O escritor se tornou a primeira pessoa indígena a ocupar uma cadeira na ABL
Publicado em 05/10/2023
Atualizado às 22:56 de 05/10/2023
Ailton Krenak fez história novamente nesta quinta-feira, 5 de outubro de 2023. No mesmo dia em que a Constituição brasileira completa 35 anos, o escritor e ambientalista, famoso pelo discurso icônico na Assembleia Constituinte, em 1987, em defesa dos direitos dos povos indígenas, foi eleito para a cadeira 5 da Academia Brasileira de Letras.
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Ocupada anteriormente pelo historiador José Murilo de Carvalho, a cadeira era disputada pelo também escritor indígena Daniel Munduruku e pela historiadora Mary Del Priore. De janeiro a junho de 2019, Munduruku foi colunista deste site, comentando em vídeo questões relacionadas à cultura dos povos indígenas.
Krenak recebeu 23 votos, contra 12 de Mary Del Priore e quatro de Daniel Munduruku. A trilogia formada pelos livros Ideias para adiar o fim do mundo, A vida não é útil e Futuro ancestral condensa o pensamento defendido pelo líder indígena e foi editada a partir de textos curtos e adaptações de palestras proferidas por ele.
Krenak no site do IC
Um ano após o início da pandemia de covid-19, Ailton Krenak escreveu um texto para o site do IC sobre o que acreditava contribuir para o caos naquela ocasião.
“Um ano depois do início da pandemia, quero falar sobre nossa identidade, sobre cultura, sobre as diferentes escolhas que nossas culturas nos levam a fazer. Eu estava pensando no dilema que vivemos nos últimos anos, mas todo o século XXI também é caracterizado por isso, que é a movimentação de pessoas pelos continentes, pelos países, que resultou no que chamamos de refugiados”, diz o começo do texto exclusivo.
Em 2016, o escritor e ambientalista nos contou um pouco da história do povo Krenak, impactado brutalmente pelo rompimento da Barragem do Fundão, no município de Mariana/MG, responsável pela morte do Rio Doce – um dos principais elementos da cultura e de sobrevivência do povo Krenak. Segundo ele, na época, não havia interesse por parte de editoras em publicar sobre o assunto, mas destacou a importância da literatura produzida por indígenas.