Criado por Fabiano Dadado de Freitas, o projeto “Tônia, um corpo político” mistura as linguagens do teleteatro e a documental
Publicado em 19/09/2022
Atualizado às 16:22 de 30/01/2023
Entremeando as linguagens do teleteatro e a documental, a websérie Tônia, um corpo político trabalha com quatro peças que Tônia Carrero, homenageada da 56ª Ocupação Itaú Cultural, levou para os palcos. As obras, cada uma abordada em um episódio, são Frankel, de Antonio Callado; Um deus dormiu lá em casa, de Guilherme Figueiredo; Calúnia, de Lillian Hellman; e Quartett, de Heiner Müller. Todos os espetáculos, vale ressaltar, evidenciam escolhas políticas transgressoras de Tônia e é esse o viés que perpassa a série criada pelo diretor e roteirista Fabiano Dadado de Freitas.
Veja também:
>>Navegue pelo site da Ocupação Tônia Carrero
>>Leia a publicação da Ocupação Tônia Carrero
Confira cada um dos episódios, todos com interpretação em Libras. Se preferir, veja no YouTube do Itaú Cultural.
Frankel
[classificação indicativa: 12 anos]
Escrita por Callado em 1957 especialmente para ser estrelada por Tônia, Frankel é um drama em três atos que se passa em uma cabana do Serviço de Proteção aos Índios no Alto Xingu. Na ficção, a atriz vivia uma antropóloga do Museu Nacional que se depara com a misteriosa morte de Frankel, um pesquisador inescrupuloso. Com uma atualidade impressionante, já no fim da década de 1950 a obra denuncia o genocídio indígena no Brasil e os conflitos com grileiros e extratores de madeira ilegal. Na cena escolhida, o indigenista João Camargo (Ronaldo Serruya) expõe a Estela (Tatiana Ribeiro) os duvidosos métodos de Frankel ao lidar com os povos originários.
Um deus dormiu lá em casa
[classificação indicativa: 12 anos]
Tônia e Paula Autran estrearam Um deus dormiu lá em casa em 1949, um dos maiores sucessos da carreira de ambos. Montada pelo Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), a peça revisita a clássica história de Anfitrião e Alcmena. Na versão do século XX, Anfitrião se disfarça do deus Júpiter para testar a fidelidade de sua esposa. No entanto, ela percebe o estratagema e manipula a situação conjugal, em uma atitude reveladora da possibilidade da autonomia feminina. Na cena escolhida, Anfitrião (interpretado aqui por Gabriel Lodi), pateticamente disfarçado, inicia o teste de fidelidade. Rudá interpreta Alcmena.
Calúnia
[classificação indicativa: 10 anos]
Filmado em Hollywood com o título Infâmia (tendo Audrey Hepburn e Shirley MacLaine em tela), o clássico de Lilian Hellman fala sobre o amor entre duas mulheres, então proibido em uma cidade interiorana dos Estados Unidos. Com direção de Adolfo Celi e ao lado das atrizes Margarida Rey e Monah Delacy, Tônia Carrero protagonizou e traduziu a obra em questão. A cena selecionada é a que dá origem à calúnia sofrida pelo casal, quando Tia Lily revela a Marta que percebeu a paixão da sobrinha por uma amiga. No elenco da criação de agora, Camilla Flores faz Marta, a sobrinha, e Maura Ferreira tem o papel da tia.
Quartett
[classificação indicativa: 14 anos]
Levada à cena na década de 1980, Quartett representa um perigoso jogo de sedução. Com encenação assinada por Gerald Thomas e Sérgio Britto no elenco, a personagem de Tônia possibilitou à atriz explorar os meandros da paixão e da morte. A cena revivida em formato de teleteatro traz um recorte de alguns dos textos da peça original. Flavia dos Prazeres interpreta Merteuil e Leandro Vieira faz Valmont.
Ficha técnica
Roteiro, pesquisa e direção: Fabiano Dadado de Freitas
Elenco: Camilla Flores, Flavia dos Prazeres, Gabriel Lodi, Leandro Vieira, Maura Ferreira, Ronaldo Serruya, Rudá e Tatiana Ribeiro
Direção de fotografia: Tiago Lima
Edição: Caio Casagrande
Direção de arte: Maurício Bispo
Figurinista: Ronnie Gismonti
Assistente de direção de arte: Luís Veras
Produção: Carol Kern
Operador de câmera: Eduardo Del Rey
Motorista: Edgard Ramos Borges