Revista Observatório 31 | Arte, saúde mental e neurociências: o impacto da experiência artística como terapia preventiva e de reabilitação
O artigo apresenta formas de pensar a convergência entre arte e neurociências para a promoção da melhora na qualidade de vida e na saúde mental. Trata-se de evidências de que tanto a criação quanto a contemplação artística são benéficas para a saúde mental.
A intercessão entre as artes e as neurociências aponta para novos e desafiadores horizontes, mas uma questão tem atraído cada vez mais estudiosos e se refere às possíveis contribuições das artes para a prevenção ou a reabilitação de quadros neurológicos. Vemos hoje um cenário pleno de potencialidades para o uso da arteterapia nas práticas da medicina, da psicologia e nas terapias de prevenção e reabilitação. A relação entre arte e cérebro desperta, ainda, o interesse tanto de cientistas quanto de artistas na busca de uma convergência que tenha impacto sobre os dois campos. Neste artigo, são apresentados estudos que têm revelado formas de pensar essa convergência para a promoção da melhora na qualidade de vida e na saúde mental. Trata-se de evidências de que tanto a criação quanto a contemplação artística são benéficas para a saúde mental.
Uma pergunta recorrente quando nos deparamos com a interface entre os campos das artes e das neurociências diz respeito às possíveis contribuições das práticas e dos conhecimentos artísticos na prevenção e/ou na reabilitação de quadros neurológicos, principalmente aqueles nos quais se observam a degeneração ou a perda de células neuronais e da capacidade cognitiva. É de grande importância ter em mente que o campo das neurociências é transdisciplinar e relativamente novo em relação a outras ciências e, por isso, muito ainda está sendo descoberto e muitas interfaces com outras áreas, como as artes, ainda estão sendo desbravadas. Se pensarmos especificamente nas ligações entre artes e saúde mental, vemos um cenário pleno de potencialidades para a incorporação da arteterapia nas práticas da medicina, da psicologia e das terapias de prevenção e reabilitação.
Ao longo de toda a história, a experiência artística, também denominada experiência estética, tem sido vista como capaz de evocar emoções, sensações e pensamentos que, apesar de causar impactos diferentes em cada pessoa, possuem algumas bases neurobiológicas comuns, como fenômeno neurológico. Portanto, independentemente da experiência subjetiva individual, há um impacto, um efeito comum que se dá no processamento dessa experiência pelo cérebro e que caminha lado a lado com a evolução humana. Uma pesquisa realizada em 2019 pelo grupo da professora e pesquisadora Christianne Strang, da Universidade do Alabama, destaca que, ao falar do uso das artes para a prevenção ou a reabilitação da saúde mental, estamos tratando da construção de um campo de conhecimento rico em possibilidades[1]. Hoje, muitos estudos experimentais, com resultados cientificamente testados, revelam o imenso potencial da associação entre as práticas artísticas e quadros como o estresse, a ansiedade e a depressão[2][3][4].
Em 2018, a pesquisadora Melissa Walter e sua equipe observaram, por meio de exames de ressonância magnética funcional (fMRI, na sigla em inglês), que o uso de imagens visuais com referências positivas a comunidades, propósitos e pertencimentos promoveu a melhora da atividade talâmica de indivíduos com lesão cerebral e estresse pós-traumático[5]. Esse e outros achados científicos fortalecem a ideia de que o impacto do tratamento por meio de experiências artísticas (estéticas) pode contribuir significativamente para a promoção de mudanças biológicas na reabilitação psicológica e cognitiva. Nesse sentido, crianças que vivem quadros severos de asma tendem a apresentar graus de estresse que, em alguns casos, podem afetar a sua saúde mental. Diante disso, os pesquisadores Beebe, Gelfand e Bender[6], da National Jewish Health, testaram o efeito de sete sessões semanais de arteterapia, controladas e randomizadas, em 22 crianças com quadro grave de asma. Nesse estudo, descobriram que aquelas que recebiam a intervenção artística tinham um quadro de melhora maior do que o grupo de controle. Foram quantificados os níveis de ansiedade e qualidade de vida e, mesmo seis meses após o tratamento, o quadro de melhora ainda se mantinha.
