A saga de Zé do Burro na Itaú Cultural Play

Um dos grandes clássicos do cinema brasileiro, O pagador de promessas (1962) está disponível no catálogo da Itaú Cultural Play. Num terreiro de Iansã, Zé do Burro, um homem do campo, faz uma promessa à Santa Bárbara para curar seu burro Nicolau. Com a graça recebida, ele deve cumprir a promessa, levando uma pesada cruz de madeira até as portas da Igreja de Santa Bárbara, em Salvador (BA). Ao chegar à cidade, Zé de Burro enfrenta a resistência de um padre conservador, produzindo uma crise que mobiliza a imprensa, os moradores e as autoridades locais.

Escrita em 1959 por Dias Gomes para o teatro, a peça foi apresentada pela primeira vez em 1960, em São Paulo, sob a direção de Flávio Rangel e com Leonardo Villar e Nathália Timberg nos papéis de Zé do Burro e Rosa, respectivamente. Sucesso no teatro, a adaptação cinematográfica ganhou o mundo com a direção de Anselmo Duarte em 1962. Nas telonas, além de Villar, Glória Menezes entrou para o elenco como Rosa.

Até hoje, O pagador de promessas é o único filme brasileiro a conquistar a Palma de Ouro naquele mesmo ano, o maior reconhecimento do Festival de Cannes. Também foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

O conflito entre o herói trágico e o fundamentalismo da Igreja, representado pelo personagem Padre Olavo, é o disparador para expor as principais críticas do autor: o mito da liberdade em um sistema capitalista, a religiosidade arcaica, as injustiças sociais, a reforma agrária, a manipulação e o sensacionalismo da mídia.

O título foi inserido na na coleção Histórias do cinema brasileiro, que já conta com filmes como O bandido da luz vermelha (1968), de Rogério Sganzerla, Cidade oculta (1986), de Chico Botelho, Alma no olho (1973), de Zózimo Bulbul, Os cafajestes (1962), de Ruy Guerra, Deus e o diabo na terra do sol (1964), de Glauber Rocha, entre outros.

Ocupação Dias Gomes

Neste 19 de outubro – data que marca o centenário de Dias Gomes (1922-1999) – o Itaú Cultural abre a Ocupação Dias Gomes, mostra que celebra um dos mais consagrados dramaturgos do país. Autor de obras marcantes como O bem-amado (1962), O Santo Inquérito (1964) e Roque Santeiro (1985), Dias Gomes deu asas a personagens como Odorico Paraguaçu, Branca Dias, Viúva Porcina e tantos outros que estão vivos na memória do espectador.

Na exposição, o público terá contato com diversas frentes do autor: o seu lado pessoal, as obras e os personagens criados para teatro e televisão, a censura, o realismo fantástico e o sucesso que ele alcançou com público e crítica.

Saiba mais sobre a Ocupação Dias Gomes.

Acesse o site da mostra com conteúdo especial sobre o homenageado.