Projeto contemplado pelo programa “Rumos Itaú Cultural” que resgata a história de Esperança está disponível para download
Publicado em 06/09/2023
Atualizado às 11:24 de 06/09/2023
O dia 6 de setembro parece ser um dia como qualquer outro para grande parte dos brasileiros. No Piauí, a data tem um significado muito mais importante: é o Dia Estadual da Consciência Negra, instituído pela Lei nº 5.046, artigo 5º, de 7 de janeiro de 1999. A escolha da data está relacionada a uma carta escrita em 6 de setembro de 1770 por Esperança Garcia, mulher negra escravizada que, através de tal mensagem, denunciou ao governador da capitania do Piauí as constantes situações de violência e desumanização sofridas por ela, seus filhos e outras tantas pessoas na Fazenda dos Algodões. Aos 19 anos, Esperança produziu aquele que é considerado o documento mais antigo a reivindicar os direitos de uma pessoa escravizada no Brasil. A carta foi encontrada em 1979 no Arquivo Público do Piauí, pelo historiador Luiz Mott, durante suas pesquisas de mestrado. Após constantes solicitações dos movimentos negros piauienses, a data de 6 de setembro foi reconhecida como o Dia Estadual da Consciência Negra.
Em 2017, a Comissão da Verdade da Escravidão Negra, da Ordem dos Advogados do Brasil do Piauí (OAB/PI), produziu e publicou o “Dossiê Esperança Garcia: símbolo de resistência na luta pelo direito”. O documento atesta que Esperança tinha consciência de integrar uma comunidade política e que ela reconhecia os limites da escravidão, as possibilidades de reivindicação de direitos e os argumentos que lhe renderiam melhores resultados, como o batismo – morando na casa de um capitão, pedia que fosse devolvida à fazenda para viver com seu marido e batizar seus filhos. O material foi instrumento fundamental para que a OAB/PI reconhecesse Esperança como a primeira advogada piauiense. Tal importância se reforça não apenas pelo Dia Estadual da Consciência Negra no Piauí, mas porque, em 2022, uma lei instituiu, também em 6 de setembro, o Dia Estadual da Mulher Advogada.
Para resgatar essa história, o projeto A voz da Esperança, apoiado pelo programa Rumos 2019-2020, produziu a HQ A voz de Esperança Garcia, que narra a vida, a luta e a importância da carta escrita por essa personalidade brasileira, acreditando na possibilidade de mudança das narrativas e das imagens que têm sido proferidas sobre o povo negro brasileiro. A equipe responsável pela publicação é composta por Juliane Vasconcelos e Malú Pôrto (produção), João P. Luiz (roteiro) e Bernardo Aurélio (arte e edição).
Publicada pela editora Quinta Capa Quadrinhos, a obra foi lançada durante a 21ª edição do Salão do livro do Piauí (Salipi), realizado em agosto de 2023, em edição que homenageou Esperança Garcia. “Foram dez dias intensos e corridos, mais de 200 mil pessoas visitando o evento, então a gente tentou falar o máximo possível com escolas, alunos, professores, artistas, escritores, cantores, agentes políticos e visitantes”, compartilhou o roteirista João P. Luiz. “No dia 23 de agosto, aconteceu um bate-papo com os autores do quadrinho (Bernardo e eu) e com o cineasta Douglas Machado (criador do filme A carta de Esperança Garcia, documentário estrelado por Zezé Motta)”, completou o autor.
Você pode adquirir a obra na Amazon ou contatando a editora pelo perfil oficial no Instagram. A edição digital está disponível gratuitamente no site do projeto.