Os benefícios da convergência entre arte e neurociências são encontrados em níveis ainda mais específicos. O pesquisador de neuroestética Semir Zeki, da University College London e expoente nos estudos de neuroestética, conduziu um estudo no qual os participantes foram submetidos a exames cerebrais enquanto viam uma série de imagens de pinturas de grandes artistas[7]. Os resultados indicaram que, quando as pessoas viam as obras de arte que achavam mais bonitas, o fluxo sanguíneo apresentava um aumento de até 10% nas áreas cerebrais associadas à sensação de prazer e que essa experiência visual equivalia, em termos neurais, à atividade de quando viam um ente querido.
Lukasz Konopka[8]destaca que muitos esforços vêm sendo feitos, há décadas[9][10], no sentido de localizar áreas cerebrais específicas ou padrões de atividade que possam ser dedicados exclusivamente ao fazer artístico. No entanto, esses estudos da virada do ano 2000 apresentaram um problema: a falta de análise sobre a existência ou não de uma distinção entre os processos usados para fazer ciência (método científico) e para criar uma obra de arte. Hoje é sabido que a vivência artística (visitar um museu ou espaço cultural, assistir a uma peça de teatro ou apresentação de dança, ouvir música etc.) promove a ativação de muitos processos avançados do cérebro humano. Isto é, o processo criativo é resultado da atuação de múltiplas áreas corticais, e não uma ação isolada de alguma área. A experiência artística emerge da interação de múltiplos processos cognitivos e afetivos. Pesquisas integrativas por estudos neuropsicológicos e de neuroimagem mostram as redes cerebrais ligadas impactadas por ela[11].
Antonio Federico, da Universidade de Siena, e Francesca Federico, da Universidade Sapienza (Roma), dividem os impactos neurofuncionais das artes em três grupos principais[12]. O primeiro grupo estaria relacionado com a ativação de regiões ligadas ao julgamento avaliativo, ao processamento da atenção e à recuperação da memória (áreas corticais pré-frontal, parietal e temporal). O segundo grupo estaria relacionado com uma maior atividade do circuito de recompensa, que está envolvido com a sensação de geração de prazer e emoções, e na valorização e antecipação da recompensa (regiões corticais, subcorticais e alguns de seus reguladores). Por fim, o terceiro grupo diz respeito à modulação de atenção da atividade cerebral, impactando sobre o aumento da percepção de certas características, relações, localizações ou objetos (regiões sensoriais corticais de nível baixo, médio e alto).
Publicações internacionais têm apresentado evidências crescentes na medicina de reabilitação e também no campo das neurociências que sinalizam a melhora de funções cerebrais a partir da intervenção através da arte. Sabe-se, hoje, que a experiência artística produz ondas cerebrais com impactos em ambos os hemisférios cerebrais[13]. Juliet King e sua equipe da Universidade de Indiana fizeram leituras de eletroencefalograma com dez participantes saudáveis depois que eles desenvolveram atividades com giz pastel, uma moeda e um lápis[14]. Comparando as atividades (gestos, movimentos) envolvidas com uma intenção criativa e uma sem intenção criativa, descobriram que a atividade cerebral para os gestos de mão meramente mecânicos apresentava um padrão diferente em relação aos gestos criativos feitos com giz pastel, revelando que um movimento com finalidade estética tem, para nosso cérebro, um valor único que o diferencia das ações cotidianas.
Publicações internacionais têm apresentado evidências crescentes na medicina de reabilitação e também no campo das neurociências que sinalizam a melhora de funções cerebrais a partir da intervenção através da arte.
