No quarto episódio da segunda temporada, aprenda a coletar e registrar plantas secas. Saiba mais neste material complementar
Publicado em 23/10/2020
Atualizado às 15:49 de 20/10/2020
A coleta teve início como uma prática humana de subsistência, para ter alimentos e fazer ferramentas. Para além disso, coletar e observar plantas é uma forma de se conectar com a natureza ao redor de nós e conhecer o lugar que habitamos.
Pensando nisso, neste episódio da temporada, propomos experimentar o processo de secar plantas. Trata-se de uma prática de conservação, como vemos nos chás, de diversas ervas aromáticas e frutas. Mas antes de secá-las é preciso encontrá-las. É preciso olhar para o dia a dia, para os lugares pelos quais passamos cotidianamente, e despertar uma curiosidade no olhar, perguntando-se: onde estão as plantas? Mesmo para quem vive em áreas tão cinzas, de concreto, como são as cidades grandes, onde não encontramos grandes e numerosas florestas, parques ou jardins, temos a possibilidade de nos conectar com os ciclos naturais; afinal, nós os vivemos em nossos corpos.
A prática de olhar as plantas e a possibilidade de guardá-las a partir de uma coleta responsável e consciente podem nos fornecer significativo material para percebermos a biodiversidade. Esta é o que maravilhou os primeiros estrangeiros que chegaram ao território brasileiro e que os fascinou a ponto de trazerem para cá cientistas para estudá-la e divulgá-la. Mas é importante dizer que os primeiros habitantes desta terra – inclusive representados na Brasiliana – têm papel muito relevante, desde a época em que os colonizadores chegaram até hoje, nos alertando sobre o impacto do modo de vida extrativista na natureza. Esses povos originários são desde sempre grandes conhecedores desse mundo vegetal e souberam desenvolver sua vida de maneira respeitosa, harmônica. Se hoje o tema da sustentabilidade é tão presente, certamente esses povos têm muito a ensinar a respeito.
Essa biodiversidade é tão rica que ainda hoje se descobrem plantas. Recentemente, foi registrada uma nova espécie e, em homenagem a um grande representante da causa indígena na atualidade, Ailton Krenak, batizaram a planta de Lippia krenakiana.
É interessante também notar o fascínio humano pelas flores – por suas cores, formas e cheiros –, associadas a diversos usos, como no buquê de casamento, que está ligado a um significado de começo, e também nos funerais, no sentido de um final. Os arranjos florais são uma das artes do zen-budismo, chamada de iquebana.
As flores, como folhas, também podem formar amostras com impacto visual nos herbários, coleções científicas que, além de servirem para pesquisa, são tão admiradas por sua beleza que viram molduras e quadros. Como aventureiros, podemos nos inspirar no jeito científico de colher as plantas, observando em que fase de seu ciclo elas estão para que sequem e preservem suas características o mais próximo possível de quando frescas, mas podemos igualmente fazer diversos experimentos – desde que respeitando sempre aquela vida – e observar os resultados finais, as mudanças e as permanências. Com isso, é possível dizer que o herbário, por meio de formas, tamanhos, cores e marcas, é uma coleção de algo que foi vivo e conta sua história. Quais histórias seu herbário conta?
Para inspiração, aqui deixamos algumas referências:
Queimadas e desmatamento: destruição ambiental x desenvolvimento econômico;
Alexander von Humboldt, cientista e explorador;
A primeira expedição científica brasileira e as aquarelas do cearense Reis Carvalho;
Historia Naturalis Brasiliae;
[Folhas, Flores e Raízes];
Bactris I II III Setora. IV V VI Concinna;
Cocos I. II. Comofa. III – Nucifera;
Desmoncus polyacanthos;
Euterpe edulis.