeiro longa, Sganzerla redefine o caminho do cinema moderno no Brasil.
Copacabana, mon amour
Rogério Sganzerla | 1970
Experimental | 85 min
Pelas ruas e morros do mais famoso endereço do Rio de Janeiro vivem alguns personagens. Sônia Silk quer ser cantora da Rádio Nacional e entrega-se a turistas em Copacabana. Seu irmão, um médium em farrapos, é empregado de um burguês e apaixona-se perdidamente pelo patrão. Enquanto isso, um malandro aplica golpes na Avenida Atlântica.
Por que ver?
Trata-se de uma das mais radicais experiências do cinema brasileiro nos anos 1970, década mais sombria da ditadura. Chanchada, tropicalismo e o espírito da contracultura formam o contexto desta produção da Belair, a empresa independente criada por Sganzerla, Julio Bressane e Helena Ignez. Filmado totalmente com câmera na mão, tem trilha sonora original de Gilberto Gil.
Tudo é Brasil
Rogério Sganzerla | 1998
Documentário | 82 min
Em 1942, o cineasta americano Orson Welles, autor de Cidadão Kane, um dos mais importantes filmes da história do cinema, veio para o Brasil. Seu objetivo era rodar o filme It’s all true, porém, tragédias, excessos e o boicote dos magnatas de Hollywood fizeram com que o projeto fosse abortado. Sganzerla reconstitui os passos do mestre no Brasil.
Por que ver?
Exibido no Festival de Cannes, o filme é muito mais do que um documentário jornalístico sobre a mítica passagem de Orson Welles pelo país. A montagem é a grande força desta obra-prima que trata também do próprio Brasil. Seu rico e inestimável material de arquivo inclui cenas, diálogos e performances de Carmen Miranda e Grande Otelo.
Noel por Noel
Rogério Sganzerla | 1981
Documentário | 10 min
Ensaio visual sobre o compositor carioca Noel Rosa, autor de clássicos da música popular brasileira. Imagens de arquivo revelam o ambiente musical e histórico da época, incluindo aspectos do cotidiano do bairro de Vila Isabel, no início do século XX. Primeiro filme de Rogério Sganzerla a tratar do Poeta da Vila.
Por que ver?
Belíssimo exercício de montagem que celebra a obra e a vida de Noel Rosa, artista que captou como ninguém a sensibilidade carioca daqueles tempos. Premiado no Festival de Brasília, o filme reúne textos do compositor, cartas, fotos e outros materiais – incluindo, claro, suas próprias canções.