Em um estudo-piloto desenvolvido por Kaimal e colegas, foi descoberto que atos criativos aumentaram o fluxo sanguíneo no córtex pré-frontal medial, que está relacionado com uma parte
do circuito de recompensa no cérebro[15]. O estudo contou com a participação de 26 indivíduos e fez uso de uma ferramenta de neuroimagem, a espectroscopia funcional no infravermelho próximo (fNIRS na sigla em inglês), enquanto esses participantes coloriam, rabiscavam e desenhavam. A ideia era entender melhor como essas práticas afetam a atividade cerebral. Os resultados mostraram a ativação da área cortical do circuito de recompensa e permitem concluir que a experiência artística pode ser identificada como uma atividade relacionada com o bem-estar e, possivelmente, com a produção de serotonina, um importante mediador sináptico central ligado à sensação de prazer e satisfação. Vale destacar que tais benefícios não vêm da arte como um conceito abstrato, mas da experiência artística em si, ou seja, da vivência de fruição estética. Trata-se de um tipo de observação diferenciada, que pode estimular a criação de novos caminhos neurais e novas formas de pensar.
a experiência artística pode ser identificada como uma atividade relacionada com o bem-estar e, possivelmente, com a produção de serotonina, um importante mediador sináptico central ligado à sensação de prazer e satisfação. Vale destacar que tais benefícios não vêm da arte como um conceito abstrato, mas da experiência artística em si, ou seja, da vivência de fruição estética
Na Alemanha, uma equipe de pesquisa liderada pelos neurologistas Anne Bolwerk e Christian Maihofner concluiu que a produção de arte visual impacta sobre a interação efetiva entre certas regiões do cérebro promovendo melhorias[16]. Essa melhora na função cerebral foi acompanhada por autorrelatos de resiliência psicológica reforçada. O estudo contou com a participação de 28 pessoas aposentadas havia mais de três meses e menos de três anos, que participaram de uma aula na qual criavam pinturas e desenhos. No artigo, publicado na revista PLoS One, os autores revelam que os resultados contribuem para a criação de intervenções preventivas e terapêuticas. Segundo os resultados, o envelhecimento normal parece impactar a atividade intrínseca e a conectividade da rede neural de modo padrão (RMP, ou DMN, do inglês default mode network), o que levanta e respalda a possibilidade de que a criação artística contribua para o atraso do declínio das funções cerebrais relacionado à idade dos participantes. Por fim, perceberam na vivência da experiência artística uma melhora significativa na resiliência psicológica e níveis aumentados de conectividade funcional no cérebro. Foi possível observar, portanto, nesse estudo de Bolwerk e Maihofner, que o ato de produzir arte contribui para revigorar o cérebro de um modo diferente da experiência de quem apenas contempla um objeto artístico. No ato da produção de arte visual, observaram-se tanto o aumento na conectividade funcional no cérebro quanto uma maior ativação do córtex visual. Os pesquisadores concluíram, assim, que a atividade de criação artística pode ajudar a manter a saúde mental na velhice, do mesmo modo que o exercício físico ajuda na manutenção da saúde do corpo. Dessa forma, a prática artística pode atuar como um componente de prevenção, o que colabora para a manutenção da saúde mental.
Um estudo publicado em 2014 na revista Neuroimage, por Rebecca Chamberlain e sua equipe, revelou diferenças relevantes na estrutura geral do cérebro de artistas e não artistas[17]. Os autores afirmam que os artistas podem ter um aumento na quantidade de matéria neural nas regiões cerebrais que lidam com percepção visual, navegação espacial e habilidades motoras finas. A pesquisa baseou-se em um estudo comparativo de exames cerebrais e performances de desenho de 21 estudantes de arte e 23 não artistas. Os resultados mostraram que aqueles que se identificaram como artistas – assim como aqueles que tiveram melhor desempenho nos testes de desenho – tendiam a ter mais massa cinzenta no lobo parietal, uma região envolvida com orientação espacial e cognição. Segundo os autores, isso parece indicar que as pessoas que se destacam em uma atividade artística, como o desenho, têm estruturas mais desenvolvidas em certas regiões do cérebro que controlam o desempenho motor fino (memória processual). Contudo, isso não indica que o talento artístico seja uma habilidade inata, mas que foi mais treinado e, por causa disso, torna-se importante constatar que deve ser desenvolvido. Isso nos leva a crer que o treinamento pode ser igualmente usado para promover a reabilitação em caso de degeneração ou perda de massa, como observado naturalmente durante o envelhecimento e em alguns quadros neurológicos degenerativos (por exemplo, na doença de Alzheimer).
