Prêmio de literatura em língua portuguesa destacou romances de Itamar Vieira Junior, Djaimilia Pereira de Almeida e Maria Valéria Rezende
Publicado em 18/12/2020
Atualizado às 11:40 de 09/12/2022
Foram anunciados, no dia 18 de dezembro, em cerimônia transmitida ao vivo pelo site do Itaú Cultural, os três livros vencedores da edição de 2020 do Oceanos – Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa. Dos 1.872 trabalhos inscritos, os dez finalistas foram avaliados por um júri formado pelos professores portugueses Joana Matos Frias e Carlos Mendes de Sousa, pela professora santomense Inocência Mata, pela poeta brasileira Angélica Freitas e pelos professores brasileiros João Cezar de Castro Rocha e Viviana Bosi. O grupo elegeu as seguintes obras:
1º lugar: Torto Arado, de Itamar Vieira Junior | romance brasileiro
2º lugar: A Visão das Plantas, de Djaimilia Pereira de Almeida | romance português
3º lugar: Carta à Rainha Louca, de Maria Valéria Rezende | romance brasileiro
O autor do livro vencedor recebe R$ 120 mil; a segunda e a terceira colocadas, por sua vez, recebem R$ 80 mil e R$ 50 mil, respectivamente.
Torto Arado é o romance de estreia do baiano Itamar Vieira Junior. De acordo com a jurada Joana Matos Frias, o trabalho é “raro e arrebatador por ser ao mesmo tempo absolutamente local e absolutamente universal”. “Fruto de uma escrita tão límpida que parece ocultar a sua enorme complexidade”, segue ela, “Torto Arado cumpre acima de tudo um propósito que a muitos poucos é dado cumprir: é um livro para ser lido por todos os leitores”.
A Visão das Plantas, por sua vez, é apontado pela jurada Inocência Mata como “uma reflexão sobre a pós-humanidade, em que diferentes entendimentos de ‘meio ambiente’ são revelados e explorados. Mais do que perseguir o fim da vida de um homem cujo passado é muito obscuro, a narrativa questiona o lugar do humano na natureza”. Trata-se, ainda segundo a professora, de “uma história em que representações da não-humanidade – as plantas, as flores, os frutos, os animais, os fenômenos atmosféricos – surgem como possibilidades redentoras da condição humana”. Esta é a segunda vez que o Oceanos destaca a produção de Djaimilia Pereira de Almeida, portuguesa nascida em Angola. Seu romance Luanda, Lisboa, Paraíso foi o primeiro colocado da edição de 2019 do prêmio.
Carta à Rainha Louca, por fim, foi concebido a partir de pesquisas de Maria Valéria Rezende sobre a história da igreja no Brasil – e a ausência das mulheres nessas narrativas. A obra foi escrita com o apoio do programa Rumos Itaú Cultural 2015-2016 – clique aqui para conferir uma entrevista em vídeo com a autora, paulista que vive desde 1976 na Paraíba. No depoimento, gravado em 2017, ela comenta, entre outras questões, os desafios de se colocar no lugar de uma mulher do século XVIII e de que modo os acontecimentos do presente a ajudaram a pensar diferentes aspectos da vida no passado.
Veja, abaixo, a cerimônia de anúncio dos livros vencedores. O evento on-line contou com a participação da curadoria do prêmio – Adelaide Monteiro, de Cabo Verde, Isabel Lucas, de Portugal, e Manuel da Costa Pinto e Selma Caetano, do Brasil – e do autor e das autoras das obras selecionadas.