No terceiro episódio da temporada, conheça embarcações e grandes histórias das navegações. Saiba mais neste material complementar
Publicado em 16/10/2020
Atualizado às 16:34 de 15/10/2020
Há aproximadamente 500 anos, o mundo ficou maior. Na verdade, os humanos conheceram mais lugares no planeta. A invenção de grandes barcos chamados de caravelas – mas bem menores do que qualquer cruzeiro atual – permitiu que alguns atravessassem os mares e avistassem terras até então desconhecidas. A navegação mudou a história do mundo.
O que essas pessoas encontraram? Rios, planícies, montanhas, vegetações, animais, humanos e culturas completamente diferentes de tudo já conhecido. Mas, como o incomum pode causar medo, essas diferenças todas foram alvo de muita maldade. Assim, rios, planícies, montanhas, vegetações, animais, humanos e culturas desapareceram. Algumas sem deixar rastro.
Talvez vocês já tenham lido essa história. Vamos vê-la agora sob outra perspectiva. Apresentamos a vocês as narradoras do texto a seguir: as águas.
Mais antigas que a vida, nós somos formadas pelo oceano, um imensurável corpo de água salgada que os humanos dividem em Pacífico, Atlântico, Índico, Glacial Antártico e Glacial Ártico, que ligam todos os continentes. Por sinal, são algumas criaturas que o habitam, as algas marinhas, que compõem o que chamam de “pulmão do mundo”. Cada um desses oceanos tem muitos mares, que são menores, mais rasos e cercados por terra, onde vocês vivem. Uma pequena parte nossa, que para vocês pode parecer imensa, são doces rios, lagos, geleiras e águas subterrâneas.
Somos grandes admiradoras dos barcos; afinal, sabemos bem que não é nada fácil navegar sobre nós. A construção desses veículos requer grande conhecimento para que flutuem e se mantenham estáveis apesar da correnteza, das ondas e ventanias, além de ser preciso conhecer muito bem a direção e a intensidade dos ventos e saber ler o mapa das estrelas. Longe de tudo e todos, é ele quem pode dizer onde exatamente você está e qual é o caminho para onde deseja ir.
E o destino é sempre um porto, isto é, um local de água razoavelmente profunda ao abrigo dos ventos, das ondas e correntezas, onde os barcos possam estacionar. Muitas cidades litorâneas são construídas a partir de seus portos. Essas cenas são tão inspiradoras que se tornaram um tema de pintura à parte: a marinha. Podemos observar isso nos panoramas da antiga Vila de Santos e do Rio de Janeiro, que no século XIX foram representados sempre cheios de embarcações. Nessa época, a baía fluminense era um pouco maior do que é hoje, já que o que se chama de Aterro do Flamengo ainda era o Morro do Castelo, destruído em 1922, mas imortalizado em obras visuais e literárias como Esaú e Jacó, de Machado de Assis.
Talvez surpreenda alguns de vocês saber que também a Grande São Paulo já foi uma cidade fluvial. Uma parte de nós, isto é, centenas de cursos d’águas, está atualmente enterrada. Uma imensa extensão do Rio Tamanduateí, hoje ruas e bairros pavimentados, era frequentada no passado por lavadeiras e banhistas, assim como o Rio Pinheiros, onde também se praticava remo e se deslocava de um lugar para outro. Gostamos de imaginar como seria a cidade agora se esses rios tivessem sido mantidos e as pessoas navegassem, ao invés de andar sobre trilhos e rodas. Como vocês imaginam?
Se falamos em grandes extensões de rios, como não mencionar o São Francisco, o Velho Chico? Sua cachoeira Paulo Afonso é venerada como local sagrado pelos indígenas da região desde sempre, e sua monumentalidade tem sido tema de pinturas há, pelo menos, algumas centenas de anos. Em termos de volume de água, não há rio maior do que o misterioso Amazonas, salvaguarda de criaturas conhecidas pelo termo de fósseis vivos, como o pirarucu, um dos mais antigos peixes de água doce do mundo, espécie praticamente inalterada há milhões de anos.
No entanto, há tanta beleza e mistério nessas águas colossais quanto nas pequenas gotículas que se formam nas folhas e flores. Basta saber reconhecer. Muitos que vieram para o Brasil nas caravelas não sabiam disso e, em vez de admirarem, destruíram. Mas outros souberam e, com isso, aprenderam e partilharam. Que vocês, jovens navegadores, velejem para preservar, desbravem novas terras para compreender e sejam apreciadores do mistério e do desconhecido!
Para inspiração a entrar nesta jornada com a gente, deixamos aqui algumas referências:
Santos: uma cidade, um porto;
Panorama do Rio de Janeiro (tomado do Morro do Castelo);
Esaú e Jacob;
Panorama da Cidade de São Paulo;
O interesse de d. Pedro II pelo Rio São Francisco;
Paulista Passing River;
A Missão Austríaca;
Nau D. João VI;
Registros do Recife;
Friburgum;
Vista da Cidade de Olinda (Tomada do Pharol.);
Botafogo Bay and Sugar Loaf;
Boa Viagem;
Bota Fogo;
São Paulo do século XIX;
Fluvii S. Francisci Cataracta, Dicta de Paulo Affonso;
View of the City of Rio de Janeiro Taken from the Anchorage;
View of the City of Rio de Janeiro Taken from the Anchorage;
View of the Western Side of the Harbour of Rio de Janeiro
Lagoa de Rodrigo de Freitas, com Morro do Corcovado. Rio de Janeiro;
La Fregata Inglese "Narcisus", Entrando in Porto Stanley – Isle Falkland;
Navio Tombado;
Navio;
Attaque Générale par Terre et par Mer de Rio-Janeyro, Prise d'Assaut Pendant un Violent Orage le 21 Septembre 1711;
Veleiros;
Couraçado São Paulo (Atribuído);
Coleção Alexandre Rodrigues Ferreira.
Confira todos os episódios da primeira temporada da Expedição Brasiliana aqui.