Atividades como pintura, escultura, desenho e fotografia podem ser vistas como hobbies relaxantes e gratificantes tanto para quem cria quanto para quem contempla[18], além de auxiliar na diminuição dos níveis de estresse, dando ao cérebro uma importante variação nos padrões de atividades habituais e na melhora da cognição[19][20][21]. A exposição a uma atividade nova ou complexa também promove a formação de novas conexões e a remodelagem daquelas previamente existentes entre as células cerebrais. Ao desenvolver novas conexões, está sendo posto em ação o processo de plasticidade cerebral ou neuroplasticidade, que é essencial para a recuperação de funções neurais após lesões cerebrais[22]. Ao criar ou contemplar um objeto artístico, o indivíduo estimula a comunicação entre várias áreas do cérebro, aumentando a resiliência psicológica e os padrões de conexão dos circuitos neurais (rede neural). Aliás, já se sabe que o número e a eficiência das conexões sinápticas, que formam essas redes, são aspectos extremamente importantes para a “inteligência” e para nossas habilidades cognitivas[23].
Ao criar ou contemplar um objeto artístico, o indivíduo estimula a comunicação entre várias áreas do cérebro, aumentando a resiliência psicológica e os padrões de conexão dos circuitos neurais (rede neural). Aliás, já se sabe que o número e a eficiência das conexões sinápticas, que formam essas redes, são aspectos extremamente importantes para a “inteligência” e para nossas habilidades cognitivas
Concluindo, a relação entre arte e cérebro desperta cada vez mais o interesse tanto de cientistas como de artistas, sendo uma ótima maneira de pensar a convergência entre ambos como uma forma de promoção da melhora na qualidade de vida. Já está comprovado que tanto a criação artística quanto a contemplação artística são benéficas para a saúde mental. Assim, ir a um museu ou espaço cultural, iniciar uma atividade artística ou quaisquer outras formas de produzir ou apreciar arte são atividades que podem colaborar para estimular a saúde mental e promover a reabilitação em quadros que afetem o sistema nervoso.
Como citar este artigo
ARANHA, Gláucio; SHOLL-FRANCO, Alfred. Arte, saúde mental e neurociências: o impacto da experiência artística como terapia preventiva e de reabilitação. Revista Observatório Itaú Cultural, São Paulo, n. 31, 2022. Disponível em: [url]. Acesso em: [data_atual].
Gláucio Aranha é professor adjunto do Instituto Nutes de Educação em Ciências e Saúde (Nutes), coordenador da Rede de Estudos em Neuroeducação (Redeneuro) e membro do Laboratório de Vídeo Educativo (LVE), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É bacharel em direito, mestre em comunicação, imagem e informação e doutor em letras. É membro permanente da Society for Neuroscience (SfN) e da Brazilian Studies Association (Brasa).
Alfred Sholl-Franco é professor associado do IBCCF e coordenador do NuDCEN, ambos da UFRJ, vice-coordenador da Redeneuro e pesquisador associado ao Laboratório de Neurogênese (LN). É biólogo, neurocientista, mestre e doutor em ciências biológicas (modalidade biofísica). É membro permanente da Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento (SBNeC), da Society for Neuroscience (SfN), da Mind, Brain and Education Society (MBES) e da Brasa.
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