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por Daniela Paoliello
Esta seleção é composta de imagens de Exílio, escavar o escuro, Que horas são no paraíso? e Das formas de produzir um arquipélago sem mar, trabalhos que atravessam quase dez anos de produção. Fazem parte de um conjunto de obras dedicadas a discutir a perda de si a partir das relações entre corpo e natureza, desenvolvidas majoritariamente por meio da autoperformance para a câmera. Pautados pela colocação do corpo em contato direto com o espaço a fim de produzir estímulos, esses trabalhos buscam relações miméticas com a natureza. O processo criativo em questão funda-se em experiências de abalo do eu, de perda de si e de exposição do corpo às forças do mundo. A relação entre corpo e espaço é central e é a partir de um método imersivo e experimental que as imagens são produzidas, tensionando-se limites e sacrificando-se na forma a unidade da forma. Esse método vem de um reincidente desejo: deslocar, desenraizar, desestabilizar. Criar uma poética de si, perturbar as estruturas do corpo, reinventar-se a partir da exploração de novos territórios afetivos e espaciais, criar pela perda. Um processo que se revela como um movimento que implica formular práticas do abalo de si, um corpo em vertigem que aceita perder(-se) para ganhar a possibilidade da invenção.[1]
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Daniela Paoliello Artista visual residente em Belo Horizonte (MG). Graduada em ciências sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e doutora em artes pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), é autora dos fotolivros Exílio e Que horas são no paraíso?. Foi ganhadora do XIII Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia e faz parte da coleção do Museu de Arte do Rio (MAR). Nos últimos anos desenvolve sua pesquisa por meio da autoperformance feita exclusivamente para a câmera (fotografia e vídeo) e da produção de uma autoficção.
Expediente da Revista Observatório 30
[1] FARIA, Priscilla Menezes de. Outra para si: a carne e o duplo. In: PAOLIELLO, Daniela. Exílio. Rio de Janeiro: Funarte, 2015.